Como aplicar o mesmo projeto em uma turma alfabetizada e outra não alfabetizada
Nossa blogueira conta como planejou lidou com essa situação em sua escola
POR: Eduarda Diniz MayrinkEscolher um projeto para trabalhar em sala de aula sempre foi uma expectativa para os professores. Para as crianças, é um alvoroço, uma animação, uma curiosidade tremenda para saber qual seria o tema eleito e dar ideias de quais projetos elas poderiam trabalhar no semestre seguinte. Mas por trás das decisões das crianças está o professor, que precisa planejar e direcionar as ações necessárias para o projeto.
No início deste ano, realizamos um diagnóstico de escrita em todas as séries para identificar quais conteúdos seriam selecionados e como eles seriam organizados. A partir dessas informações, discutimos com os professores o que eles queriam que seus alunos aprendessem. Decidimos trabalhar com textos informativos, desenvolvendo um projeto com artigos sobre animais em uma enciclopédia.
Na escola, temos duas turmas de 2º ano. Em uma delas, a maioria das crianças ainda está em apropriação do sistema de escrita, enquanto que, na outra, os alunos já conseguiam ler pequenos textos.
As professoras decidiram trabalhar o mesmo projeto de maneira integrada, trocando suas experiências. Para isso, tiveram que tomar uma série de decisões a partir do processo de alfabetização, do perfil da turma, da interação das crianças e das hipóteses que os alunos representavam na escrita. Consideramos o tempo todo o objeto de ensino em questão, as aprendizagens que queríamos alcançar e o produto final, para quem ele se destina e quais serão os interlocutores necessários para desenvolvê-lo.
A organização do projeto seguiu a mesma linha. As etapas e atividades tinham intervenções diferentes para se encaixar no perfil da turma. Na classe mais alfabetizada, as crianças leem legendas de imagens e pequenos textos. No grupo de alunos não alfabetizados, o professor se torna um leitor de textos informativos e os estudantes farão leitura de lista de palavras e legendas em desenhos de cada animal.
Para a produção desses textos, planejamos várias atividades para garantir a proximidade do conteúdo. Para as turmas alfabetizadas, incluímos a análise da linguagem utilizada, as expressões comuns dos textos informativos, a relação do texto com a imagem e a observação de como são organizadas essas informações. Nesse caso, o nosso propósito era ensinar “como escrever”, ou seja, como registrar, organizar e utilizar as informações compreendidas após a leitura. Os alunos escreveram fichas técnicas ou pequenos textos informativos com informações essenciais do animal estudado.
Para os alunos não alfabetizados, a turma ditava para o professor a forma de escrever os nomes dos animais, as legendas e os textos. Em outras ocasiões, também tiveram oportunidades de escrever em pequenos grupos ou em duplas. Cada situação foi adequada às necessidades de das crianças.
Essa prática de planejar atividades chegou até a sala de aula após um longo estudo das professoras sobre o processo de alfabetização. Como coordenadora, passei a frequentar as aulas, a observá-las, a registrá-las em relatórios e a discuti-las com as professoras, orientando e dando sugestões de acordo com as dificuldades apresentadas pelas crianças. Conhecer muito bem os alunos, suas hipóteses, como podem ser organizados e com quem podem interagir são condições para o planejamento de atividades em aula.
Acredito que pensar em atividades diferenciadas e observar como elas são aplicadas na sala é uma maneira eficaz de o formador, supervisor e/ou coordenador pedagógico orientar um professor que apresenta alguma dificuldade. Também é um importante instrumento para fazermos os ajustes nos planejamentos. Os resultados desse trabalho serão avaliados em junho e acreditamos que as intervenções terão papel importante na construção de conhecimentos e no desenvolvimento de habilidades específicas do aluno ao ler e escrever.
E vocês, coordenadores, já vivenciaram situação assim na sua escola?
Abraços e até semana que vem,
Eduarda
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