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4 dicas para a avaliação das atividades pedagógicas dos professores

POR:
Muriele Massucato
Foto: Ricardo Toscani

Olá colegas,

Sabemos que nem todas as atividades precisam ser escritas, obviamente. Porém, vivemos em uma sociedade “grafocêntrica”, na qual os registros são ainda muito valorizados e, portanto, é bastante comum que as aprendizagens, estratégias e formas de pensar das nossas crianças estejam registradas nas famosas folhinhas, especialmente no Ensino Fundamental.

Pensando assim, avaliar antecipadamente as atividades que serão xerocopiadas e oferecidas às crianças é mais uma boa forma de nos aproximarmos do trabalho do professor e orientá-lo, sempre que necessário.

Não se trata de dizer: “Esta atividade pode e esta não pode!” Afinal, sabemos que, na Educação, uma mesma proposta pode ser analisada sob diferentes aspectos, variando em contexto e estratégias, dependendo da concepção pedagógica na qual se apoia etc.

Portanto, o olhar de quem avalia precisa ser sempre muito cuidadoso e respeitoso, buscando se aproximar do professor, em busca dessas ricas informações que auxiliarão na compreensão daquilo que foi planejado.

Quando eventualmente não autorizo alguma atividade, costumo fazer uma devolutiva escrita ao professor, além de me reunir com ele para esclarecer os aspectos que pesaram na decisão. Com esses cuidados, promovo uma ação formativa com os docentes e sinto a equipe mais próxima e confiante no meu trabalho.

Compartilho com vocês alguns aspectos importantes para avaliar a pertinência ou não das propostas. É certo que esse “check list” básico pode variar, mas, por meio da minha experiência, tenho observado que esses quatro aspectos são adequados:

1) Diagramação e estética: Verifico se a atividade está bem inserida na folha, se há espaço para realização das propostas e para a escrita do nome do aluno, turma e data. Vejo se tem o nome da escola, se não são muitas atividades em uma só folhinha, se não há desenhos estereotipados etc.

2) Aspectos pedagógicos, fontes de pesquisa ou referências: Analiso se o objetivo da atividade está claro e coerente com o plano de ensino do professor e se está descrito na folha. Verifico ainda se a atividade atende de fato ao objetivo proposto. Em caso de textos, obras de arte ou outras imagens, vejo se há a referência com nome do autor/artista e a qualidade da fonte.

3) Concepção que fundamenta a atividade: Vejo se é coerente à nossa proposta pedagógica. Por exemplo: de acordo com a perspectiva sócio construtivista interacionista de aprendizagem da rede de ensino onde eu atuo (e, portanto, prevista no PPP da nossa escola), as atividades com treinos repetitivos, mecanizados, que não promovem a interação e a reflexão das crianças são pouco interessantes e, por isso, dispensáveis. O tempo didático tem que ser aproveitado da melhor forma possível, com boas situações de aprendizagem.

4) Nível de aprendizagem: Analiso se a proposta está de acordo com a turma, verificando inclusive se o professor previu variações para os diferentes ritmos e saberes das crianças, promovendo a participação e inclusão de todos os alunos.

Muitas teorias nos apoiam neste sentido.  Pode-se pensar em uma mesma proposta, porém com estratégias variadas, de acordo com os saberes das crianças. No processo de alfabetização, isto é muito comum: enquanto crianças com hipóteses de escrita silábico-alfabéticas e alfabéticas produzem textos de memória com certa autonomia, as crianças com hipóteses silábicas podem desenvolver a mesma atividade por meio de recorte e colagem de palavras ou versos da cantiga conhecida, em parcerias produtivas com crianças de saberes próximos.

Na matemática, da mesma forma, é preciso garantir a liberdade para que as crianças resolvam situações-problemas através de estratégias variadas. Há alunos que sistematizam seus saberes por meio de cálculos matemáticos, porém outros podem demonstrar um mesmo conhecimento através de desenhos ou esquemas (representações pictóricas), além do uso de materiais de contagem, por exemplo.

Essas variações precisam contemplar as crianças com necessidades educacionais especiais e é papel do coordenador refletir, em parceria com o professor, sobre a inclusão de todas as crianças e o planejamento de boas atividades que valorizem e contemplem essa diversidade natural presente em sala de aula.

Todos esses cuidados não excluem ainda um olhar que precisamos ter no dia-a-dia da escola e que somente a observação contínua, na rotina, nos garantirá: Como as atividades estão sendo trabalhadas em sala? Será que as crianças não estão muito tempo sentadas, enfileiradas? Será que todas as atividades precisam mesmo ser escritas? Quais formas de dinamizar e variar a rotina e a organização da turma?

Essas reflexões são pontos valiosos para formações em equipe. Valorizo o uso de jogos, da tecnologia e de outras propostas lúdicas que, geralmente, são excelentes formas de aprendizagem. Também dou valor aos registros reflexivos dos professores, fotográficos ou em vídeos, como formas de documentação das propostas. Porém, quando o assunto é atividade escrita na folhinha não podemos descuidar também, combinado?

E vocês colegas, como avaliam as atividades propostas pelos professores? Vamos trocar nossas experiências a respeito?

Um abraço,

Muriele Massucato