Realizar um trabalho mais focado no eixo de Oralidade é essencial para ensinar as crianças a falar bem e com adequação à situação social na qual estão inseridas. Não à toa, a coordenadora pedagógica Ana Rita, que conhecemos no texto da semana passada (leia o início da história aqui) e que me procurou preocupada com a falta de planejamentos específicos nesse eixo nas turmas de 4 e 5 anos, pediu minha ajuda para rever a prática da escola em que ela trabalhava.
A primeira decisão que tomamos foi realizar um projeto de formação com os professores (clique aqui para ver as expectativas de aprendizagem do docente). O objetivo inicial era que eles tomassem consciência sobre o papel, a mediação e as intervenções mais adequadas em situações de comunicação oral com os pequenos, como no momento da chegada, no diversificado, merenda, parque ou roda de conversa e posteriormente refletir sobre as situações didáticas no momento do coletivo e para tanto elaborassem um projeto nesse eixo.
Foi discutido com eles como é fundamental criar uma relação com as crianças que permita com que elas se expressem com liberdade – inclusive aquelas que, por timidez, quase não falam – e saber acolher todas as falas. Somente quando os pequenos podem utilizar a linguagem da maneira que sabem e são respeitados e ouvidos é que se torna possível observar as necessidades de aprendizagem de cada um no eixo de Oralidade.
Depois da discussão, os professores chegaram à conclusão de que é preciso estar atento ao discurso narrativo de cada criança e que uma maneira eficaz para encorajar aquela que fala muito pouco ou com bastante dificuldade é estimulá-la com movimentos afirmativos de cabeça. Outro ponto a se prestar atenção é que, se a criança fala uma palavra errada ou se equivoca numa concordância, não chamamos a atenção e não corrigimos a fala dela, pois, além de expô-la, podemos tirar a confiança de prosseguir se colocando. Nesses casos, o papel do professor é escutar e, num momento oportuno, utilizar a palavra ou a frase de maneira correta para que sirva de modelo. Exemplificando, se uma criança comenta com o professor “eu quéio tê um cassorro gandão”, ele pode responder naturalmente “Você gosta de cachorro Luan? Sabe, eu também gosto de cachorros grandes, me fale mais sobre os cachorros que você gosta.”
A roda de conversa também foi bastante estudada. Propusemos tematizações da prática com o propósito de aprofundar ainda mais a discussão. Depois de ler alguns textos e refletir sobre os melhores encaminhamentos, os professores elaboraram um planejamento, que seria posto em ação em todas as turmas e filmado para análise. Depois de muitas reflexões a partir da análise de algumas filmagens o grupo escreveu algumas orientações didáticas específicas para o momento de roda de conversa (veja aqui).
Os últimos encontros de formação estão sendo utilizados para planejar os projetos do eixo. O das turmas de 4 anos, por exemplo, será aprender e memorizar poemas e, posteriormente, gravá-los em dupla ou grupos. O CD será levado para casa e doado a asilos. Já as professoras das classes de 5 anos estão preparando um seminário para que as crianças contem o que aprenderam no projeto de Natureza e Sociedade para os colegas de escola e para familiares. Durante o trabalho, os pequenos pesquisaram sobre os animais da savana e aprenderão muito mais preparando uma apresentação oral.
O importante é que a formação de fato impactou a prática da sala de aula e as crianças certamente vão falar muito melhor! Você concorda?
Um abraço, Leninha