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Indisciplina: quando chamar a família para uma conversa séria?

As manifestações de indisciplina são uma tentativa do aluno de chamar a atenção e ser ouvido por alguém

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

Antes de chamar os pais, é importante entender as razões que podem levar ao mau comportamento. Foto: Shutterstock

Como todo coordenador pedagógico, meu cotidiano inclui lidar com problemas com alunos indisciplinados. São estudantes que, por alguma razão, quebram alguma regra de convívio, como xingar um colega, ou algum combinado, por exemplo, não usar o celular na sala. E, assim como deve acontecer na sua escola, alguns professores, sem saber como lidar com situações difíceis na classe, acabam mandando as crianças para uma conversa comigo.

Mas confesso que, muitas vezes, também não tenho a menor ideia do que fazer – principalmente se o aluno em questão é, digamos, um frequentador assíduo da sala da coordenação. Nesses casos, o que acaba acontecendo é que a única ação encontrada é convocar os pais ou responsáveis. Mas será que isso basta? E será que faz sentido?

Quando isso acontece comigo, antes de chamar a família para saber como podemos buscar soluções para a indisciplina, procuro ajudar o professor a traçar uma análise criteriosa do comportamento do aluno para compreender a origem do problema e preparar o diálogo com os responsáveis. Ao fazer isso, deve-se levar em conta a realidade da turma específica e da relação entre o aluno indisciplinado e o professor, os colegas e a família.

Geralmente, as manifestações de indisciplina ou rebeldia são uma tentativa do aluno de chamar a atenção e ser ouvido por alguém. Outra razão que pode explicar certas atitudes é uma rotina muito presa à sala de aula, sem tempo ou espaços apropriados para a prática de esportes, brincadeiras e outras atividades recreativas. A turma acaba acumulando energia e dissipando-a de forma inadequada.

Há também questões ligadas ao convívio social fora da escola e à ausência de um sentimento de pertencimento ao ambiente escolar, quando o aluno não se “enquadra”, não vê sentido naquilo que a instituição proporciona. E, por fim, existem ainda problemas psicológicos, neurológicos e sociais que impactam diretamente o rendimento escolar. Aqui no site, há uma reportagem que explica em detalhes quais atitudes podem ser tomadas diante do diagnóstico.

Só depois de ter clareza sobre quais desses fatores podem explicar a indisciplina e de adotar medidas dentro da escola é que se convida a família para uma reunião. A pauta que deve girar em torno das conclusões da análise e das estratégias pensadas para amenizar o problema. Essa também é a hora de ouvir da família se as atitudes do aluno se repetem em casa, se houve mudança de comportamento recentemente ou algum acontecimento que possa ter levado à indisciplina. Vale perguntar como os responsáveis lidam com isso e se costumam obter resultados positivos quando agem.

Ouvir os familiares é essencial não somente para a escola, mas para a própria família. Muitas vezes, nos damos conta de que é ela que precisa de ajuda, e não a escola. Com uma conversa franca, sem julgamentos ou agressividade, é possível estabelecer uma parceria em prol do aluno.

E com você, como age quando precisa envolver a família para tratar de um assunto delicado como a indisciplina?

Um abraço,

Eduarda.