Como preparar sua escola para o Enem
Melhorar o desempenho dos alunos na avaliação depende de ações regulares e não focadas exclusivamente no exame
POR: Laís SemisCrédito: bibiphoto / Shutterstock.com
Nos dias 5 e 6 de novembro, os alunos brasileiros vão encarar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Criado em 1998 com a função de avaliar os últimos anos da Educação Básica, em 2009, o Enem se tornou uma das portas de entrada para diversas universidades do país. Agora, muitas instituições de ensino buscam aproximar os estudantes do exame. “Para nós, o Enem é importante porque revela se os alunos estão concluindo o Ensino Médio com a formação básica necessária para se inserir em novos meios sociais, como o Ensino Superior e o mercado de trabalho”, explica Tânia Mara de Moraes, diretora da Etec Cônego José Bento, em Jacareí, interior de São Paulo.
Para garantir um bom desempenho, muitas escolas investem em simulados, provas semanais e aulas extras focadas no exame. Mas será esse o caminho ideal para obter bons resultados? Para Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), apesar de muitos educadores acreditarem que sim, ações organizadas exclusivamente em razão da prova não elevam a performance dos alunos. “Isso consome muito tempo e recursos da turma e dos professores em sala, quando o que mais pode ajudar os estudantes é aumentar o conhecimento de fato e não aprender a responder questões do Enem. São bons materiais didáticos, boas aulas e muito estudo que ajudam e influenciam no resultado”, afirma.
Foi exatamente isso o que os gestores da Etec de São Paulo perceberam. Antes do Enem, a escola costumava manter uma rotina de simulados, elaborados pela equipe de professores. “Em determinado momento, notamos que o tempo gasto nessa atividade atrapalhava o desenvolvimento de outros componentes curriculares”, explica o diretor Negipe Valbão Júnior. Entre as ações que acreditam fazer a diferença no desempenho, a escola destaca o acompanhamento da aprendizagem dos alunos feito pela coordenação pedagógica e a análise dos resultados de avaliações e atividades durante os conselhos de classe. “Identificamos os pontos de defasagem e pensamos em ações para dar conta das necessidades de aprendizagem”, coloca Negipe.
Não significa, porém, que os simulados devem ser banidos. A ideia é que, caso eles sejam realizados, sirvam para dar indicativos dos conteúdos que os estudantes não assimilaram bem e de como o processo de ensino e aprendizagem pode ser qualificado. “Os simulados devem contribuir nessa perspectiva de retroalimentar o planejamento e, ao mesmo tempo, colaborar para os alunos monitorarem seu conhecimento”, esclarece Ocimar.
Na Etec Cônego José Bento, os esforços para a melhoria da aprendizagem estão no incentivo da participação dos professores em capacitações para formação continuada. “Isso garante que os docentes deem boas aulas . Também instigamos a realização de atividades que contribuam para um aprendizado mais concreto e procuramos integrar os componentes curriculares com as atualidades. O comprometimento dos alunos também é um fator muito significativo”, conta a diretora Tânia.
Pelo exemplo das duas Etecs, dá para ver que não há muito segredo quando o assunto é ajudar os alunos a obter bons resultados nas avaliações externas. As ações das duas escolas não são pensadas para o Enem, pelo contrário, são regulares e têm por objetivo oferecer um ensino de qualidade e garantir uma aprendizagem consistente. Ocimar analisa que esse é um ponto importante do processo e que, apesar da matriz de avaliação do Enem poder ser usada como referência, é preciso que os conteúdos sejam desenvolvidos como fruto do trabalho pedagógico. “Não adianta olhar para as questões pedidas especificamente no exame. A escola tem que fazer um movimento em que seu currículo, suas atividades, materiais didáticos e professores contribuam para o desenvolvimento de habilidades que possam ser aplicadas em provas como o Enem”, explica o professor da USP.