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Como conciliar as tarefas burocráticas com as ações formativas

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Algumas tarefas administrativas podem fazer parte da rotina, contanto que sejam planejadas e não atrapalhem os momentos formativos. (Foto: Shutterstock)

Algumas tarefas administrativas podem fazer parte da rotina, contanto que sejam planejadas e não atrapalhem os momentos formativos. (Foto: Shutterstock)

Na escola em que trabalho, compartilho a função de coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental com outra colega, que atua com os docentes do 6º ao 9º ano. Como dividimos a mesma sala, costumamos conversar sobre o dia a dia e trocamos ideias e experiências.

Certo dia, enquanto discutíamos sobre as atividades do coordenador, nossas reflexões trouxeram à tona algumas questões: qual era o nosso papel na escola? O que a equipe pensava sobre o nosso trabalho? O que estávamos deixando de fazer para resolver questões burocráticas?

Decidimos, então, voltar o olhar para a nossa própria sala e refletir sobre o que esse espaço revelava sobre o nosso trabalho. Com essa análise, identificamos que se tratava de um local de atendimento aos docentes, pais e alunos, assim como um ambiente voltado para atividades como impressão de cartazes e depósito de materiais, livros didáticos e tudo que não tivesse para onde ir. Nos momentos em que não estávamos resolvendo problemas, a sala também servia como um espaço de estudo e planejamento.

Fizemos um levantamento das nossas tarefas burocráticas e percebemos que realizávamos muitas atividades que não estão relacionadas com a parte pedagógica, como o acompanhamento dos diários escolares, a organização dos horários de aulas, datas e demandas do bimestre, o cronograma de atendimento na biblioteca e na sala de vídeo, a impressão de materiais, as substituições de docentes e as atividades extracurriculares. Ou seja, estávamos agindo mais como supervisoras do que como articuladoras do processo educacional. Com isso, fugíamos da nossa função mais importante: cuidar da formação do professor. Vale destacar que algumas dessas tarefas podem fazer parte da rotina, contanto que sejam planejadas e não atrapalhem os momentos formativos.

Após essas observações, chegamos à conclusão de que precisávamos nos centrar no acompanhamento da prática em sala de aula para identificar as necessidades dos professores. Também estabelecemos algumas ações importantes que amenizaram o excesso de tarefas: a organização de uma rotina de trabalho socializada com toda a equipe; a definição de calendários semanais com atividades e a identificação de processos administrativos que não deveriam ser feitos por nós.

Reconhecer a importância da formação não é uma obrigação apenas da coordenação, mas também da gestão e da equipe docente. Quando o gestor tem uma visão equivocada sobre o papel do coordenador pedagógico, a divisão de tarefas fica ainda mais desconectada das necessidades dos professores. Para que o trabalho pedagógico tenha qualidade, a equipe gestora precisa estabelecer uma parceria para conciliar as funções administrativas com as pedagógicas, dando prioridade para a melhoria do ensino e da aprendizagem na sala de aula. A parceria também deve ser estabelecida com os docentes, transformando a escola em um espaço de conhecimento por meio da formação permanente. Quando esse passa ser o foco do coordenador, as atividades burocráticas vão aos poucos perdendo espaço.

Para que isso fique bem claro, os cursos para o coordenador precisam levar em conta a reflexão sobre o seu papel na escola, garantindo que ele aprenda a organizar a rotina sem prejudicar as reuniões de formação. Algumas secretarias de Educação oferecem orientações desse tipo, em que um supervisor mais experiente compartilha sua experiência com aqueles que têm mais dificuldade.

E vocês, como conciliam as tarefas administrativas com as formações?

Abraços,

Eduarda