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É válido ou não trabalhar datas comemorativas na escola?

POR:
Eduarda Diniz Mayrink
O dia do índio é comemorado em 19 de abril. Ele deve ser abordado na escola? De que maneira?

O calendário consolida os dias e meses do ano.  É natural comemorarmos o passar do tempo seja por meio de aniversários, feriados nacionais, datas que lembram um acontecimento ou uma pessoa importante. Aprendemos desde cedo a nos importarmos com os eventos do calendário e é muito comum isso ser valorizado pela escola.  Estamos em abril e nesse mês comemoraremos algumas datas importantes: a Páscoa, Dia do Índio, Dia do Livro, Tiradentes e o Descobrimento do Brasil.  Muitas escolas mudam até a rotina escolar, aplicando tarefas de pouco valor formativo para as crianças para contemplar essas comemorações.  Por isso, é preciso que haja uma reflexão de gestores e professores sobre a existência de um verdadeiro sentido na utilização desse recurso como ferramenta pedagógica.

Na instituição em que trabalho, analisamos o calendário anual e definimos o plano de trabalho. Sempre reservamos um momento para decidir sobre algumas especificidades dos conteúdos que trabalharemos, entre eles, como entrarão as datas comemorativas. Nesse momento, considero importante colocar em discussão que é imprescindível compreender qual a importância dessas celebrações na composição do currículo da escola.

O ideal é problematizar, pensar e discutir novas formas de tratar essas datas para que possam configurar-se como situação de aprendizagem para todos os envolvidos, respeitando valores culturais, religiosos, econômicos e éticos das crianças e suas famílias, além dos princípios da instituição. Por exemplo, como abordar o tema da Páscoa, uma celebração cristã, se tenho em minha turma famílias umbandistas, ateias e muçulmanas, ou mesmo judaicas, que comemoram esse feriado de forma muito diferente?

Conheço escolas que resolveram não comemorar nenhuma data tradicional como Dia dos Pais e Dia das Mães, uma vez que foram tomadas por um aspecto muito comercial e consideram que não devem reforçar a ideia de o carinho estar necessariamente ligado ao presente. No lugar delas, incluiu no seu calendário o “Dia da Família na Escola”, usado para trazer a comunidade para dentro do ambiente escolar.

Claro que a opção por trabalhar com datas comemorativas relaciona-se com a autonomia que cada instituição tem para selecionar e organizar os conteúdos a serem ensinados para os alunos durante o ano letivo. Mas o que todas devem pensar é no foco que se dão a elas e o conteúdo de trabalho. A comemoração do Dia do Índio pode ser pensada na análise da vida dos indígenas no Brasil atual, quais são seus costumes, crenças e como lidam com o ambiente ou pode promover somente que as crianças se pintem como se imitassem um personagem desconectado com a realidade deles. Cada uma dessas abordagens tem efeitos completamente diferentes.

E vocês coordenadores, o que pensam sobre esta questão:  é válido ou não trabalhar datas comemorativas na escola?

Até o próximo post!

Eduarda