Escolher um projeto para trabalhar em sala de aula sempre é uma expectativa para os professores. Para as crianças, é um alvoroço, uma animação. Elas ficam curiosas e querem dar sugestões.
Na classe do 2º ano da escola em que atuo estamos desenvolvendo, neste segundo semestre, o Projeto Pequena Enciclopédia Animais do Pantanal. Após várias análises das aprendizagens adquiridas pelas crianças em trabalhos anteriores e muitas discussões sobre o que queríamos que elas aprendessem, chegou-se à conclusão de que nosso objetivo era obter resultados significativos em relação à leitura, escrita e comunicação oral. Mas era preciso ter muita clareza sobre quais conteúdos e procedimentos específicos deveriam ser utilizados para conseguir isso. Como avançar nas aprendizagens de leitura e escrita? Como favorecer um trabalho real de pesquisa na sala de aula? Como integrar as atividades de artes de maneira contextualizada?
São muitas as perguntas a ser respondidas antes do desenvolvimento. Isso porque, ao escolher um projeto, devemos pensar sobre o objeto de ensino em questão, as aprendizagens que se quer alcançar, o produto final, para quem se destina e quais serão os interlocutores. Dessa maneira, deve-se considerar que o tema necessita ser de interesse dos alunos e do professor, além de conhecido pelas crianças, pois muitas conclusões são feitas com base nos conhecimentos prévios que elas possuem sobre o assunto. Outro aspecto importante a ser considerado é a existência de muitas fontes de pesquisa disponíveis para as crianças (especialmente as informações escritas).
A professora decidiu, então, que trabalharia com gênero informativo, desenvolvendo um projeto com textos de enciclopédia. Depois de muita conversa, o tema escolhido foi animais. A docente optou pelo estudo mais detalhado de cinco animais do Pantanal: anta, onça pintada, jacaré, tuiuiú e o tamanduá-bandeira. A decisão foi baseada em uma reportagem sobre uma onça pintada que havia chamado a atenção das crianças. Então a professora os convidou a conhecer outras espécies do mesmo habitat. O produto final foi a confecção de cartões-postais, que serão enviados a destinatários reais: crianças de outras escolas, com as quais nos corresponderíamos durante o projeto.
Com base nessas decisões, a docente selecionou e pesquisou uma boa quantidade de materiais sobre o assunto. O desenvolvimento desse projeto ocupou boa parte das primeiras supervisões individuais que fiz com ela neste semestre. Nós também aprendemos muito, tanto sobre o trabalho com língua e artes quanto sobre o tema.
Considero essa etapa de fundamental importância, pois, com base no aprofundamento que o professor faz do tema, é possível desenvolver com ele o domínio pessoal de métodos de pesquisas (levantamentos de hipóteses, coleta e análise de dados e uso de documentos) e de procedimentos de leitura dos vários tipos de fontes existentes (escritas e audiovisuais).
Estamos em fase de finalização das atividades. Na próxima semana, compartilho com vocês as reflexões que fizemos sobre os sentidos da realização desta modalidade em sala de aula e os desdobramentos dessa escolha metodológica na ação educativa.
E na sua escola, como são desenvolvidos os projetos didáticos?
Eduarda