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O que considerar para a avaliação não virar um problema para as crianças

POR:
Eduarda Diniz Mayrink
Foto: Shutterstock

As provas são momentos de tensão para estudantes, mais do que o normal. De acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudants (Pisa) divulgados em abril, 56% dos alunos brasileiros dizem ficar estressados quando estudam para uma prova. Trata-se do segundo maior índice do mundo, atrás apenas do registrado pela Costa Rica. Essa ansiedade pode afetar a sua capacidade dos estudantes de pensar (processos cognitivos), trazendo tambe?m dificuldades de memória, atenção e gestão do tempo ou das tarefas. Estes problemas podem ainda ter outras repercussões, como a baixa motivac?a?o, autoestima e frustrac?a?o.

Tenho observado que muitos alunos – e até mesmo os familiares – ficam ansiosos e estressados na semana de avaliação. Alguns pais até procuram a escola para relatar o que acontecem com seus filhos e fazer questionamentos sobre o exame aplicado. Os professores também percebem os resultados e os comparam com o dia a dia na sala de aula.  Por que isso acontece? O que está por trás dessas inquietações? Será que o tipo de avaliação que está sendo elaborada está demonstrando o que realmente o aluno aprendeu? Quais são as condições oferecidas pelo docente em relação ao tipo de questão que é contemplada na avaliação? Qual é o papel do coordenador?

Alguns aspectos devem ser considerados antes, durante e depois da elaboração e aplicação da avaliação. É preciso muito cuidado durante a elaboração do instrumento de avaliação e isso pode até virar conteúdo de formação com os professores:

- As questões devem ser elaboradas com clareza, indicando objetivamente as respostas que se quer dos alunos;
- O que deve ser cobrado deve ser exatamente o que foi trabalhado durante as aulas, por isso, no momento de indicar os objetivos da avaliação, tomo como base o caderno das crianças, o que de fato foi trabalhado;
- As provas devem cobrir todos os aspectos trabalhados e não somente os mais difíceis;
- Quem deve elaborar as avaliações são os próprios docentes, considerando o que e como foi ensinado;
- Cuidar para que cada classe tenha sua própria avaliação, a não ser que o professor trabalhe de forma integrada;
- A aplicação deve ser feita num clima bom com as crianças, sem pressionar, e não deve ser um ato de punição que vai fazer como um castigo;
- Estudar com os professores os tipos de avaliação que poderão aplicar a suas crianças, e só será positiva quando propuser uma reflexão sobre os processos pedagógicos desenvolvidos e as aprendizagens garantidas;
- Analisar os resultados das crianças, avaliar o tipo de questão que mais erraram e o que está por trás desse possível resultado;
- Ter clareza que a prova tradicional pode ser aplicada,  mas que algumas condições precisam ser garantidas para atingir seu resultado;
- Conversar com as crianças  sobre a avaliação , o tipo de questão que vai cair na prova é muito parecido com o que vivenciaram em sala de aula,  dá orientações individuais para aqueles alunos que manifestarem ansiedade antes da avaliação;
- Se necessário, aplicar simulados muito próximos ao modelo de avaliação que será aplicado;
- Realizar reuniões de pais para analisar o tipo de avaliação que foi aplicado e como foi realizado o trabalho anterior à avaliação;
- Mandar um cronograma com antecedência para os pais acompanharem os conteúdos que serão cobrados na avaliação. É importante usar uma linguagem de fácil compreensão da família.

A avaliação só tem sentido, como já foi afirmado, se os seus resultados permitirem tanto a alunos quanto a professores, uma reflexão sobre os processos pedagógicos desenvolvidos. A nota ou conceito é apenas uma mensagem, uma convenção utilizada para comunicação com os alunos e seus pais.

E vocês, coordenadores, o que pensam sobre esse assunto?

Até a próxima semana.