As crianças nascem num mundo repleto de escritas. São cartazes, etiquetas, rótulos, livros que são lidos para elas, nomes em caixas de jogos e por aí vai… Por isso mesmo, apropriar-se dessa linguagem, entendê-la e fazer uso dela é tão natural quanto aprender a falar ou a andar. Percebemos isso quando os pequenos, desde muito novos, começam a imitar as atitudes dos adultos: pegam lápis, fazem marcas num papel e falam que estão escrevendo. Quando eles atribuem algum sentido para os riscos, concordamos e dizemos que eles estão indo muito bem! Por que, então, os adultos estranham quando as crianças, quando ingressam na escola, continuam fazendo rabiscos e esperam que elas escrevam corretamente logo de cara?
Pois é… Esse é sempre o meu questionamento. Minha proposta é que os pequenos continuem escrevendo, mesmo que seja com rabiscos, assim como continuem a falar e a desenhar, ainda que com pouca destreza. Aos poucos, eles vão aperfeiçoando essas aprendizagens. E é claro que propor situações onde lápis e papel estão disponíveis e dar incentivo para que as crianças deixem suas marcas são ações muito bem-vindas. Nesses momentos, o professor também deve se colocar como exemplo e escrever na frente dos pequenos, ler apontando o que está lendo.
Que atividades propor para que eles escrevam?
Com as crianças bem pequenas, por volta dos 2 anos, acho bacana as situações coletivas de escrita no quadro ou cada um com seu papel, inclusive o professor. Ele pode propor, por exemplo, que todos escrevam o nome ou o que teve de lanche na semana. Certamente, vão aparecer riscos, rabiscos, tentativas de desenho e linhas em zigue-zague. O importante é validar o que a criança escreveu. Situações como essas são suficientes para essa idade.
Por volta dos 3 anos, já é possível solicitar aos pequenos que sempre escrevam o nome deles nas produções de Arte, mesmo que sejam alguns riscos ou símbolos que são tentativas de parecer letras. Geralmente, o professor sabe quem é autor de qual escrita. Outra possibilidade é propor que escrevam o nome das frutas que gostam ou os nomes de alguns colegas e façam uma lista dos animais que já viram, sem realizar qualquer intervenção a não ser pedir que leiam o que escreveram. Fazer atividades como essa é bem interessante, pois possibilita à criança continuar explorando e pensando na linguagem escrita, além de ficar estabelecido que ela pode escrever do jeito dela e que isso será respeitado. As atividades de identificação do próprio nome entre os cartões da chamada e a leitura de nomes dos colegas deve ser uma atividade constante e feita de variadas maneiras, com todos juntos em roda ou numa mesinha com três ou quatro crianças. É esse tipo de situação didática que vai permitir que a criança observe e reflita sobre a escrita.
Quando os pequenos têm 4 anos, é comum a maioria já escrever o próprio nome com autonomia. Nesse momento, as atividades de leitura de nomes se intensificam, o que possibilita um avanço nas produções escritas. As letras passam a ser utilizadas e começa a surgir a preocupação com o valor sonoro delas. Se continuarmos a respeitar a construção de compreensão desses símbolos e de quando e como são utilizados, as crianças continuarão a produzir escritas com cada vez mais propriedade.
Também será possível propor mais atividades onde a escrita faz sentido, como listar os animais que serão tema de pesquisa, as brincadeiras que eles querem que se repitam e os alimentos que mais gostam. Para dar o mote dessas atividades, o professor pode dizer que ele não seria capaz de se lembrar de todas as informações, por isso, é importante que elas escrevam tudo. Novamente, é importante que, imediatamente após a produção, as crianças leiam o que escreveram.
Nas turmas de 5 anos, as propostas são ainda mais intensificadas e é muito pertinente que as situações de escrita em duplas formadas pelo professor tenham a intenção de incentivar a troca de ideias entre as crianças. Com essa faixa etária, já colocamos em prática projetos no eixo de leitura e escrita.
Na próxima semana, vou falar sobre a exposição das escritas dos pequenos e como isso é pertinente. Até lá, compartilhe conosco quais são as oportunidades que as crianças de 2 a 5 anos têm para escrever na escola.
Um abraço, Leninha