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Qual a função da lição de casa?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
As tarefas de casa não foram criadas para preencher o tempo do aluno fora da escola, elas são parte do processo educacional. (Foto: Shutterstock)

As tarefas de casa não foram criadas para preencher o tempo do aluno fora da escola, elas são parte do processo educacional. (Foto: Shutterstock)

Ao iniciar o ano letivo, a animação é geral: turma nova, novidades para contar, pais, professores e alunos descansados. Porém, esse entusiasmo dura pouco. Logo, a lição de casa começa a ser motivo de conflitos. A cena é comum. De um lado, pais se queixando de que os filhos trazem lições demais para casa, de que não dispõem de tempo para ajudá-los. De outro, a criança que, às vezes, não se lembra de fazer as tarefas ou não consegue desempenhá-las sem a supervisão de um adulto.

O dever de casa faz parte da rotina escolar há muito tempo, mas tem sido muito pouco objeto de reflexão como conteúdo de formação de professores. Já ouvi de colegas coordenadores alguns comentários como “Para que lição de casa? Pais e alunos não gostam.”, “Se eu fosse professor, não daria, pois além do trabalho para corrigir, perde-se tempo”. O que está por trás dessas falas? Qual é o papel do coordenador quando se trata desse assunto? Quanto tempo o aluno deve dedicar-se para fazê-la em casa? Os pais devem ajudar seus filhos nas tarefas? Os alunos fazem com autonomia ou apresentam dificuldades? Qual a quantidade ideal de lição de casa na rotina dos estudantes? É importante ou não mantê-las?

Uma das formas de evitar o clima de tensão que a atividade ocasiona é o estabelecimento de um bom relacionamento entre os pais e a escola. Esses precisam perceber que há diferentes objetivos nas atividades propostas como lição de casa. Para isso, os professores, ao elaborá-las, devem saber primeiramente de que maneira pretendem avaliar o aluno. Existem diferentes propostas de lição de casa:

- as utilizadas para sistematizar um conteúdo, de forma que o aluno tenha um tempo maior para trabalhar assuntos estudados em sala de aula, percebendo dúvidas e dificuldades relacionadas;
- as preparatórias, que servem como base para uma aula ou novo conteúdo. Neste caso, o docente pode solicitar uma leitura com levantamento de hipóteses, uma pesquisa, uma entrevista, um desenho e outras atividades;
- e as complementares, dadas para aprofundar conhecimentos adquiridos em sala. Essas podem se apoiar em exercícios objetivos ou reflexivos, produções de texto, pesquisas, resumos, fichamentos, confecção de cartazes, maquetes etc.

Qual é o desafio, então?

Para os responsáveis, é importante colocar em reflexão quais fatores favorecem a realização das tarefas e como criar uma rotina de estudos. Além de incentivar o filho a realizá-la, os pais percebem em que conteúdos eles apresentam dificuldades. Acompanhar a lição de casa também é uma maneira de saber o que vem sendo ensinado na escola.

No caso dos professores, é necessário considerar os objetivos que estão por trás da lição, avaliar a quantidade e a qualidade do que está sendo pedido, além de verificar, a partir da correção, quais são as principais dificuldades individuais e coletivas.

Já os alunos precisam conseguir atribuir sentidos à lição de casa e desenvolver autonomia para realizá-la.

É importante que a escola compreenda que a lição de casa é uma responsabilidade dela. Cabe ao coordenador refletir sobre este conteúdo com o professor para que este possa orientar seus alunos sobre a melhor maneira de estudar no período fora da instituição atingindo os reais objetivos propostos. As atividades devem ser desafiadoras, ao mesmo tempo que compreensíveis aos alunos e com conteúdos pedagógicos apropriados para o resultado desejado. Afinal, precisamos ter a consciência de que elas não foram criadas para preencher o tempo do aluno em casa, mas tem um objetivo real e importante para o desenvolvimento do aluno no processo educacional.

E vocês coordenadores, já problematizaram este tema em sua escola? Compartilhe sua experiência!

Abraços,
Eduarda.