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O que fazemos para formar nossos professores dentro das escolas

POR:
Eurismar Silva Ribeiro
 Professores em formação: passeio pelo centro histórico de Sobral-CE com um historiador da Universidade Vale do Acaraú (UVA). Foto: Divulgação - Eurismar Ribeiro

Em toda minha vida como educadora, o que tem sustentado minha prática é a formação continuada realizada geralmente dentro das escolas por onde passei, que vem sempre ligada aos desafios que a prática cotidiana do fazer pedagógico impõe.

Aqui no município de Sobral, no Ceará, os professores e coordenadores passam por formação mensal ofertada pela Escola de Formação Permanente do Magistério e Gestão Educacional (ESFAPEGE). Além dessa formação, as escolas promovem formação continuada aos educadores de acordo com suas necessidades.

No Centro de Educação Infantil Dolores Lustosa, onde eu trabalho, começamos o ano elaborando o plano anual de formação de professores, mas antes ouvimos os nossos educadores e escolhemos junto a eles o que vamos estudar ao longo do ano. Além disso, lemos e também assistimos vídeos e documentários, cujas temáticas surgem a partir das novas demandas do trabalho com as crianças. Garantimos, dessa forma, o empenho e a dedicação dos professores para estudar textos teóricos, por exemplo.

Neste ano, o grupo de professores do Infantil V decidiu estudar, por exemplo, os livros da Professora Esther Pillar Grossi ("Didática dos Níveis Pré-Silábicos", "Didática do Nível Silábico" e "Didática do Nível Alfabético"), que tratam do processo de alfabetização de crianças de classes populares. Escolhemos essa coleção pois sentimos necessidade de fazer adequação da nossa prática às necessidades do público atendido, que muito se assemelha às condições de vida das crianças relatadas na experiência de alfabetização do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (

GEEMPA) da professora Esther Pillar em Porto Alegre.  

No CEI Dolores Lustosa, temos estudos específicos, por grupos, duas vezes por mês, nos momentos de planejamentos dos professores, e um estudo mensal, para toda a instituição, junto ao Núcleo Gestor. Os estudos específicos são ministrados por cada coordenador que acompanha seu grupo. Os professores que acompanho geralmente fazem a leitura dos textos em casa e refletimos coletivamente na instituição. Em um desses momentos, estudamos até sobre a fila na Educação Infantil, descobrimos suas origens, e após a reflexão da nossa prática, alguns professores decidiram abolir a fila e o elástico como forma de organização para sair de sala.  

Constatei que o momento fundamental na formação de professores é o da reflexão crítica sobre a prática, como já dizia Paulo Freire no seu livro Pedagogia da Autonomia que “é pensando criticamente as práticas de hoje e de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Interessante observar também que o professor só muda de atitude se estiver confiante, fundamentado e com desejo para experimentar determinada prática. Mesmo estudando, refletindo e construindo novos conhecimentos, é necessário desejar fazer diferente e praticar o que aprendeu.

Daí a importância do coordenador, sendo sabedor das necessidades dos seus professores, precisar estimulá-los, encorajá-los e apoiá-los a se aventurar, pois mudanças de paradigmas não acontecem de forma mágica, depende da disponibilidade para conhecer, da reflexão sobre a prática e da ousadia para transformar.

Tenho consciência que nada disso é fácil, exige esforço! É necessário considerar ainda que, os educadores em formação na escola têm diferentes saberes, construídos pela experiência, que precisam ser valorizados, respeitados, preservados e ampliados. Uma das importantes tarefas do coordenador é contribuir para o desenvolvimento profissional dos professores, e ao cumprir essa tarefa contribuirá inevitavelmente para o seu próprio crescimento e para a aprendizagem e desenvolvimento de todas as crianças.

No início foi difícil colocar a teoria na prática. Lembro que quando começamos a trabalhar com projetos específicos por sala, numa experiência realizada no ano passado, as professoras sentiram dificuldades para elaborar seus projetos. Dessa forma, estudamos o livro da professora Maria Carmem Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Hor ("Projetos pedagógicos na Educação Infantil"). Ao terminar a leitura, as professoras demonstravam segurança e independência para propor novos projetos de acordo com a realidade e particularidades de sua turma. Até o momento continuamos vivendo bons projetos no CEI, pensados e elaborados pelos professores.

E na sua escola, como acontece a formação dos professores? Conte-nos a sua experiência.

Eurismar Silva Ribeiro é coordenadora pedagógica no CEI Dolores Lustosa, em Sobral, Ceará, desde outubro de 2015. É pedagoga e tem especialização em psicopedagogia institucional e em gestão escolar.