Desenhar, pintar e modelar são atividades sempre presentes nas salas de Educação Infantil. Acertadamente, os professores propõem diariamente atividades com variados lápis, gizes de cera, canetinhas e massas de modelar nos diferentes momentos da rotina ou em planejamentos específicos de Arte. Porém, percebo poucas atividades com outras modalidades das Artes Visuais, como colagem, escultura e construção.
Na arte contemporânea, todas essas modalidades, além das tecnologias digitais como fotografias e vídeos, estão cada vez mais integradas e não há uma divisão rígida entre elas, como podemos observar nas instalações em museus ou outros espaços. No entanto, na escola, as crianças têm o direito de explorar e experimentar cada uma delas para, então, utilizá-las intencionalmente nas próprias produções.
Com o intuito de que tais modalidades passassem a fazer parte da rotina das turmas, planejei algumas oficinas para os próprios professores colocarem a mão na massa e se inspirarem antes de elaborar os planejamentos. Propus atividades individuais e em grupo, utilizando materiais convencionais e alternativos. Foram encontros bem prazerosos e, ao final de cada um, elencamos o que poderia ser feito em sala de aula.
Abaixo, transcrevo para vocês a sistematização de possibilidades que fizemos.
Na colagem, as crianças podem experimentar e aprender a utilizar intencionalmente:
- O recorte de diferentes tipos de papéis, plásticos e tecidos com as mãos e com a tesoura;
- As produções justapostas, sobrepostas ou combinadas com materiais tridimensionais;
- Variados tipos de colas, fita crepe e durex;
- Composições com materiais como areia, palitos, revistas, jornais, forminhas de doce, embalagens de bala e chocolates, bandejas de ovos, entre outros.
Os artistas referenciais nessa modalidade são Beatriz Milhazes, Leda Catunda, Henri Matisse e Kurt Schwitters.
Na escultura e na construção, as crianças podem experimentar e aprender a utilizar intencionalmente:
- Os procedimentos de modelagem e colagem na produção de obras tridimensionais;
- Os métodos de encaixe, empilhamento e fixação de diferentes materiais;
- As caixas (ou apenas a tampa) de papelão de diferentes formatos e tamanhos, arames flexíveis, rolinhos de papel higiênico e de papel alumínio, retalhos de madeira em diferentes formatos, embalagens de leite, de pizza, de ovos, de maçã, elementos da natureza encontrados no chão (gravetos e folhas), entre outros. Todos esses materiais podem ser utilizados com muita facilidade e imaginação pelos pequenos..
Os artistas de referência dessas duas modalidades são Frans Krajcberg, Amélia Toledo, Lygia Clark, Alexander Calder e Andy Goldsworthy.
Em cada uma das modalidades, buscamos os artistas que produzem obras cuja apreciação pode ampliar o repertório imagético, a compreensão ou as possibilidades de fazer artístico. Um site bem interessante é a Enciclopédia do Itaú Cultural (clique aqui para acessar). Você também pode encontrar facilmente imagens das obras na internet. Mas se tiver a possibilidade de visitar galerias ou exposições com as crianças, com certeza o trabalho ficará mais interessante. Também vale a pena procurar pelos artistas locais, já que a Arte está presente em todas as comunidades e culturas.
A formação no eixo de Arte com base em oficinas é muito interessante e o resultado na sala de aula aparece rapidamente, pois quando o professor sente prazer ao se expressar artisticamente, ele quer proporcionar a mesma experiência para os pequenos. Em poucos dias, as professoras começaram a coletar alguns materiais, pedir outros para as crianças e os familiares, e disputar os suportes de maçãs que chegavam para a merenda! Nos planejamentos, surgiram propostas bem interessantes e, o mais importante, todas as turmas passaram a desenvolver atividades com as diferentes modalidades.
E na escola em que você trabalha, a criançada tem experimentado diferentes propostas em Artes Visuais?
Um abraço, Leninha