O ano letivo está quase na reta final. Neste período tenho sempre a sensação de ter muitas atividades a realizar e que o tempo será muito curto. Dos professores, chegam queixas em relação a alunos que precisam estudar para melhorar as notas. Surgem questionamentos como: Vai dar tempo de finalizar os conteúdos programados e de trabalhar as dificuldades dos estudantes? Como obter a participação das famílias? Muitos cobram a realização do conselho de classe. Neste caso, qual é o papel ou as ações do coordenador?
O conselho de classe é um dos vários mecanismos que possibilitam uma gestão democrática. É uma reunião avaliativa em que diretor, coordenador pedagógico e professores debatem coletivamente o processo de ensino e aprendizagem, discutindo as dificuldades dos alunos, as práticas dos docentes e as políticas da escola. É, portanto, um espaço democrático de construção de alternativas para o desenvolvimento da instituição e das estratégias para o atendimento aos que nela estudam.
O ideal é que o conselho aconteça com frequência durante todo o ano. Caso contrário, ele fica apenas para o último bimestre, atendo-se somente a questões de notas e comportamentos, sem avaliar a prática educativa da escola. Atualmente, porém, ao invés de discutir o aluno de modo integral, ainda se vê o conselho transformado num espaço de julgamento da vida acadêmica de crianças e adolescentes, um lugar em que apenas os pontos negativos são acentuados e no qual a avaliação excludente domina, um ambiente de ascendência às criticas improdutivas do sistema escolar. Assim, ele se torna um mecanismo de eliminação e punição.
Em uma escola em que a gestão democrática é realidade, o conselho de classe é utilizado para diagnosticar as dificuldades e refletir sobre quais as mudanças necessárias para se conseguir avanços. Aproveita-se a vantagem dele ser feito mediante diversos pontos de vista para apontar soluções. Por isso ele deve ser planejado e incluído no cronograma como uma reunião periódica. Os critérios de análise e os itens de avaliação precisam ser estudados e construídos coletivamente. Devem incluir, porém, avaliações da aprendizagem dos alunos, do desempenho dos docentes, dos resultados das estratégias de ensino empregadas, da adequação da organização curricular e de outros aspectos referentes a esse processo.
Para abastecer esse momento, é necessário um olhar cotidiano e detalhado sobre cada indivíduo. As produções e os debates ocorridos durante os momentos de formação entre gestores e professores também fornecem um rico material para essa reflexão.
Acredito que um conselho de classe bem fundamentado se torna um grande instrumento para o crescimento qualitativo da escola, na medida em que permite a participação direta e crítica de todos os envolvidos no processo pedagógico. Estar aberto para avaliar e ser avaliado nos permite melhorar e aperfeiçoar nossas práticas, seja você docente ou gestor. É uma maneira também para descentralizar as tomadas de decisões e construir uma responsabilização coletiva.
E na escola, há conselhos de classe? Como eles funcionam?
Abraços e até semana que vem!
Eduarda