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Um olhar sobre o bem-estar na escola

Você procura manter uma escola acolhedora, segura e justa? Faz esforços para construir um clima positivo?

POR:
Telma Vinha

Nada de focar nos problemas ou só resolver os conflitos quando eles aparecem. O mundo todo vem adotando uma postura mais construtiva para trabalhar questões comportamentais e dificuldades nas relações na escola, ou seja, defende que é preciso promover o bem-estar de todos. Para isso, ministérios de Educação de vários países e o Fundo das Crianças das Nações Unidas investem para apoiar a reforma do clima escolar. Nos Estados Unidos, ela é vista como uma estratégia para promover relações saudáveis, engajamento dos alunos e prevenção do abandono dos estudos. Na Espanha, desde 2011 as escolas devem elaborar seu plano de convivência, um documento que estabelece as linhas gerais do modelo de convívio a ser adotado em cada uma das instituições. Para que ele aconteça, muitos gestores lançam mão do diagnóstico e do monitoramento da qualidade do clima na escola.

Esses países disponibilizam instrumentos de avaliação e recomendam estratégias para lidar com os problemas identificados. O Brasil ainda engatinha nesse tipo de estudo com métodos científicos. Aqui ainda se entende o clima escolar como apenas relacional, ou seja, fruto das relações entre as pessoas. Só que o conceito engloba expectativas e percepções compartilhadas por todos da comunidade escolar sobre normas, objetivos, valores, relações humanas, organização, estrutura física, pedagógica e administrativa. Apesar de subjetivas, essas percepções são avaliadas em grupos de discussão ou por meio de questionários que fornecem dados para que se discuta o que vai bem e o que precisa ser melhorado.

Digamos que você já imagine os riscos de viver um clima negativo na escola: conflitos, estresse, vandalismo.... Agora pense no positivo. Ele influencia fortemente a motivação para aprender, atenua o impacto negativo do contexto socioeconômico sobre o sucesso acadêmico e leva os jovens a construírem uma vida mais positiva, entre outros benefícios. Esse bem-estar geral contribui não só para o sucesso imediato do estudante, mas seu efeito parece persistir por anos.

Para promover a melhoria do clima é preciso de estratégias sistêmicas. Ao gestor cabe estar aberto a mudanças e garantir que todos tenham apoio. Você olha para os processos de melhoria do ensino de forma contínua? Procura manter uma escola acolhedora, segura e justa? Não descuida do trabalho coletivo, do exercício do diálogo, da boa comunicação e da transparência? Quando se pensa em implantar mudanças, as decisões não podem partir apenas da percepção dos educadores. Os alunos precisam ser ouvidos e participar. Vale a pena estimular a criação de comunidades democráticas, pois elas permitem que se desenvolva a sociabilidade e o pertencimento, tornando a escola um lugar melhor.


TELMA VINHA é professora de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Colaboraram ALESSANDRA DE MORAIS, da Unesp de Marília (SP), e ADRIANO MORO, doutorando da Faculdade de Educação da Unicamp.