“E agora, o que fazer com meus alunos em recuperação?” A pergunta foi feita por uma professora aqui da escola ainda no final do bimestre passado, quando percebeu que alguns estudantes de sua turma não alcançariam as notas suficientes. A questão me deixou inquieta. Será que ela e os outros docentes não têm clareza do que fazer nesses casos? Será que nós, coordenadores pedagógicos, estamos falhando em nosso planejamento?
Decidi, então, programar um itinerário de formação e planejamento sobre o assunto, porque senti que a equipe precisa refletir melhor sobre a finalidade da recuperação e entender melhor a aplicação dela. Em muitas instituições, ela ainda é encarada como uma espécie de punição ou instrumento de pressão, e não como nova oportunidade de aprender que a escola tem obrigação de oferecer.
É por isso que estou me empenhando na preparação desse itinerário, um trabalho que tem sido enriquecedor. Inclusive, quero compartilhar com vocês algumas perguntas que surgiram, e para as quais ainda não tenho respostas. Certamente, algumas delas também devem estar passando pela sua cabeça neste finzinho de semestre. Se ainda não passaram, anote-as! Elas são muito úteis para pensar:
- Quais expectativas de aprendizagem levantadas no início do ano que, ao não serem correspondidas, justificam encaminhar um aluno para a recuperação paralela?
- Quais instrumentos de acompanhamento podemos criar para identificar e analisar os conteúdos que os alunos apresentam mais dificuldades?
- Quais formas de avaliação foram ou podem ser aplicadas durante o bimestre, a fim de diagnosticar suas dificuldades?
- Quais estratégias já adotadas pelos docentes foram eficazes e em quais eles precisam investir mais?
- Qual o papel das atividades de revisão e fixação no processo de aprendizagem? Que ações podem ajudar os alunos na retomada de conteúdos? Será que um banco de atividades paralelas de fixação pode ser útil?
- Como as interações entre as crianças e a formação de grupos de estudos podem funcionar?
- Qual é o papel do professor de apoio e como incluí-lo nesse processo?
- E os responsáveis pelo aluno? Em que medida as reuniões individuais com a família antes da finalização do bimestre para análise do desempenho dos alunos em dificuldade podem ser uma ação eficaz?
Formas de recuperar
Existem, basicamente, duas formas de aplicar a recuperação, que não são excludentes. A primeira é a chamada recuperação contínua. Realizada no decorrer das aulas, consiste em orientações e atividades extras ministradas pelo professor assim que o aluno dá sinais de que necessita de ajuda. Ou seja, ao invés de esperar o período letivo terminar e simplesmente aplicar uma prova, o docente procura ajudar o estudante a sanar esses problemas ao longo do processo, sem deixá-lo para trás.
A segunda forma é a recuperação paralela. É a típica recuperação de fim de bimestre ou semestre, quando o aluno não atinge a nota mínima exigida. Às vezes, mesmo com a recuperação contínua, ela é inevitável.
A impressão que tenho é que, infelizmente, alguns professores não gostam de trabalhar nisso, pois organizar a prova é trabalhoso e, muitas vezes, os alunos não recuperam as notas. O problema é que, para funcionar, a recuperação paralela não deve se limitar à avaliação, e o docente não pode ser pego de surpresa. Ele deve ficar atento durante todo o bimestre aos alunos que, aparentemente, não terão bom desempenho e se antecipar. Sabendo quem pode ficar em recuperação, dá para planejar melhor um período de estudos antes da prova, no qual as crianças vão rever a matéria e tirar dúvidas.
Como formadora, espero que a equipe entenda a importância dessas duas maneiras de auxiliar os alunos em dificuldade. E, como gestora, quero garantir o suporte necessário para que a escola ponha as ações em prática no próximo semestre.
Bom, essas são algumas reflexões e questões que pretendo analisar com a equipe nas reuniões que farei sobre recuperação. Você tem alguma sugestão de como resolvê-las? Vamos trocar ideias?
Um abraço,
Eduarda