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Os alunos devem usar a calculadora em sala de aula?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
A calculadora está a favor da aprendizagem quando permite que as crianças reflitam sobre o sistema de numeração e enriqueçam suas estratégias de cálculo. (Foto: Manuela Novais)

A calculadora está a favor da aprendizagem quando permite que as crianças reflitam sobre o sistema de numeração e enriqueçam suas estratégias de cálculo. (Foto: Manuela Novais)

Muitos pais e educadores acreditam que a calculadora não deve estar presente na sala de aula, pois consideram que seu uso impede que os alunos realizem as operações e desenvolvam suas competências e raciocínios próprios. Essas inquietações fazem sentido se, ao propor o uso do equipamento, o professor deixar de ensinar as estratégias de cálculo. Mas, claro, não é isso que queremos!

Nas aulas de Matemática, contamos com o apoio de várias ferramentas como recursos didáticos: a régua, o compasso, o transferidor, a trena, a fita métrica etc. Então, por que não a calculadora? Nas mãos dos nossos alunos, ela pode ser considerada um recurso a favor da aprendizagem, já que permite que as crianças, com base nos problemas propostos pelos docentes, reflitam sobre as regras do sistema de numeração, ampliem seus conhecimentos e enriqueçam suas estratégias de cálculo.

Como e quando usar a calculadora?

Para que a calculadora seja de fato incluída na sala de aula, é preciso planejamento. Certa ocasião, em um processo formativo em que discutíamos o uso desta ferramenta, solicitei aos docentes a elaboração de atividades para que os alunos refletissem sobre os procedimentos de cálculo. Uma das professoras selecionou um problema proposto no livro didático: a realização da operação 45×7, tendo a calculadora como apoio. A função dos estudantes era registrar todos os cálculos possíveis de serem realizados sem que apertassem a tecla 7. O foco, portanto, não era encontrar o resultado, mas as possibilidades existentes para a resolução do exercício.

Na aplicação em sala de aula, uma das resoluções sugeridas por uma aluna foi: “Primeiro, calculei o valor de 45×7 e deu 315. Comecei a fazer tentativas e troquei o 7 por 3 + 4 . Em seguida, multipliquei o 3 por 45, encontrando 135, e depois o 4 por 45, resultando em 180. Por fim, somei os resultados e cheguei a 315”. Neste caso, a reflexão da criança se baseou na propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição: 45x(3 + 4). A calculadora foi utilizada para confirmar procedimentos e o resultado da operação serviu para ratificar suas estratégias de cálculo. A estudante conseguiu recuperar seu pensamento e registrar as operações realizadas para chegar à resposta.

Para propor esse tipo de problema com o uso da calculadora, o docente precisa criar condições para que os alunos façam antecipações e registrem seus procedimentos. Por isso, é fundamental orientar claramente os alunos e pedir que eles expliquem os caminhos encontrados. O papel do professor é confrontar as soluções obtidas, mediar as reflexões e fazer com que todos avancem nos conceitos relacionados aos números e às operações.

Antes de tudo, é necessário estabelecer algumas regras para o trabalho:

- Apresentar as funções da calculadora para a turma. Uma maneira de fazer isso é propor atividades coletivas usando o instrumento.

- Organizar um local no armário para guardar as calculadoras em uma caixa. O acesso a elas deve ficar restrito às atividades propostas pelo docente até que os alunos adquiram autonomia para usá-las.

- Realizar pesquisas sobre a variedade de atividades em que a ferramenta pode ser utilizada.

- Informar as famílias sobre o uso do recurso em sala de aula e explicar de que forma ele será utilizado, evitando mal entendidos e interpretações equivocadas.

E vocês, coordenadores, já discutiram com seus professores sobre o uso da calculadora em sala de aula? Compartilhe!

Abraços,

Eduarda