Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Assim não dá! Reformar só a diretoria

Ao deixar de lado espaços que precisam de obras mais urgentes, o gestor se aproveita do cargo em detrimento do investimento no ensino

POR:
Karina Padial
Assim não dá: reformar só a diretoria. Ilustração: Andre Rocha

Muitas vezes há um descompasso entre a conservação e a manutenção da sala do diretor e das salas de aula e demais ambientes de aprendizagem: enquanto a primeira está montada com vidros antirruído, piso novo e paredes recém-pintadas, os outros espaços demandam reparos nas janelas e nos equipamentos usados pelos alunos. Por vezes a Secretaria de Educação só constata essa realidade após a obra estar pronta. Não é difícil encontrar escolas que, ao receberem verbas para reforma, privilegiam o espaço dos gestores, deixando de lado necessidades mais urgentes.

A diretoria é o lugar onde se costuma guardar documentos importantes e receber pais e alunos. Isso não quer dizer, no entanto, que ela mereça atenção especial. "As decisões do gestor devem ser tomadas para garantir as condições de ensino e de aprendizagem. A instituição é pública e os interesses pessoais não devem ser levados em consideração", afirma Joscely Bassetto Galera, professora da pós-graduação em Educação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e autora da pesquisa A Gestão do Espaço Físico Escolar: Um Desafio Social.

Jussara Paschoalino, professora do curso de Gestão Escolar do Ministério da Educação (MEC), feito em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz que além de uma vantagem indevida, a prática reforça a visão de uma instituição pautada pela hierarquia - em que o lugar com melhor aparência é reservado ao cargo mais alto.

Para evitar o mau uso dos recursos, o ideal é convidar todos os segmentos da comunidade - representados no conselho escolar - para participar da definição de prioridades. Eles podem ajudar a decidir quais espaços serão modificados e a maneira como serão equipados. O envolvimento de docentes, alunos, funcionários e pais contribui para que todos se sintam responsáveis pela conservação da escola.

Com o repasse do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), a equipe gestora do CM Monsenhor Stanislau, em Olivedos, a 204 quilômetros de João Pessoa, se viu diante de um dilema. Os 2 mil reais disponíveis não eram suficientes para realizar o que era preciso: reformar os banheiros dos alunos, ampliar a biblioteca e a secretaria, fazer melhorias na sala dos professores e construir uma sala de vídeo. Após diversos encontros do conselho - em que a destinação da verba foi a pauta -, ficou decidido que o dinheiro seria usado para a biblioteca e a sala de vídeo. "Essa opção era a que mais traria vantagens para os alunos e ajudaria a melhorar as condições de ensino", conta o diretor, Suzélio Anibal Leonardo.