Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

O que podemos aprender ao desenvolver projetos didáticos?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

Adequar o foco do trabalho às necessidades e curiosidades da turma é um dos grandes aprendizados que se pode ter em projetos didáticos. Foto: Manuela Novais

No post da semana passada, compartilhei com vocês o percurso de criação e execução do projeto Pequena Enciclopédia Animais do Pantanal, realizado neste semestre com crianças do 2º ano, na escola em que atuo.

Projetos didáticos como esse reúnem uma série de condições favoráveis à construção de conhecimento com sentido e profundidade. E mais do que isso: eles proporcionam ao docente excelentes oportunidades de aprendizado e aprofundamento sobre a prática. Por isso, durante todo o desenvolvimento do trabalho, a professora e eu refletimos sobre os sentidos da realização desta modalidade em sala de aula e seus desdobramentos na ação educativa.

Com base nessa reflexão, identificamos quatro pontos importantes, que merecem ser destacados quando se fala em projeto didático:

  1. O primeiro ponto é a escolha do tema. A quem cabe a decisão: ao professor ou às crianças? Os pequenos são ávidos por conhecimento, e o adulto pode potencializar esse interesse oferecendo boas perguntas e bons cenários de pesquisa. O docente pode conduzir suas ações com base na sua própria intencionalidade, mas também precisa considerar a curiosidade dos alunos. Um projeto didático visa dar sentido às aprendizagens, e esse propósito deve nortear o trabalho desde o início. É necessário que o professor relacione o que escuta das crianças com os objetivos de aprendizagem.
  2. O nosso papel na condução de um projeto é o de mediador. O professor é um provocador de novos sentidos e curiosidades. A intervenção acontece quando as crianças pedem e quando o docente vê a necessidade de acrescentar novas perguntas ou informações. Nossa função como educadores é apoiar constantemente a ampliação dos saberes que circulam no grupo. A cada momento, as atitudes têm que favorecer os anseios da turma, as intenções da pesquisa, a possibilidade de intercâmbio de opiniões, a negociação conjunta durante os momentos de socialização e a oportunidade de sistematizar os conhecimentos construídos pelo grupo de maneira que possam ser retomados e discutidos ao longo do processo.
  3. Outro aspecto importante é o foco do projeto didático. Inicialmente, considerávamos que o trabalho sobre o Pantanal iria privilegiar a leitura e a escrita. Porém, vimos que a investigação científica poderia ocupar um espaço maior, favorecendo também os conteúdos de Ciências. Assim, pudemos desenvolver atividades relacionadas à leitura e à escrita (como leitura feita pelo professor, procedimentos de estudo de um texto, seleção de elementos que dialogam com a curiosidade das crianças e registro pelo docente de textos orais elaborados pelo grupo) e incluir no processo procedimentos que abordam os conteúdos de Ciências (como observação de fatos e fenômenos, formulação de hipóteses, demonstrações e experimentos, reflexão sobre as leituras de diferentes fontes, registros, além de discussões e conclusões feitas de forma coletiva e individual).
  4. Por último, vale destacar o tratamento que o professor deve dar à curiosidade das crianças, ao desejo de ver, conhecer, experimentar, pesquisar e aprender coisas novas. Ficou muito claro para nós que os projetos podem colaborar muito nesse sentido. Basta selecionar o que é essencial para determinado processo de pesquisa e pensar em perguntas que propiciem, de fato, a reflexão. Colocar as crianças como protagonistas da aprendizagem significa interagir com as suas narrativas e expressões, interpretá-las e relacioná-las com a intencionalidade do projeto.

Esse é apenas um resumo de tudo o que a professora e eu aprendemos durante esse processo formativo e que vamos incorporar, daqui para frente, à nossa prática, Trabalhar com projetos didáticos torna o professor um pesquisador do pensamento das crianças, dos conhecimentos pertencentes à cultura e da sua própria prática. O nosso desafio é criar condições para que os alunos ampliem suas experiências e não fiquem dando voltas em torno do que já sabem. Isso demanda uma grande flexibilidade nas intervenções, pois não é possível prever cada atitude que as crianças vão ter.

O desafio de trabalhar em projetos exige muito empenho, mas as possibilidade são inúmeras e não resta dúvidas: os resultados alcançados valem muito a pena.

E vocês, coordenadores e professores, registram reflexões e aprendizagens alcançadas?

Abraços e até semana que vem!

Eduarda.