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Fraldas e chupetas: uma questão da escola e da família

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Menina sorri usando chupeta (Foto: Shutterstock/Aude proyect)

O docente deve ajudar as famílias a pensar sobre a importância da criança conquistar gradualmente sua autonomia (Foto: Shutterstock/Aude proyect)

Quando os pequenos de 2 e 3 anos começam a frequentar a escola pela primeira vez, a família se surpreende como eles, rapidamente, passam a falar com mais propriedade, a conhecer muitas brincadeiras e músicas e aprendem alguns comportamentos. No entanto, mesmo depois de algum tempo participando de momentos de aprendizado no coletivo, é um desafio fazer com que algumas crianças se apropriem de alguns hábitos, como usar o banheiro ou deixar a chupeta (ou outros objetos de transição, como paninho e fraldinha) de lado. Nesses casos, se não houver parceria com os familiares, fica muito difícil de avançar.

Trabalhando com turmas da Educação Infantil, percebi que os motivos que levam os pais ou responsáveis a perpetuar o uso de fraldas e chupetas são muitos. Um deles é acreditar que o pequeno ainda é um bebê para ter tanta autonomia. Outro é que, depois de algumas tentativas de tirar um objeto de transição, a criança chora tanto que os pais resolvem devolvê-lo.

Quando eu atuava como coordenadora pedagógica e percebia que eram esses os motivos, agendava uma reunião no final do bimestre para fazer uma dinâmica com os responsáveis. A atividade consistia no seguinte: o professor solicitava aos pais que elencassem o que seus filhos já conseguiam fazer sozinhos e o que precisavam de ajuda e, no quadro, anotava as respostas em colunas separadas. Tanto em uma quanto em outra, apareciam ações como comer, ir ao banheiro, tirar e colocar a roupa, calçar sapatos e beber água. O papel do docente era, então, ajudar o grupo a refletir sobre o porquê de os itens aparecerem nas duas colunas e, com tranquilidade e muito respeito, conduzir os presentes a pensar sobre a importância da criança conquistar gradualmente sua autonomia.

Acredito muito em momentos como esse, nos quais se pondera sobre algumas questões junto com alguém, se aprende com quem já fez, se troca experiências. Eu mesma, por exemplo só me dei conta de como eu não incentivava a autonomia da minha própria filha quando vi minha cunhada, mãe de três crianças, fazendo isso. Uma vez, percebi que meu sobrinho andava de bicicleta sem rodinha desde antes dos 3 anos, enquanto minha filha já tinha 4 e não sabia andar. Bastou uma semana sem rodinhas e bastante incentivo para ela aprender.

E essa é a chave: compartilhar com a criança que ela é capaz, deixar claro o que se espera dela, incentivar e insistir, sempre num clima gostoso. É claro que alguns pais precisam ser convencidos de que seu filho também é capaz e compreender como a autonomia pode impactar nas atuações e interações dos pequenos nos diferentes ambientes. Feito isso, é só alinhar que escola e família terão os mesmos procedimentos, como deixar a criança sem fraldas e convidá-la para ir ao banheiro várias vezes e combinar que o uso de chupeta e paninho será apenas na hora do repouso. Se estiver muito difícil largar, dá para acertar com o pequeno alguns momentos em que não é possível usar esses objetos, como no parque ou na roda de conversa.

Ainda é tempo de dizer que é preciso respeitar aquela criança que está passando por alguma situação diferente, como a chegada de um irmão, um processo de adaptação ou outra razão que a deixe mais sensível. Também vale uma reunião só com a família que está tendo mais dificuldades. Assim, é possível fazer orientações pontuais, considerando as particularidades.

E na escola em que você trabalha, como esse trabalho é feito? Compartilhe!

Um abraço, Leninha