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O bom estudante à escola retorna

Convide os ex-alunos a participar de eventos e se envolver em projetos da escola

POR:
Marina Oliveira, Rita Trevisan
Com o apoio dos ex-alunos, as turmas da CE João Alfredo se engajaram na preservação do acervo. Foto: Fernando Frazão
Juntos pela memória Com o apoio dos ex-alunos, as turmas da CE João Alfredo se engajaram na preservação do acervo

Quanto mais colaboradores da comunidade, mais condições a escola terá para desenvolver iniciativas e divulgar seu trabalho, certo? No entanto, às vezes pode ser um desafio envolver as pessoas na rotina escolar. Então, por que não começar a mobilização por quem um dia fez parte dela? Os ex-alunos, mesmo bastante tempo após o término dos estudos, guardam com carinho as memórias da infância e da adolescência - e, portanto, tendem a se sensibilizar com as propostas da escola. "O ambiente educacional é um patrimônio cultural e a relação entre a instituição e os ex-alunos ajuda a fortalecê-lo", explica Heloísa Lück, diretora educacional do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba.

No entanto, esses vínculos afetivos ainda são pouco explorados. Apesar da predisposição em colaborar, em projetos e atividades, dificilmente os ex-alunos se organizam espontaneamente para esse fim - normalmente, quando buscam a instituição, a motivação é eminentemente social: reencontrar amigos e professores. Cabe à equipe gestora aproveitar a aproximação e aprofundar a parceria, como fez o CE João Alfredo, no Rio de Janeiro. Graças ao contato estabelecido na comunidade de uma rede social, um grupo de jovens reativou, em 2007, a associação de ex-alunos que estava abandonada. Em reuniões presenciais, eles começaram a trabalhar pelo resgate da memória da instituição. No ano seguinte, a equipe gestora ofereceu ao grupo uma sala e delegou a eles a responsabilidade por montar e manter o acervo histórico, junto com o grêmio estudantil. "O contato com adultos ajudou a despertar nos alunos a curiosidade pelo passado e o interesse em preservá-lo", conta a diretora, Cláudia da Silva Santos.

Se a iniciativa não partir dos próprios ex-alunos, os gestores devem procurar estratégias para atraí-los (leia a última página). "Ao convidá-los para uma visita ou para um evento, enfatize o caráter emocional do reencontro", recomenda Vanda Noventa Fonseca, assessora educacional da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. À medida que a convivência se intensifica, é possível sugerir formas de colaboração que demandem mais tempo e dedicação.

Eles podem ser incentivados, por exemplo, a coordenar, com o apoio da equipe gestora, atividades extracurriculares e organizar eventos institucionais. "Ao apresentar a ideia ao ex-aluno, a escola deve deixá-lo à vontade para decidir de que maneira ele gostaria de ajudar", diz Maura Barbosa, consultora pedagógica de GESTÃO ESCOLAR. Vale lembrar que os jovens e os adultos têm outros compromissos e necessitam de antecedência para se organizar. Da mesma forma, a escola deve garantir as condições necessárias, como espaço e materiais, para que eles possam contribuir.

Na EE Professora Castinauta de Barros Mello e Albuquerque, em Campinas, a 92 quilômetros de São Paulo, os ex-alunos foram chamados a compartilhar experiências profissionais. O objetivo da vice-diretora, Ivonete Alves da Silva Giordano, era reverter os altos índices de abandono e estimular os 400 jovens matriculados no período noturno do Ensino Médio a darem continuidade aos estudos. No primeiro encontro, profissionais de diversas áreas, entre psicólogos, dentistas, advogados e engenheiros, deram o depoimento sobre como a escola contribuiu no desenvolvimento pessoal e na carreira. "Os alunos ficaram motivados, pois as histórias eram de jovens como eles, que haviam tido aula com os mesmos professores", conta Ivonete. A ideia deu tão certo que a escola agora planeja criar um programa de orientação profissional.

Encontros formais favorecem a articulação

Profissionais voltam à sala de aula da EE Castinauta de Barros Mello para partilhar experiências. Foto: Patricia Stavis
Palestras de trabalho Profissionais voltam à sala de aula da EE Castinauta de Barros Mello para partilhar experiências

Além de colaborações pontuais, os ex-alunos podem formar uma associação, com membros fixos, diretoria e encontros regulares. A pedagoga Naldemir Saraiva, coordenadora do memorial do CE Atheneu, em Natal, incentivou a direção a retomar a organização - inativa há 20 anos. Por ser uma instituição tradicional da região, os principais jornais da cidade publicaram reportagens convidando os ex-alunos a participarem. A repercussão dos meios de comunicação foi tanta que, em pouco tempo, a associação conseguiu a adesão de 400 membros.

Hoje, eles se reúnem de três em três meses numa sede própria, dentro da instituição, para discutir melhorias e desenvolver iniciativas com o apoio da equipe gestora. Um grupo de advogados, por exemplo, presta assessoria jurídica a pais de alunos. Membros envolvidos no meio empresarial se encarregaram de buscar parcerias com comerciantes locais para ajudar em diversos projetos da escola. Com mais visibilidade na sociedade, o Atheneu conseguiu chamar a atenção do governo para resolver os problemas de infraestrutura por que passava.

Para que os encontros com os ex-alunos sejam produtivos, vale expor projetos e ações em fase de desenvolvimento e, eventualmente, apresentar o que foi feito nos últimos anos, já que nem todos estão a par dos acontecimentos escolares desde que terminaram os estudos. Da mesma forma, é interessante aproximá-los das decisões administrativas e pedagógicas, organizando alguns encontros em conjunto com o conselho escolar e a Associação de Pais e Mestres. "Quando há reuniões formais entre essas entidades e a gestão, é possível discutir questões mais profundas como, por exemplo, adequações ao currículo escolar, ou o desenvolvimento de projetos específicos voltados para a comunidade", afirma Heloísa Lück.

Como formar a parceria
Para chegar a um grupo fixo de ex-alunos, é preciso atraí-los a eventos da escola

Atualização do cadastro Verifique se os números de telefone e os endereços de e-mail nos arquivos da secretaria são válidos, marcando aqueles com quem não foi possível estabelecer contato. Busque os ex-alunos nas redes sociais e convide-os a curtir a página da escola. Talvez até já exista uma comunidade virtual criada por eles - o que pode agilizar o processo.

Abordagem inicial Lance perguntas provocativas no blog, na página oficial e nas redes sociais que estimulem o reencontro de colegas: qual era sua turma e quem eram seus amigos? Qual sua melhor lembrança dos tempos de colégio? Em que você trabalha ou estuda hoje em dia? "Essas questões ajudam na reaproximação e criam um espaço para relembrar boas experiências", sugere Lincoln Tavares Silva, diretor do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ).

Encontro presencial Convide as pessoas pela internet ou por telefone a participar de um evento que já faça parte do calendário escolar, como a festa de aniversário da instituição ou a apresentação de um projeto cultural ou artístico realizado pelos alunos.

Expansão dos contatos Aproveite a ajuda dos presentes no evento para corrigir e completar os dados cadastrais. Estimule-os também a convidar os antigos colegas para as próximas festividades. Até que o vínculo presencial se consolide, invista em um contato virtual constante.

Criação de um fórum Quando a presença de ex-alunos se tornar frequente, é hora de estimular a contribuição deles para melhorar a escola. Reserve um espaço e organize reuniões para discutir melhorias na instituição, estimular a participação em projetos e a interação com os alunos. A periodicidade dos encontros deve ser decidida em conjunto com o grupo.

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