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Clima escolar: a escuta e o reconhecimento podem transformar o ambiente

Muitas horas dos educadores são dedicadas e vividas na escola. Orquestrar os movimentos que influenciam o clima da escola e a aprendizagem é fundamental

POR:
Marlucia Brandão
Crédito: Getty Images

A grande maioria de nossos professores e demais profissionais da Educação possuem uma jornada de 40 horas ou mais de trabalho. Muito tempo é dedicado e vivido dentro da escola. É um espaço diverso e dinâmico, em que muitos sentimentos o perpassam. Por vezes, esses sentimentos passam também a dar o tom dentro dos processos de aprendizagens e, por isso, não dá para ignorar o clima do ambiente escolar.

Muitas vidas se cruzam nesse espaço único e mágico de trocas: amizades florescem (que podem durar uma vida ou marcar uma época), momentos vitoriosos são conquistados, pessoas e saberes são transformados. A beleza da escola está na magia de envolver pessoas com propósitos maiores, que se somem à aprendizagem. Está na fluidez das trocas, no olhar incentivador do colega, que torce e apoia você. No exercício do diálogo respeitoso. Na atitude que incentiva e procura meios para um fazer conjunto. No ensinar para oportunizar um jeito novo de aprender.

Mas nem só de alegria vive a escola. Não podemos deixar de falar dos momentos de frustração e de decepção, que também permeiam e até frutificam o aprendizado dentro da escola. Às vezes, são acontecimentos pontuais e adversos. Outros, porém, se enraízam de forma discreta, mas profunda e quando nos damos conta, assim como erva daninha, acabam destruindo laços e afetando diretamente a alma da escola e a sua missão.

É aí que o papel do gestor passa a ser imprescindível. Ele tem que, junto com a sua equipe, criar estratégias e caminhos para não deixar que as frustrações se transformem em algo que afete todo o ambiente o clima da escola, deixando-o frio, impessoal e improdutivo. A escola que não respeita os seus diferentes atores e que não trabalha para formar uma equipe envolvida que trabalhe com clima e perspectivas positivas, se torna distante do seu papel e dificulta alcançar os objetivos esperados. Para agir sobre esses pontos, é preciso identificar sinais de frustração ou decepções e não deixar que esse sentimento se enraíze e influencie o clima no trabalho e o cuidado com a comunidade interna. Alguns sinais que podem ser percebidos:

- o isolamento do profissional;
- a desmotivação com a profissão;
- o descaso com o fazer docente;
- a falta de empolgação com projetos e discussões da escola;
- a ausência de proatividade;
- a escola e todas as tarefas passam a ser um fardo. 

Colocar-se à disposição e utilizar o processo de escuta sensível pode ser o primeiro passo de muitos para lidar com o clima escolar. Assim como existem muitas famílias que quando a criança anuncia uma nota boa ou o sucesso em uma atividade, elas retrucam que não fizeram mais que a obrigação, existem escolas que também têm deixado de lado o exercício do reconhecimento. Com isso, têm perdido bons profissionais que, desmotivados, têm produzido e dado menos do que realmente são capazes.

O ato de elogiar, de reconhecer, de fazer-se disponível para o outro, dentro do espaço escolar, tem o poder de fortalecer  as relações e  transformar esse espaço, que chamamos de escola, em terra fértil para ampliação de saberes de todos os envolvidos.  

Um abraço,

Marlucia Brandão

Diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012.