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Telma Vinha é professora de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Telma Vinha É professora de Psicologia Educacional da Universidade de Campinas (Unicamp)
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Como se colocar no lugar do outro, de verdade

POR:
Telma Vinha
Crédito: Shutterstock

Ela é fundamental para que jovens e crianças evitem o bullying. A empatia - habilidade para perceber o estado emocional do outro - está na essência das boas relações interpessoais. Para que ela exista, é preciso entender a perspectiva alheia e reconhecê-la como válida, sem julgamentos. Para que isso aconteça, o indivíduo se conecta com algo em si próprio que identifica o sentimento que o outro pode estar passando. É essa habilidade que ajuda crianças e jovens a evitarem agressões, porque só quem teme sentir a mesma dor pode se colocar no lugar da outra pessoa.

As demonstrações de carinho e de cuidado que recebemos desde a primeira infância são essenciais para construir a empatia, assim como as interações que acontecem em família e na escola. Quando a criança convive com adultos e pares empáticos, tende a seguir o mesmo caminho e valorizar essa forma de atuar. O nível de empatia varia de pessoa para pessoa, mas é possível melhorá-lo, pois essa habilidade pode ser aprendida. A escola é um ambiente riquíssimo para desenvolvê-la, pois é um local favorável para praticar o respeito às diferenças e para enxergar as situações pela perspectiva do outro.

Na prática, tudo conta. Os alunos observam como os adultos se relacionam entre si, são influenciados pela linguagem que educadores utilizam e até por imagens e textos fornecidos em sala de aula. Faz muita diferença quando professores e gestores costumam apoiar os diferentes, se manifestam abertamente diante da falta de respeito e, além disso, fazem da escuta atenta uma prioridade. Ações que indicam o cuidado com o outro também importam. Já pensou em incentivar os alunos a planejar formas diferentes de acolher os recém-chegados? Assim, mostramos que o interesse pelo que os outros pensam ou sentem é a melhor maneira de conhecê-los. Esse tipo de atitude também pode ser um passo importante para que eles se aproximem de situações em que é necessário colocar a empatia em prática.

Além dos modelos praticados por nós, adultos, é possível propor atividades que incentivem o autoconhecimento, a compreensão e a ajuda ao outro. Elas devem permitir que se aprenda a observar, a identificar os envolvidos na situação e a refletir sobre os diversos pontos de vista. Também é válido simular uma situação que o aluno não esteja vivendo, mas que o estimula a entender o que se passa e os sentimentos envolvidos, como as ações de alguns impactam os colegas, como pedir auxílio e buscar soluções. Imagens, vídeos e contos servem de apoio nesses momentos. Um passo a mais é acolher o diálogo, por meio de rodas de conversa, assembleias, trabalhos em grupo e reorganização dos móveis para favorecer a convivência. Quando propiciamos a oferta de espaços e de tempo para a comunicação e o conhecimento mútuo, trabalhamos a empatia.

TELMA VINHA, é professora de Psicologia Educacional da Unicamp. Coautoria de MARIA NATIVIDAD ALONSO ELVIRA, professora da Universidade de Valladolid, na Espanha