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Para garantir uma boa substituição

As condições para que o professor eventual realize o melhor trabalho possível na falta do titular

POR:
GESTÃO ESCOLAR, Paula Takada, Bruna Nicolielo, Elisa Meirelles de São Paulo, Rodrigo Ratier

Hora da entrada. Os alunos estão chegando à escola quando a coordenação pedagógica recebe o telefonema de um professor, avisando que não poderá trabalhar naquele dia. O que fazer? Deixar as crianças no pátio? Mandá-las de volta para casa? Geralmente, as escolas têm à disposição um professor substituto (também chamado de eventual) para ficar com a turma. E ele, avisado de última hora, sabe o que
deve fazer?

Silmar dos Santos, mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autora da pesquisa As Faltas de Professores e a Organização de Escolas na Rede Municipal de São Paulo, constatou que as soluções mais frequentes usadas pelas escolas para cobrir as ausências são: utilizar professores eventuais, distribuir a turma pelas classes da mesma série, deixar os alunos em outros espaços da escola sem professor ou mesmo na sala, mas sem ninguém para conduzir um trabalho (a chamada aula vaga), e dispensar os alunos - essa última, a pior das soluções (leia no quadro abaixo por que isso não deve ser feito em caso de falta de professor).

Numa escola bem gerida, o substituto - em vez de ficar distraindo as crianças para que o tempo passe rapidamente - pega um plano de aula previamente preparado pelo titular da turma e, com ele em mãos, organiza os alunos e conduz uma atividade complementar ao conteúdo que está sendo estudado.

Ter um banco de atividades extras para ser usadas em situações emergenciais é uma das ações eficientes que diretor e coordenador pedagógico podem implementar, assim como integrar os eventuais aos momentos de formação da escola. Nesta reportagem, você vai conhecer quatro iniciativas da equipe gestora que criam condições para que o substituto cubra de forma eficiente a ausência de um colega.

Em algumas redes, como a estadual de São Paulo, os eventuais não ficam na escola nem na Secretaria. Eles são contratados diretamente pelo diretor ou coordenador conforme a necessidade e ganham por dia ou hora trabalhada. Em geral, os próprios eventuais procuram as escolas mais próximas de sua casa e se colocam à disposição para ser chamados a qualquer hora. Nesses casos, os gestores preparam uma lista de bons profissionais e, na escola, têm planos de aula prontos
para usar.

Outras redes contam com a presença de substitutos diariamente na escola, faltando ou não professor. A EMEF João Belchior Marques Goulart, em São Leopoldo, município da Grande Porto Alegre, conta com dois por turno e o arquivo de atividades é periodicamente atualizado. E se faltarem mais de dois educadores? "Tanto a bibliotecária como a responsável pela sala de informática - ambas pedagogas - estão preparadas para entrar em sala de aula, pois também participam da formação de professores e têm acesso ao banco de planos de aula", conta Cláudia Maragno, coordenadora pedagógica da unidade.

A interação entre substituto e titular tem de ser constante durante o ano. Mas a troca se torna mais necessária quando as ausências são longas - por causa de licença-maternidade ou permissão para fazer um tratamento médico, por exemplo. É importante que o profissional que vai cobrir o colega conheça as características da turma, entenda o que já foi planejado para o período de substituição, saiba como os projetos estão avançando e tenha acesso aos registros dos alunos. Tudo isso para garantir que não haja a ruptura durante a transição do trabalho de um docente para outro. O mesmo deve ser feito no retorno ao trabalho de quem tirou licença: as aulas dadas pelo professor eventual têm de ser registradas.

Faltas não podem prejudicar a aprendizagem dos alunos

Como qualquer profissional, o docente pode ser surpreendido por algum acontecimento inesperado que o faça perder um dia de trabalho. Diversas pesquisas mostram que o principal motivo do não-comparecimento são os problemas de saúde. Além disso, em diversos estados e municípios, a legislação permite certo número de faltas abonadas, ou seja, ausentar-se sem justificativa. Em algumas redes - como a municipal de São Paulo e a estadual do Rio Grande do Sul -, é possível ter até dez abonos por ano. Roberta Panico, consultora de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, propõe um problema para compreender a gravidade da situação: se em cada ano da primeira etapa do Ensino Fundamental o professor regente usar apenas as faltas a que tem direito (sem contar as por doença dele ou do filho ou outro motivo justificável) sem ser substituído adequadamente, ao fim do 5º ano ele teria perdido 50 dias de aula, o equivalente a dois meses e meio.

Absurdos como esse não podem acontecer. Daí a importância de a escola se organizar para os gestores não serem pegos de surpresa e as ausências não comprometerem a aprendizagem.

Os erros mais comuns
Na falta de professores, evite: 

- Dispensar os alunos Além de os estudantes ficarem sem aula, essa medida causa problemas aos pais, que podem não ter como buscar os filhos antes do horário previsto.

- Institucionalizar a aula vaga
Alunos ociosos conversam e fazem brincadeiras que certamente atrapalham a aula de outros professores. 

- Distribuir os estudantes por outras classes
As diversas turmas de uma mesma série não têm, necessariamente, contato com os conteúdos ao mesmo tempo. Por isso, pode haver diferença entre o planejamento dos professores. Além disso, a classe que recebe os alunos ficará superlotada e isso prejudica a aprendizagem. 

- Trocar as disciplinas do eventual
Se o professor de Língua Portuguesa faltar e o profissional disponível para substituí-lo for de Matemática, a melhor solução é pedir a ele para dar uma aula da própria disciplina, adiantando uma já prevista e, assim, evitando improvisos e conteúdos mal trabalhados.

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