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Como não ser pego de surpresa quando a reforma do Ensino Médio sair do papel

Com poucas definições sobre como realmente será o novo modelo da etapa, o conselho do MEC é ler e discutir as mudanças e mapear os interesses dos alunos e da comunidade

POR:
Laís Semis
Na Escola Viva, a gestão avaliou quais pontos do novo modelo terão que ser adequados pela escola e os impactos dessas mudanças. Na foto, os alunos utilizam a sala maker como apoio para seus projetos de aulas optativas, ponto da reforma já desenvolvido pela instituição. Crédito: Acervo Escola Viva

As principais mudanças que acontecerão com a reforma do Ensino Médio já estão postas na mesa: carga horária mínima de cinco horas diárias e flexibilização do currículo com cinco opções de itinerários formativos (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional). No entanto, apesar do projeto ter sido aprovado e sancionado rapidamente, a proposta só será colocada em prática após a finalização da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, que ainda precisa ser discutida e não tem prazo determinado para entrar em vigor. A BNCC será responsável por 60% do currículo da etapa e certamente influenciará na produção de materiais didáticos e na formação de professores.

Diante disso, parece bastante difícil ter ideia de como será o novo modelo na prática. Apesar das incertezas, escolas da rede privada estão tentando se antecipar às demandas e estudar ações que já podem ser aplicadas pela equipe. Tudo para não ser pego de surpresa quando a reforma sair do papel. De acordo com Rossieli Soares, Secretário de Educação de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), diretores e coordenadores pedagógicos, independentemente da rede de ensino de que fazem parte, já devem dar início a discussões dentro de suas unidades. São duas possibilidades:

1. Investigar quais são os pontos da lei que a escola precisará se adequar
Para começar, vale conferir o texto integral da Lei nº 13.415/2017, que institui o Novo Ensino Médio e discuti-lo com a equipe, se atentando ao que a reforma propõe, ao que a unidade já faz hoje e ao que ela precisará se adequar. É o que instituições como a Escola Viva e o Colégio Santa Maria, localizados na capital paulista, têm feito. “Também estamos participando de eventos, como fóruns, palestras, mesas redondas e encontros para discutir a reforma”, conta Thaís Milano, coordenadora geral do Ensino Médio da Viva. “Estamos prospectando possibilidades. Não fechamos nenhuma ação porque precisamos aguardar as definições, mas já estamos nos debruçando sobre esses temas porque precisamos nos antecipar para o planejamento do próximo ano”, diz.

A expectativa é de que o Ministério da Educação (MEC), em conjunto com o Conselho Nacional de Educação (CNE), apresente documentos com direcionamentos para a oferta dos itinerários formativos nos próximos meses (entenda o que são os itinerários aqui). “Por mais que o MEC dê orientações, que ainda estão sendo discutidas, não podemos perder o espírito principal que a reforma traz que é a flexibilidade. A ideia não é amarrar tudo de novo com novas obrigatoriedades. Não existirá um modelo único de sucesso, poderemos fazer de muitas maneiras”, ressalta Rossieli.

2. Mapear os principais interesses dos alunos e da comunidade
Para Wisley João Pereira, coordenador geral do Ensino Médio do MEC, o fato de não existir um único modelo possível para os itinerários não significa que as escolas devem seguir qualquer caminho. “Precisamos ser sérios, olhar para a região em que a unidade está localizada e fazer um levantamento técnico do que é interesse da comunidade e do aluno”, diz.

Uma maneira de garantir a flexibilidade considerando o contexto dos estudantes é mapear o que eles esperam do novo modelo e entender quais são as áreas do conhecimento que mais chamam a atenção dos alunos. “Temos que entender as pretensões dos estudantes dentro de suas áreas de interesse e começar a prepará-los para que possam tomar as decisões dos itinerários”, diz Antônio Eugênio Cunha, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo e diretor da Federação Nacional das Escolas Particulares. Caso muitos alunos tenham interesse na área de Linguagens, por exemplo, a escola pode priorizar a construção desse itinerário formativo em vez de outro.

Vale lembrar que a oferta dos cinco itinerários não é obrigatória para as escolas. Cada unidade deverá oferecer pelo menos dois, podendo combinar percursos, se for o caso, para garantir o atendimento às expectativas das turmas.