Na creche, todo cuidado é pouco
Para garantir a segurança dos bebês, atenção aos móveis e objetos disponíveis
POR: Alice Ribeiro"Aqui, só não cai quem não se mexe." Dessa afirmação, não há diretor ou coordenador pedagógico de creche que discorde. Quando se trata de criança pequena, o tombo é o grande culpado pela maioria dos acidentes no ambiente escolar - tanto daqueles escorregões bobos de quem está aprendendo a andar como de quedas mais sérias que demandam intervenção médica. Sem falar nos riscos de um bebê colocar o dedo na tomada ou mesmo bater a cabeça no armário. Na Educação Infantil, a prevenção e os cuidados são tão importantes quanto os conteúdos a serem trabalhados. "No trato com bebês, a integridade física é prioridade, porém não existe no país bibliografia relacionada ao tema", afirma Eliana Bhering, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, em São Paulo.
Sem normas de segurança, o bom senso dos gestores será o balizador do que deve ou não ser feito. "Se ele não perceber que é inviável o berçário ficar no primeiro andar, todos os dias haverá o risco de alguém tropeçar na escada com uma criança no colo ou mesmo de ela fugir do olhar da professora e chegar sozinha aos degraus", explica Eliana.
Na verdade, diz a pesquisadora, a escada nem deveria fazer parte de uma unidade de atendimento infantil. Porém é preciso se basear no retrato real da Educação brasileira. Poucos municípios têm construções erguidas especialmente para esse fim, com os parâmetros de segurança observados desde a concepção do prédio. Na rede direta, há creches que funcionam em edifícios antigos e sem nenhuma adaptação. Além disso - principalmente nas grandes cidades -, parte da demanda é atendida por instituições conveniadas e nem sempre se exige que elas sigam os padrões estabelecidos (veja ilustrações desta reportagem).
Discussão sobre segurança deve ser incluída na formação
Para resolver essas questões, as Secretarias de Educação podem se valer do conhecimento de outras áreas, como fez a cidade do Rio de Janeiro: uma parceria com a Secretaria de Saúde definiu condutas e protocolos que se transformaram no Manual de Orientações para Profissionais de Educação Infantil. Lançado em 2010, o texto mostra que, se alguns cuidados parecem óbvios - como a importância de manter tesouras e objetos cortantes em armários trancados -, outros exigem um olhar criterioso. O uso de cortinas de tecido, por exemplo, soa como algo inofensivo. Não é. Esse material acumula poeira - o que causa alergias - e, durante a brincadeira, alguma criança pode se enrolar, correndo o risco de se sufocar.
"Fizemos a publicação para os diretores, pois cabe a eles garantir os suprimentos. Só quem é bem informado opta pela persiana de plástico, mesmo sabendo que as cortinas de pano são mais baratas", afirma Simone de Souza, da Secretaria Municipal de Educação Infantil do Rio de Janeiro.
Para que as orientações sejam seguidas sem parecer mais um compêndio de normas, a Secretaria promove, desde 2010, momentos de formação com foco nas questões de segurança e higiene. A diretora do Espaço de Desenvolvimento Infantil Rodrigo Lopes da Silva - Tikinho, Heveny Costa Mattos, do Rio de Janeiro, diz que nesses momentos ela troca experiências com outras diretoras e descobre caminhos seguros e simples para evitar acidentes. Há pouco tempo, a cantina do Tikinho passou por uma reforma para rebaixar a bancada de devolução dos pratos (de vidro) da merenda. "Ela era alta e as crianças não a alcançavam. Após dois pratos caírem em dias seguidos, fizemos a mudança para não haver o risco de cortes."
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