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Devemos ler e revisar todos os relatórios de avaliação feitos pelos professores?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Duas professoras escrevem relatórios em cima de uma mesa. Na foto, só aparecerem as mãos das mulheres e os cadernos (Foto: Gabriela Portilho)

Escrever o relatório de avaliação é responsabilidade do professor. O coordenador deve embasar esse trabalho nas formações e ajudar o professional com dificuldades (Foto: Gabriela Portilho)

Na maioria das escolas, os professores estão às voltas com as finalizações de final de semestre. Eles precisam encerrar os projetos e as sequências, escrever os relatórios de avaliação e preparar a reunião de pais para dar uma devolutiva dos resultados. E, por mais que todo o trabalho esteja adiantado, sempre é uma época bem conturbada, pois há muito o que fazer. Consequentemente, os coordenadores também entram nessa correria, uma vez que estão encerrando os acompanhamentos da primeira metade do ano letivo e auxiliando os docentes na produção e revisão dos relatórios.

Estes documentos são um marco na escola, já que é através deles que temos um panorama das conquistas de cada turma e de cada criança e podemos elaborar um mapa dos processos de aprendizagem. Basicamente, um relatório bem feito é um ótimo diagnóstico para os planejamentos do segundo semestre.

Mas será que o coordenador pedagógico precisa ler todos os relatórios produzidos pela equipe para ter noção do que está acontecendo de fato na escola no que diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem? Já houve um tempo em que responderia sim para essa questão, pois acreditava que só assim seria possível ter um diagnóstico dos saberes das crianças e dos professores. Nessa época, eu coordenava 18 turmas com cerca de 450 crianças e fazia questão de ler tudo. Eu ficava encantada com muitos escritos, me surpreendia com o quanto os pequenos haviam aprendido, explorado, brincado e se tornado autônomos.

Ao mesmo tempo, eu também me frustrava… Eu ficava muito decepcionada comigo mesma quando só tomava ciência das necessidades de algum professor ao ler o que ele havia escrito. Como eu não tinha percebido que tal profissional atuava numa turma de 5 anos e não sabia quase nada sobre as hipóteses de leitura e escrita? Por que eu também não sabia que, em outra turma, as brincadeiras no pátio não aconteciam? Nessas situações, eu só me consolava ao conversar com outras colegas coordenadoras que também se davam conta de muitos equívocos apenas quando liam os relatórios.

Por conta disso, hoje eu acredito que o maior investimento de tempo do coordenador não deve ser na leitura dos relatórios, mas, sim, na criação de vínculo com cada professor. Nós precisamos estar próximos e acompanhar mais de perto os profissionais, especialmente os novatos, investir no atendimento individual e no acompanhamento da prática. Se estou próxima do professor, conheço sua turma e quais são seus maiores desafios. Dessa forma, posso ajudá-lo durante o processo e não só ficar ciente do que aconteceu no final.

Como organizei meu tempo para ler os relatórios

Depois que mudei de ideia, resolvi organizar melhor o tempo que destinava na minha rotina ao acompanhamento dos documentos no final do semestre. Então, pensei no seguinte modelo de trabalho:

  1. Depois de uma formação sobre a produção dos relatórios de avaliação das crianças, eu pedia para que todos os professores escrevessem de quatro a seis relatórios e me encaminhassem os registros. Eu os orientava a produzir primeiro aqueles que consideravam mais fáceis e, depois, um ou dois mais difíceis de elaborar. O julgamento se é fácil ou difícil é baseado no quanto o professor tem clareza do processo de ensino e aprendizagem da criança.
  2. Ao receber, eu lia cada um dos relatórios e fazia anotações no meu caderno para apontar o que estava bom, o que não estava claro, o que poderia melhorar e se o docente precisava utilizar uma linguagem diferente, com menos pedagogês.
  3. Num próximo momento, eu sentava com cada professor para dar uma devolutiva. Primeiro, sempre elogiava o trabalho dele, depois, fazia sugestões que realmente valiam a pena.  Com o tempo, aprendi que escrever com mais objetividade ou ser mais detalhista era característica de cada professor e que o meu papel era o de avaliar se o que ele havia escrito ficava claro para os interlocutores.

Esse sistema facilitou muito o meu trabalho e me permitiu dedicar mais tempo ao auxílio de apenas alguns professores no final do semestre, justamente daqueles que tinham dificuldades em escrever o que estavam pensando. É muito comum o profissional saber falar sobre a criança e, na hora de colocar no papel, não conseguir explicitar tudo com clareza.

E uma coisa é certa: esses relatórios também são uma excelente avaliação do trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico, pois são uma preciosidade para analisar os resultados das formações e subsidiar o planejamento dos atendimentos formativos dos professores.

Voltando à questão inicial, quero deixar claro que a escrita dos relatórios de avaliação é responsabilidade do professor, pois é ele quem vai assiná-lo. Ao coordenador cabe dar todo o embasamento nas formações e, sem dúvida, estar muito junto daquele profissional que precisa de uma ajuda maior. Deste, sim, será preciso ler todos os documentos no final do semestre.

Vocês concordam? Como vocês fazem na escola em que trabalham?

Um abraço, Leninha