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Para repensar a recuperação com a equipe de professores

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

A recuperação tem que ser encarada como uma nova oportunidade de aprender que a escola tem obrigação de oferecer, e não uma punição. Foto: Manuela Novais

“E agora, o que fazer com meus alunos em recuperação?” A pergunta foi feita por uma professora aqui da escola ainda no final do bimestre passado, quando percebeu que alguns estudantes de sua turma não alcançariam as notas suficientes. A questão me deixou inquieta. Será que ela e os outros docentes não têm clareza do que fazer nesses casos? Será que nós, coordenadores pedagógicos, estamos falhando em nosso planejamento?

Decidi, então, programar um itinerário de formação e planejamento sobre o assunto, porque senti que a equipe precisa refletir melhor sobre a finalidade da recuperação e entender melhor a aplicação dela. Em muitas instituições, ela ainda é encarada como uma espécie de punição ou instrumento de pressão, e não como nova oportunidade de aprender que a escola tem obrigação de oferecer.

É por isso que estou me empenhando na preparação desse itinerário, um trabalho que tem sido enriquecedor. Inclusive, quero compartilhar com vocês algumas perguntas que surgiram, e para as quais ainda não tenho respostas. Certamente, algumas delas também devem estar passando pela sua cabeça neste finzinho de semestre. Se ainda não passaram, anote-as! Elas são muito úteis para pensar:

  1. Quais expectativas de aprendizagem levantadas no início do ano que, ao não serem correspondidas, justificam encaminhar um aluno para a recuperação paralela?
  2. Quais instrumentos de acompanhamento podemos criar para identificar e analisar os conteúdos que os alunos apresentam mais dificuldades?
  3. Quais formas de avaliação foram ou podem ser aplicadas durante o bimestre, a fim de diagnosticar suas dificuldades?
  4. Quais estratégias já adotadas pelos docentes foram eficazes e em quais eles precisam investir mais?
  5. Qual o papel das atividades de revisão e fixação no processo de aprendizagem? Que ações podem ajudar os alunos na retomada de conteúdos? Será que um banco de atividades paralelas de fixação pode ser útil?
  6. Como as interações entre as crianças e a formação de grupos de estudos podem funcionar?
  7. Qual é o papel do professor de apoio e como incluí-lo nesse processo?
  8. E os responsáveis pelo aluno? Em que medida as reuniões individuais com a família antes da finalização do bimestre para análise do desempenho dos alunos em dificuldade podem ser uma ação eficaz?

Formas de recuperar

Existem, basicamente, duas formas de aplicar a recuperação, que não são excludentes. A primeira é a chamada recuperação contínua. Realizada no decorrer das aulas, consiste em orientações e atividades extras ministradas pelo professor assim que o aluno dá sinais de que necessita de ajuda. Ou seja, ao invés de esperar o período letivo terminar e simplesmente aplicar uma prova, o docente procura ajudar o estudante a sanar esses problemas ao longo do processo, sem deixá-lo para trás.

A segunda forma é a recuperação paralela. É a típica recuperação de fim de bimestre ou semestre, quando o aluno não atinge a nota mínima exigida. Às vezes, mesmo com a recuperação contínua, ela é inevitável.

A impressão que tenho é que, infelizmente, alguns professores não gostam de trabalhar nisso, pois organizar a prova é trabalhoso e, muitas vezes, os alunos não recuperam as notas. O problema é que, para funcionar, a recuperação paralela não deve se limitar à avaliação, e o docente não pode ser pego de surpresa. Ele deve ficar atento durante todo o bimestre aos alunos que, aparentemente, não terão bom desempenho e se antecipar. Sabendo quem pode ficar em recuperação, dá para planejar melhor um período de estudos antes da prova, no qual as crianças vão rever a matéria e tirar dúvidas.

Como formadora, espero que a equipe entenda a importância dessas duas maneiras de auxiliar os alunos em dificuldade. E, como gestora, quero garantir o suporte necessário para que a escola ponha as ações em prática no próximo semestre.

Bom, essas são algumas reflexões e questões que pretendo analisar com a equipe nas reuniões que farei sobre recuperação. Você tem alguma sugestão de como resolvê-las? Vamos trocar ideias?

Um abraço,

Eduarda