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Escolha de turma requer bom senso e sensibilidade

Professores precisam considerar sempre a melhor experiência para o aluno

POR:
Marlucia Brandão
Na hora de escolher a turma, o professor deve considerar o que é melhor para a qualidade do ensino  Foto: Getty Images

Considerando que a escola possui dois pilares fundamentais – professor e aluno – e que toda formação e transformação dentro do processo educacional passam efetivamente por esses atores, para que sejam capazes de mobilizar e sensibilizar a família e até a comunidade, é imprescindível que o ano letivo comece com as escolhas acertadas.

Uma tarefa muito relevante é a escolha das turmas. Na maioria das vezes, ela fica a cargo da secretaria escolar e é realizada de forma aleatória, mas há casos em que essa escolha é feita de forma compartilhada com professores e a área pedagógica. Esse modelo tem chances de ser mais acertado, pois é dado ao professor o direito de fala e a opinião dele é levada em consideração (fator importantíssimo!).

Para escolha da turma, algumas escolas baseiam-se no tempo de serviço do professor dentro daquela instituição. Ou seja, professores com mais tempo de casa têm a chance de escolher primeiro. É o caso da maioria das escolas da Rede municipal de Marataízes-ES, em que aquele que quem escolheu primeiro durante o processo de efetivação, acaba ganhando o direito de apontar a turma que deseja.

E aqui valeria a pergunta: seria essa a melhor prática?

Que outros critérios deveriam ser considerados no processo de escolha de turma? O professor poderia ter a liberdade de participar da organização das turmas, ajudando a Pedagogia a estruturar os alunos a fim de obter o melhor desempenho por parte do docente. Os professores também poderiam ser orientados a fazer a escolha conforme a afinidade, respeitando sempre a necessidade de cada turma.

E em caso de conflito na escolha, quem leva a melhor?

É aqui que entra o bom senso e o diálogo transparente. Costumo dizer que todo processo de escolha, seja na vida pessoal ou profissional, transforma-se em um momento decisivo para garantir ou não o bem-estar e o sucesso dos nossos objetivos. As escolhas positivas nos proporcionarão maior tranquilidade; já as feitas ao acaso farão com que todos os envolvidos sofram ao longo do caminho – apesar de tudo se transformar em aprendizado!

Alunos do  EMEIEF “Boa Vista do Sul” em Marataízes-ES  Foto: Arquivo/Marlucia Brandão

Uma forma de estabelecer o diálogo é deixar claro que, em primeiro lugar, é preciso levar em consideração a afinidade do professor com a série escolhida e o trabalho realizado nos anos anteriores. Esses quesitos devem servir como ponto de partida para a realização de um trabalho sério, eficaz e ao mesmo tempo prazeroso para aluno e professor.

Sabemos que nem sempre a escolha de turmas agrada a todos. Pode acontecer um professor/alfabetizador ficar encarregado das turmas finais do Fundamental 1, o que não seria ruim. Mas não se pode negar que a experiência dos alunos das séries iniciais ganharia em qualidade e aproveitamento com um profissional alfabetizador experiente.

O grande desafio do ensino Fundamental 1, nesses últimos anos, tem sido o 3º ano, série responsável por “encerrar” o ciclo da alfabetização e também por um índice altíssimo de reprovações. Isso ocorre porque do 1º para o 2º ano e do 2º para o 3º ano, a criança é avançada automaticamente. Dessa forma, alguns professores evitam o 3º ano, pois não desejam assumir tal responsabilidade e tamanho desafio.

Quando nos deparamos com os sérios problemas na habilidade da escrita, leitura, interpretação e raciocínio lógico por parte de alguns alunos, inclusive no Fundamental 2, percebemos como a Educação Infantil e o Ensino Fundamental bem estruturados e com os professores certos poderiam ajudar a mudar essa realidade.

Na Escola onde atuo como gestora, a EMEIEF “Boa Vista do Sul” em Marataízes (ES), eu acompanhei em 2017 a escolha de turmas pelos professores. O resultado superou minhas expectativas: apenas cinco alunos não alcançaram a aprovação no Fundamental 1 e isso se deu graças ao empenho de todos, fruto de um trabalho pedagógico conjunto e dialogado e de uma postura séria por parte de cada docente. O que mostra que é possível, sim, fazer a escolha de turma mais acertada quando há diálogo e todos buscam o que é melhor para o aluno.

 

Um forte abraço!

Marlucia Brandão é diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012.

Atividade com alunos do Fundamental 1 na  EMEIEF “Boa Vista do Sul” em Marataízes-ES  Foto: Arquivo/Marlucia Brandão