Falar de maneira adequada à situação de comunicação e escrever corretamente é importantíssimo em qualquer profissão. Mas vocês vão concordar que, quando se trata de professores, coordenadores e diretores, isso se torna imprescindível, não é?
Quantas vezes já ouvi queixas de colegas, familiares ou amigos a respeito de palavras ditas ou escritas por educadores e que fugiam do padrão normativo da língua. A língua portuguesa é complexa, sem dúvida, entretanto, é inadmissível um profissional que se responsabiliza pela formação de crianças falar e escrever sem correção em contexto de trabalho.
Nesta época do ano letivo, na qual os relatórios de avaliação estão sendo escritos e revisados, alguns documentos estão sendo sistematizados e a pauta da reunião de pais está sendo preparada, é interessante focar a questão do uso da língua e pensar em ações pontuais, em conjunto com o diretor.
Minha sugestão de encaminhamento é fazer uma lista com palavras ou construções fora do padrão que você notou na conversa diária, nos relatórios e em outros documentos da escola escritos pela equipe. Com a listagem em mãos, reserve 30 minutos de um encontro de formação para abordar esse tema.
Inicie a conversa explicitando a preocupação e o cuidado que precisamos ter ao falar e escrever. Peça para que os profissionais falem palavras que já ouviram ou viram escritas de maneira incorreta e as liste na lousa, escrevendo de acordo com as normas da ortografia. Certamente, vão surgir inúmeros exemplos. Inclua os que você anotou caso eles não sejam citados.
A ideia, depois dessa atividade, é bem simples: ao elaborar a lista, justifique como se fala ou se escreve cada palavra e expressão e deixe tudo anotado na lousa ou num cartaz por alguns dias. A listagem será um lembrete para aqueles que têm dúvidas nos pontos destacados.
Essa abordagem funciona bem, pois todos participam e procuram ficar mais atentos. Além disso, ela não expõe ninguém.
Abaixo, compartilho com vocês uma lista com algumas dúvidas comuns elaborada por um conjunto de professores e a equipe técnica de uma escola:
- “Para eu fazer” – neste caso, no lugar do pronome pessoa oblíquo “mim”, usamos o pronome pessoal reto “eu”, que assume o papel de sujeito da oração. O “mim” deve ser utilizado na função de objeto, como em “Este relatório é para mim”.
- A palavra “há” é utilizada para indicar tempo decorrido, enquanto “a” indica tempo futuro. Exemplos: “Há muitos anos atuo como coordenadora” e “Começaremos a reunião daqui a 5 minutos”.
- Quando eu corro muito, eu suo (do verbo suar), mas, quando o sinal toca, ele soa (do verbo soar).
- O certo é “meio-dia e meia”, pois “meia” concorda com hora.
- “Ao encontro de” significa estar de acordo com algo, enquanto “De encontro a” tem o sentido de oposição.
- Por que, porque, por quê e porquê. Todos esses porquês dão um nó na nossa cabeça, não é? Resumidamente, “por que” é utilizado em frases interrogativas ou com o significado de “por qual razão/motivo”. Também com esses sentidos, mas logo antes de um ponto final, de exclamação ou de interrogação, o “por quê” deve ser acentuado. O “porque” é uma conjunção que expressa uma causa ou uma explicação, algo semelhante a “pois” ou “para que”. Por fim, o “porquê” atua como um substantivo na frase e é acompanhado por um artigo, um numero, um adjetivo ou um pronome.
Outro aspecto fundamental na elaboração de relatórios, de documentos ou mesmo de comunicados que vão para o mural ou para as famílias é o cuidado com a clareza e coerência do texto. Colocar-se no lugar do interlocutor ajuda bastante, assim como pedir para um colega ler e verificar se o texto está claro e objetivo o suficiente. Pode ser mais trabalhoso, mas certamente assegura um texto mais bem escrito, não é mesmo?
É claro que os exemplos não se esgotam aqui. Que tal você colaborar a ampliar a lista?
Um abraço, Leninha