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O papel do coordenador pedagógico na recuperação dos alunos

POR:
Joice Lamb
Foto: Getty Images

Primeira semana de dezembro. Pode ser que seja tarde para fazer a recuperação dos alunos. Mas, por outro lado, convido os coordenadores a pensar sobre este processo tão importante e necessário e que também deve ser responsabilidade da gestão da escola. É um momento muito adequado para trazer à tona essa discussão, porque refletir sobre como acontece a avaliação na escola é um processo que não pode acabar nunca, e precisa ser sempre renovado no final do ano, quando os ânimos estão exaltados e os fracassos doem mais. Por isso, trago alguns questionamentos que podem ajudar a sua escola a repensar o processo de recuperação.

1. Você sabe como acontece a recuperação na sua escola?

Os professores têm horários disponíveis para fazer recuperação no contraturno? Quando os alunos faltam à aula, como podem recuperar provas e trabalhos? Existe alguma norma ou diretriz ou cada professor define como vai lidar com a situação? Alunos com dificuldade de aprendizagem têm acompanhamento psicopedagógico? Você sabe quais alunos foram chamados para recuperação, quais vieram e quais faltaram?

Organizar o processo de recuperação na escola, respeitando a LDB e as diretrizes da mantenedora, é uma das funções do coordenador. Se a escola possui clareza nas instruções para realizar a recuperação, ela deixa alunos, professores e famílias muito mais tranquilos. Aí, quando chega o final do ano, todo mundo sabe o que fazer e o pânico não pega ninguém.

2. Os pais são informados quando os alunos estão apresentando dificuldades de aprendizagem?

Alguém poderia dizer que os pais ficam sabendo quando recebem o boletim, mas uma coisa é ter acesso a um papel, outra bem diferente é ser chamado para uma conversa. Quando acontece este encontro com os pais, além de informar sobre os resultados do aluno, também é necessário traçar estratégias para resolver ou minimizar o problema. Quando todos têm clareza do que fazer e tudo que foi acordado fica registrado, é muito mais fácil identificar onde está o problema e quando o aluno não consegue melhorar o seu rendimento.

3. Quem conversa com os alunos sobre o seu rendimento?

Conversar com as famílias é essencial, mas não substitui a importância de uma conversa próxima com o estudante. E não só aquela conversa que o professor da disciplina têm com cada um. Em muitas escolas o Orientador Educacional faz esta função, em outras existe um professor conselheiro, mas nada impede o coordenador de fazer a atividade. O aluno não deve se sentir sozinho, nem culpado porque não está conseguindo um desempenho suficiente para ser aprovado. Principalmente nos anos finais, quando cada turma tem mais de seis professores diferentes, os alunos podem ficar perdidos e desanimados, desistindo de estudar muito antes do final do ano por pensar que não tem mais “chance” de ser aprovado.

4. Na sua escola acontece o pré-conselho?

Principalmente no último período letivo, seja bimestre ou trimestre, é necessário que os professores se reúnam, pelo menos um mês antes do final do ano, a fim de verificar quais são os alunos que precisam de um atendimento mais específico e como vai ser realizado. Neste momento, a coordenação deve estar junto dos professores sugerindo possibilidades e criando alternativas para oferecer recuperação aos alunos que precisam. Dessa forma, os professores não ficam sozinhos decidindo a aprovação ou reprovação dos alunos e percebem que a gestão da escola está trabalhando junto e não apenas cobrando resultados.

Ao final desse processo, não devemos divulgar índices de reprovação, e sim pensar em cada um, porque, por trás dos índices, nós temos pessoas. Também é necessário refletir se não tornamos o sucesso coletivo e o fracasso individual. Entendemos o sucesso dos alunos como um orgulho para a escola, mas o fracasso, só é problema do aluno e da sua família. Cada aluno reprovado ou evadido na escola representa uma falha do coletivo da escola, porque todos são responsáveis. Por isso, nunca é tarde para se pensar na recuperação.

E vocês, como passam por essa fase no final do ano? Escreva nos comentários.

Até a próxima,

Joice Maria Lamb é professora da rede municipal de Novo Hamburgo-RS desde 1991 e já teve turmas em quase todos os anos do Fundamental I e II. Atualmente, atua como coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Dienfenthäler. É formada em Letras, tem especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e foi uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 2017.