Sempre atuei em escolas com férias ou recesso no mês de julho, mesmo que por apenas duas semanas. Esse período era o suficiente para organizar as salas, para todos descansarem e recomeçarem o ano letivo revigorados. Neste ano, estou desenvolvendo um trabalho numa instituição recém-inaugurada de Educação Infantil que não prevê férias para as crianças de 6 meses a 5 anos de idade no meio do ano. No entanto, por conta de acordos trabalhistas, os professores regentes, que acompanham os pequenos durante toda a jornada integral, têm o direito de parar. Apenas os auxiliares continuam.
É claro que diante dessa situação as gestoras ficaram bastante preocupadas. Elas não sabiam como organizariam uma rotina contando com um número reduzido de funcionários e quais atividades poderiam propor para se diferenciar da rotina normal de aula.
Para ajudá-las, propus que elaborássemos um planejamento diferenciado para julho, levando em consideração as respostas para as seguintes questões:
- Quantas crianças continuariam frequentando a instituição durante esse período? Sabíamos que, em várias creches, o número de crianças se reduz drasticamente nessa época, pois os pequenos ficam com os irmãos mais velhos, são enviados para a casa de algum parente ou os pais tiram férias.
- Que tipos de atividades seriam bacanas realizar, considerando os monitores, os espaços e os materiais disponíveis?
- Quais eram os saberes e as experiências dos adultos que ficarão responsáveis pelas crianças? Como o grupo de profissionais tinha se constituído ao longo dos últimos quatro meses, as gestoras ainda não tinham isso muito claro.
- Quais eram as expectativas das crianças?
Logo nos demos conta de que era fundamental envolver os auxiliares no planejamento. Mesmo com o pouco tempo de funcionamento da instituição (eram menos de seis meses), são eles que estão diariamente com as crianças, conhecem os hábitos e as preferências, as famílias e a comunidade, visto que a maioria mora no bairro.
Compartilhando a proposta com o grupo
Para conseguir falar com todos os funcionários, foi preciso agendar duas reuniões. Nelas, compartilhamos a proposta de elaborar um projeto em que eles seriam os autores da programação de atividades diferenciadas do dia a dia e da rotina normal – nossa ideia era que as crianças sentissem que se tratava de um período especial. Apenas os bebês continuariam na mesma rotina, pois, nessa faixa etária, precisamos respeitar as necessidades biológicas, como sono, alimentação e higiene.
O grupo de auxiliares se sentiu importante e logo apareceram os líderes naturais e surgiram várias ideias. Algumas delas foram entrar em contato com organizações que possam fazer parceria para oferecer alguma atividade diferenciada para os pequenos com mais de 3 anos; convidar voluntários para fazer oficinas de contação de história, artesanato e culinária com as crianças de 4 e 5 anos; organizar agrupamentos diferentes do rotineiro, misturando idades e criando equipes com um nome escolhido por eles; e fazer uma pesquisa para saber que tipo de brincadeiras, jogos ou vivências os pequenos gostariam de realizar nesse período.
As tarefas foram divididas e o trabalho começou! O grupo voltará a se reunir nesta semana para socializar os encaminhamentos e finalizar o projeto Férias de Inverno, como foi batizado.
Dessa experiência, posso tirar que, quando várias pessoas se reúnem para construir um projeto coletivo, ele é muito mais elaborado e bem acabado.
E aí na instituição em que você trabalha, as crianças frequentam a escola no mês de julho? Quais são as atividades propostas?
Abraços, Leninha