Uma das funções mais importantes de um coordenador pedagógico é ser o articulador de saberes, o interlocutor de parcerias entre os diversos profissionais da equipe pedagógica. Quando a escola se dedica a mais de um ciclo da Educação Básica, essa interlocução precisa se estender entre eles.
Minha escola é uma dessas instituições onde há turmas da Educação Infantil ao 9º ano, e eu sou responsável pelo Ensino Fundamental I e auxilio a coordenadora do Ensino Fundamental II. Estou bem ali “no meio do caminho”, acolhendo os pequenos e preparando os mais crescidos para os desafios que os esperam nos anos finais. Portanto, você já imagina o quanto a interlocução entre os ciclos impacta a minha rotina de trabalho.
Nesse sentido, gostaria de compartilhar com vocês uma experiência que tive no último semestre, e que me ensinou muitas coisas sobre isso. Numa dessas minhas observações cotidianas, soube que os professores de Educação Física do Fundamental II, Sérgio Luiz Silva e Maria Aparecida Rodrigues Vasconcelos Caldeira, planejavam realizar uma mostra de atividades. O objetivo deles era fazer os alunos do 6º ao 9º ano refletirem sobre o uso de tecnologias a favor do movimento, interagirem com outros estudantes da escola e terem contato com práticas esportivas pouco presentes na rotina tradicional.
Sérgio e Cida queriam fazer um evento que oferecesse diversas atividades físicas com recursos disponíveis na própria escola, como games, computadores, e outros brinquedos eletrônicos, além de materiais esportivos, como a fita de slackline. A organização da mostra ficou a cargo dos alunos do 8º ano.
Fiquei muito interessada pelo projeto e pensei: por que não envolver também as turmas do Fundamental I? As crianças certamente aprenderiam e se divertiriam muito com as atividades. A proposta logo foi aceita, mas Sérgio, Cida e eu percebemos que havia alguns desafios. Em primeiro lugar, teríamos que encontrar tempo para o planejamento em conjunto. Depois, era necessário definir qual seria o meu papel e o de outros professores na viabilização do projeto. Além disso, tínhamos que organizar uma grande quantidade de materiais e criar condições para atender os alunos menores. Por fim, precisávamos estabelecer como registrar e avaliar todo o processo e verificar se os objetivos foram de fato alcançados.
Cada desafio demandou muito esforço, e seria difícil descrever cada etapa do trabalho em breves linhas. Mas o que posso dizer é que cada parte envolvida contribuiu à sua maneira. Sérgio e Cida, junto com as turmas do 8º ano, adaptaram as atividades da mostra às crianças de 6 a 10 anos; os professores regentes das turmas do Fundamental I colaboraram na construção de um cronograma que estabeleceu o tempo destinado a cada atividade e uma ordem de participação para evitar tumultos; e eu, além de mediar a conversa entre os docentes, cuidei da compilação dos registros e avaliações.
Ficamos muito satisfeitos com o resultado final! As crianças se divertiram muito numa tarde esportiva na escola, e os adolescentes do 8º ano puderam interagir com elas, ajudando-as a realizar as atividades e participando da própria avaliação dos resultados depois do evento.
A lição de experiências como essas é que o papel de articulação que a coordenação pedagógica tem é fundamental para garantir não somente a coerência do projeto político-pedagógico (PPP), mas também uma troca de experiências enriquecedora para todos os envolvidos – alunos, pais e professores. É algo que demanda disposição para ouvir, habilidade para negociar e disciplina para planejar.
E você, o que pensa sobre o assunto? Como a coordenação pode contribuir ainda mais para a articulação dos objetivos gerais da escola? Quero ouvir a sua opinião!
Um abraço,
Eduarda