Estudamos e pesquisamos bastante sobre como as crianças aprendem, quais atividades são mais adequadas para mobilizar os saberes delas e quais devem ser as intervenções dos professores em determinadas situações. Será que, no caso dos adultos, os processos de ensino e de aprendizagem são semelhantes? Qual será a melhor maneira de tematizar e discutir um conteúdo com os docentes para que a prática deles seja mais acertada e eficiente?
Com base nessas perguntas, penso um projeto de formação de professores em três níveis:
- Como envolver os profissionais numa reflexão que explicite a necessidade de estudar um conteúdo;
- Quais atividades serão mais adequadas para focar ou tomar a prática como objeto de estudo;
- Como o conhecimento gerado será sistematizado.
No primeiro nível, minha preocupação é que fique muito claro o quê e o porquê iremos discutir determinado conteúdo. Vou dar um exemplo para ficar mais fácil. Numa das formações, escolhi trabalhar o reconto. Tomei essa decisão após receber algumas solicitações de professores para falar sobre isso, observar algumas salas de aula e ler os relatórios de avaliação do primeiro semestre. Percebi, então, que estavam acontecendo poucas situações em que as crianças faziam o reconto, além de, algumas vezes, os textos literários escolhidos para essa atividade não serem os mais adequados. Foi justamente com essas constatações que comecei o primeiro encontro. Minha primeira proposta foi que cada profissional fizesse um pequeno texto reflexivo sobre como estava o trabalho com reconto na turma dele, analisasse os registros e explicitasse os resultados, as dificuldades e as conquistas.
O próximo passo foi aprofundar o conhecimento sobre o conteúdo. Algumas perguntas que eu gostaria de responder com o grupo ao longo de alguns encontros (previamente estipulados) eram: por que é fundamental que o reconto aconteça em todas as salas e o que se espera que as crianças aprendam. A estratégia formativa que adotei foi, considerando a reflexão feita anteriormente, destacar leituras de referências e analisar o planejamento e a execução de ações em sala. Para isso, planejamos juntos uma atividade de reconto e combinamos que todos os professores a fariam em determinado período e a filmariam. Deixei livre para que cada pessoa analisasse o vídeo sozinha, comigo ou tematizando com o grupo. Essa etapa do projeto é a mais longa, mas também a essência da formação, pois visa aperfeiçoar a prática dos participantes. É importante que todos saibam que serão respeitados e que toda e qualquer dúvida ou equívoco serão vistos como oportunidade de melhoria. E quem garante esse acolhimento é o coordenador pedagógico.
Por fim, o último encontro foi destinado à sistematização e registro de tudo o que havíamos discutido e a formulação de quais seriam os encaminhamentos que tiraríamos daí. Geralmente, proponho a elaboração de um documento com orientações didáticas, que é datado, copiado e distribuído para cada um dos professores. Essas orientações podem estar relacionadas ao planejamento, à seleção de materiais, à sugestão de atividades, às intervenções, ao que é necessário observar e registrar sobre a aprendizagem das crianças, entre outros aspectos que possam ajudar o docente a qualificar o fazer pedagógico.
Como o contexto da escola e das turmas podem mudar com o tempo, deixei claro que poderíamos voltar ao mesmo conteúdo no futuro para aperfeiçoá-lo novamente.
E você, como planeja o projeto de formação dos professores?
Abraços, Leninha