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Indicação de livros: um jeito diferente de valorizar as práticas de leitura

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

Alunos do 1º ano indicam à turma do 2º o livro Misturichos, escrito por Renata Bueno e Beatriz Carvalho. Foto: Eduarda Mayrink

Aqui na EM Murillo Garcia Moreira, onde trabalho, a leitura sempre permeou a vida escolar. Das reuniões de pais às atividades de rotina, toda a comunidade escolar é incentivada a se engajar na criação de um ambiente propício ao contato com os livros, tanto em casa quanto na escola. No dia a dia, fizemos questão de inserir diversas atividades, como a leitura em voz alta, as leituras individuais, em duplas ou em pequenos grupos.

Mas faltava algo que tornasse a participação dos alunos mais ativa e os ajudasse não só a ler mais, mas a desenvolver preferências pessoais, distinguir gêneros diferentes e construir uma relação de proximidade com as obras. Começamos a pensar no que poderia mobilizar os estudantes dessa forma, com base em nosso próprio comportamento leitor.

Para quem gosta de ler, uma das coisas mais interessantes é poder trocar percepções com alguém sobre o que tem lido, para dar indicações e, claro, receber muitas outras. Foi então que tivemos uma ideia: por que não estimular as crianças a fazerem o mesmo?

Foi aí que surgiu, ainda no ano passado, o projeto de indicação literária na escola. A proposta era fazer com que os próprios alunos dessem sugestões de leitura para outros colegas, em forma de apresentações e pequenas resenhas, de maneira que desenvolvessem uma opinião sobre diversas obras, avaliassem características como tamanho texto, personagens, cenários e ilustrações e descobrissem os seus próprios gostos. Outro ponto que queríamos contemplar era a articulação entre leitura e produção de texto, duas práticas que, necessariamente, caminham juntas.

Com os alunos do 1º e do 2º ano, trabalhamos em cima de imagens dos personagens, trechos dos livros, capa e autor. Com os maiores, do 4º e do 5º ano, organizamos uma sequência didática mais complexa, que partia da análise de resenhas de diferentes obras. Os alunos manusearam catálogos de editoras e leram alguns modelos de indicação, que serviriam de referência para as produções próprias.

Os leitores que recebem as indicações são as próprias crianças e professores da escola. Uma vez por semana, uma turma prepara a sugestão de um livro para outra. Para isso, os alunos fazem um cartaz que acompanha uma exposição oral sobre a obra. A classe que recebe a dica lê e analisa o livro, comparando os aspectos que mais lhe agradaram com o que foi apresentado.

Alguns resultados já começam a aparecer. Antes, na hora de escolher quais livros levar para a casa, as crianças optavam por aqueles que o colega havia elegido ou quantidade de ilustrações. Agora, já começam a pesar critérios mais qualificados, como a preferência por um tipo de texto, como poesia ou história, ou o nome do autor. O exercício de indicar “obrigou”, por assim dizer, os alunos a irem além de adjetivos genéricos, como “bom” ou “legal”, e definir melhor os motivos de suas escolhas.

Aos poucos, queremos ampliar a produção de textos e levar as indicações para outros públicos, como as famílias e os demais funcionários da escola. E consolidar, enfim, uma comunidade leitora.

E você, já fez algum projeto parecido na sua escola? Como foi a experiência? Conte para a gente!

Abraços,

Eduarda