Reunir-se com colegas para planejar formações, refletir sobre encaminhamentos, compartilhar dúvidas e desafios é muito bom. Infelizmente, muitos coordenadores pedagógicos não contam com essa parceria, ou porque não fazem parte de uma rede – caso de muitas escolas particulares – ou porque, pior ainda, são de uma rede pública que não propicia reuniões para tematização das formações que estão ocorrendo no dia a dia das instituições de ensino. Isso é uma pena, uma vez que formar os professores é o principal papel do coordenador e pode impactar, de fato, o processo de ensino e de aprendizagem.
Considero esses encontros tão importantes que foi num deles que eu e outros colegas tivemos a oportunidade de discutir sobre um mesmo problema que estava ocorrendo em duas escolas: professores que não utilizam jogos de Matemática na sala de aula por concepção pessoal, de vida ou religiosa.
Embora os jogos estivessem presentes nos planejamentos do eixo de Matemática e fizessem parte do acervo de sala, muitos docentes eram radicalmente contra o uso deles. Inicialmente, alguns coordenadores acharam muito estranho esse posicionamento, mas eu logo lembrei que convivo com uma pessoa que também não suporta jogos de mesa, como baralho e dados, por conta do histórico de jogador compulsivo do pai dela. Essa pessoa tem um grande trauma em relação a isso, a ponto de não participar, nem deixar os filhos participarem, de brincadeiras que envolvam essas atividades.
Mas a questão era se, profissionalmente, era pertinente deixar que as concepções e experiências pessoais interferissem na prática docente. Muitas pesquisas didáticas evidenciam o papel dos jogos na aprendizagem dos conteúdos de Matemática. Por isso, não é possível privar as crianças dessas situações.
Como lidar com a situação
Discutindo com todo o grupo de coordenadores, chegamos à conclusão de que só conversar com tais professores não os levaria a mudar as práticas e expô-los a todo grupo era impensável. Também levantamos a possibilidade de outro docente introduzir os jogos nessas turmas, mas essa ideia foi logo descartada, visto que trabalhar com esses materiais requer constância, observação e acompanhamento dos procedimentos e saberes de cada criança; e isso é tarefa do professor da sala.
Conversamos e refletimos bastante e a proposta que nos pareceu mais adequada seria investir mais em formação nessas duas escolas, oferecendo mais encontros. As tematizações de situações de sala de aula aliadas às leituras de embasamento teórico permitiriam analisar didaticamente o que se aprende com cada jogo. A expectativa é que depois de tantas reflexões, dados e argumentos bem estruturados os professores comecem a rever a postura. Caso isso não aconteça, o próximo passo seria uma conversa individual, na qual o foco é a postura profissional que a escola espera de cada professor.
Acredito que juntos sempre somos melhores e a reflexão, a partir de variados pontos de vista, sempre é potencializada, não é mesmo? Se todos os coordenadores fizeram parte de um coletivo com objetivos comuns, a Educação só ganhará!
O que você faria em um caso como esse? A conversa com outros coordenadores ajudaria a pensar nos encaminhamentos?
Um abraço, Leninha