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Relatório de avaliação não é álbum de fotos das crianças

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
O relatório de avaliação precisa descrever o percurso de aprendizagem das crianças (Foto: Gabriela Portilho)

O relatório de avaliação precisa descrever o percurso de aprendizagem das crianças (Foto: Ricardo B. Labastier)

Numa reunião entre coordenadores pedagógicos da rede, uma colega, que havia assumido recentemente a função numa creche, trouxe a seguinte questão para o grupo: “Nas escolas onde vocês trabalham, os professores também fazem portfólios de avaliação com várias fotos das crianças fazendo atividades? Na minha, isso acontece e eu estou achando muito estranho, porque os docentes estão se descabelando para conseguir as imagens. Será que é realmente preciso?”.

Uma das presentes logo relatou que na instituição onde ela trabalha o combinado era colocar fotos no portfólio, pois a imagem explicita o que acontece na sala de aula e as famílias adoram. Outra ponderou que, em anos anteriores, a equipe dela havia feito o mesmo, mas, para este ano, o grupo combinou de colocar apenas uma foto da turma em alguma situação coletiva e uma foto da criança fazendo uma atividade artística, já que desenhar, pintar ou modelar são atividades que acontecem com muita frequência, então, é mais fácil ter muitas fotos.

Diante dessas opiniões conflitantes, surgiu um debate sobre utilizar ou não fotos nos relatórios. Um argumento a favor era de que a sociedade atual utiliza muitas imagens e o documento fica mais agradável de ler quando é bem ilustrado. Nesse ponto, eu intervi e compartilhei que já vi vários portfólios com muitas fotos, mas com a descrição do percurso de aprendizagem bastante mal escrito. Com base nisso, construí a hipótese de que, embora seja muito fácil obter as fotografias dos pequenos, nessa ação existiam ao menos dois problemas.

O primeiro é o tempo que se perde em sala de aula para fotografar todo mundo nas diferentes atividades. Em vez de o professor atentar aos procedimentos e intervenções necessárias, e às falas e interações entre as crianças, ele está preocupado com o enquadramento e com a conferência de quem ainda não teve a imagem capturada realizando determinada atividade.

O segundo problema é a elaboração e a montagem dos portfólios. Novamente, a preocupação com a seleção de imagens e a inserção delas junto ao texto demanda um tempo enorme do docente. Certamente, o período gasto fazendo isso seria mais proveitoso se fosse utilizado para analisar os registros, escrever um parecer descritivo de cada criança, replanejar ou fazer muitas outras ações fundamentais para assegurar a qualidade da atuação em sala de aula.

Quanto às fotos e às filmagens feitas ao longo do semestre, sou a favor de juntar tudo num arquivo só, com não mais de dez minutos, e passar na reunião de pais. Não faça uma cópia para a família, pois, para isso, você precisaria pedir autorização de imagem para os pais de cada criança. Além disso, esse não é o papel da escola.

A discussão que suscitou esse meu comentário continuou com argumentos a favor e contra a inserção de mais ou menos fotos nos relatórios. Ao final, não chegamos a um consenso, já que cada escola tem autonomia para decidir o que fará, mas posso afirmar que conseguimos refletir bastante sobre o objetivo do portfólio de avaliação.

E na escola onde você trabalha, a equipe utiliza muitas imagens?  Os professores também despendem um bom tempo nessa empreitada?  Compartilhe conosco e vamos ampliar essa discussão!

Abraços, Leninha