Olá, colegas!
Após recebermos a equipe de professores e funcionários no CEU Luíza Maria de Farias e realizarmos ações formativas em duas semanas produtivas de reuniões pedagógicas, finalmente chegou o momento mais esperado por todos nós: o início do atendimento aos bebês e crianças na nossa nova escola. A recepção aconteceria no dia 16 de maio, uma segunda-feira, com a abertura de quatro turmas de creche, do berçário à sala do Infantil II (2 anos), em período integral, e uma turma do Infantil III (3 anos), no período da tarde. Ao todo, tínhamos 104 alunos, de 0 a 3 anos matriculados.
Dois dias antes desse momento, já havíamos tido contato com os pequenos e seus responsáveis, durante a inauguração oficial da unidade escolar. Foi um período de confraternização, de apresentações culturais e de exposição dos espaços. Então, o clima de acolhimento já estava no ar antes mesmo de estrearmos na prática o que estávamos pensando e planejando nas semanas anteriores , no processo de construção do nosso Projeto Político-Pedagógico (PPP).
Eu e vocês sabemos que a Educação Infantil é uma etapa singular da escolaridade, em que ocorrem muitas aprendizagens e descobertas fundamentais para toda vida, como a aquisição e o desenvolvimento da linguagem e da motricidade, a ampliação da vida em sociedade e o grande desenvolvimento psíquico e cognitivo.
Para que isso aconteça de fato, a equipe gestora precisa garantir que o professor de bebês e crianças pequenas esteja disposto e seja formado para mediar todos esses novos saberes e que o ambiente escolar seja um lugar agradável e confortável para os pequenos. Dessa forma, eles se sentirão seguros e poderão se desenvolver integralmente.
Nesse sentido, algumas ações e orientações são fundamentais e foram focos do meu trabalho como coordenadora pedagógica, da diretora e da vice-diretora do CEU.
- Respeitar o bebê e a criança como sujeito histórico e de direito. As diretrizes nacionais atuais para a Educação Infantil se referem ao direito dessas pessoas ao acesso à escola, onde o educar e o cuidar se apresentam como aspectos indissociáveis. Por isso, nas formações que realizamos com os professores e funcionários, deixamos claro que sempre precisamos considerar as características da faixa etária atendida, a etapa do desenvolvimento infantil, as experiências, os gostos, as preferências e a bagagem histórica e cultural de cada indivíduo (quem são, onde vivem, como se constitui sua família, seus costumes e hábitos alimentares e referentes ao sono, etc.).
- Planejar o período de acolhimento, com ampliação gradativa da carga horária: A escola começou a funcionar em período parcial e, com o passar dos dias, fomos ampliando progressivamente o tempo de permanência. Isso foi feito para evitar o estranhamento das crianças.Para organizar esse tempo diário, criamos uma planilha. Nela, prevemos também os períodos de alimentação, embora já estivesse claro para todos que precisaríamos respeitar as necessidades e singularidades de cada bebê e criança. Ainda discutimos nas reuniões pedagógicas, com base em diversos materiais formativos (clique nos links para acessá-los), previamente selecionados por mim, maneiras de acolher os pequenos e as relações entre cuidar, educar e brincar e o lugar da afetividade e da organização dos espaços e boas experiências educativas iniciais. Com o passar dos dias e o aumento da carga horária e da familiaridade dos professores com as turmas, novos combinados e rotinas foram estabelecidos, considerando o bem-estar de todos.
- Estabelecer uma parceria com os pais ou responsáveis. A criação de um bom vínculo inicial com os pais é fundamental, considerando a ansiedade e a preocupação natural que eles têm em relação à primeira etapa de escolaridade de seus filhos. Muitas vezes, eles nunca ficaram separados durante tanto tempo dos pequenos (o equivalente ao período escolar, que é, em média, de 9 horas no período integral e de 4 horas no atendimento parcial). Portanto o momento é delicado e precisa ser abordado com muito respeito. Também é muito importante o conhecimento e até mesmo a participação efetiva dos responsáveis na construção de um PPP que garanta um atendimento de qualidade aos bebês e crianças. Dessa forma, eles se sentirão mais seguros e saberão o que baliza toda a prática educativa e a concepção de ensino e aprendizagem que a escola acredita.
Para que isso acontecesse no CEU, a diretora Rosângela recebeu os pais na primeira reunião tranquilizando-os sobre uma série de dúvidas e expondo como seria o período de adaptação das crianças. Também apresentou toda equipe escolar e esclareceu o papel de cada um. A pauta da reunião havia sido organizada previamente por toda a equipe, que definiu quais eram os assuntos mais importantes para o momento.
Como demos início às aulas com um período letivo reduzido, para que os bebês e crianças se adaptassem aos poucos, os professores aproveitaram o tempo para agendar entrevistas com cada família. Foram ricos momentos de diálogo e atenção individualizada, utilizados para estreitar os laços com a comunidade, conhecer o histórico dos pequenos e comentar sobre os propósitos educativos previstos para cada faixa etária.
Nunca é demais lembrar que o acolhimento e a criação de vínculo com os bebês, as crianças e os responsáveis são esforços que duram o ano inteiro, ao contrário do período de adaptação, que se finda depois de um determinado tempo.
E, para mim, acolher e estreitar laços significa muito! É garantir a presença do professor em sala de aula e da equipe gestora no portão diariamente, promover uma recepção afetiva e atenciosa à comunidade, cuidar das falas e posturas que assumimos no dia a dia, assegurar um planejamento pedagógico inclusivo, que preze pelo protagonismo infantil, atender prontamente o familiar que chega à escola e outras infindáveis ações. Todo o nosso fazer pedagógico precisa estar fundamentado nessa concepção. Nesta e em outras instituições onde já trabalhei, pude vivenciar algumas atividades cotidianas que caminham nesse sentido de acolher, como a existência de assembleias com pais e alunos, conselho mirim, conselho de escola atuantes Associação de Pais e Mestres, entre outras experiências.
Resumidamente, precisamos refletir para que exista coerência entre o acolhimento planejado, intencional e previsto nas atividades iniciais com as demais ações que se perpetuam ao longo do ano letivo.
E vocês, colegas, como planejam o acolhimento das crianças? Conte-nos sua experiência, tanto a do início do período letivo, como ao longo de todo o ano. E não se esqueçam: nosso desafio como coordenador pedagógico é formar continuamente nossas equipes para que as ações de todos sejam coerentes com o que está escrito no nosso PPP.
Beijos e até a próxima!
Muriele