Como fazer a avaliação na Educação Infantil seguindo as diretrizes da BNCC
A Base propõe uma nova organização do currículo que coloca a criança como protagonista do processo educativo
POR: Larissa TeixeiraA aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017 trouxe algumas mudanças para a Educação Infantil que devem impactar, também, a maneira como as crianças são avaliadas. Entre as diretrizes da Base estão a definição de seis direitos de aprendizagem (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se) e uma nova organização do currículo que coloca a criança como protagonista do processo educativo.
Antes, eram utilizados como documentos estruturantes desta etapa o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), de 1998, e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009. Com a BNCC, professores e coordenadores terão mais clareza do papel da Educação Infantil de acordo com cinco campos de experiência, que trazem objetivos de aprendizagem e habilidades que as crianças devem desenvolver dos 0 aos 5 anos.
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Segundo Laudicéa de Barros Leite Pereira, orientadora de duas escolas em São José dos Campos (SP), a Base trouxe um foco maior na escuta às crianças, que devem participar dos processos de decisão. “Muitas vezes, o professor fazia um planejamento sem levar em conta os reais interesses dos alunos. Agora, eles têm um papel mais ativo no desenvolvimento das propostas e o professor atua como um mediador”, diz.
Com base nessas diretrizes, a avaliação deve contemplar a evolução individual dos pequenos ao longo do tempo para identificar se os direitos estão sendo garantidos. Por isso, é essencial que tanto o docente quanto o coordenador atuem como observadores do cotidiano, para planejar intervenções que levem em conta as orientações nacionais e as necessidades de cada escola e cada turma.
Cristiano Alcântara, coordenador pedagógico do CEI 13 de Maio, em São Paulo (SP), e diretor da divisão de Educação Infantil do município, aponta que a avaliação nesta etapa é necessária para identificar se as práticas de sala de aula estão dando resultado. “A avaliação não serve para classificar a criança, mas para que o professor perceba se está promovendo momentos de aprendizagem e pense sobre o que deu ou não deu certo”, diz.
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Mas como fazer essa avaliação? De acordo com Leninha Ruiz, formadora de coordenadores e professores de Educação Infantil em São José dos Campos (SP), além da observação, tanto individual quanto coletiva, é essencial que os docentes tenham registros do que acontece em sala de aula – sejam eles escritos, fotográficos ou filmagens. Esses documentos servirão de base para que o coordenador planeje os momentos de formação e para que os docentes repensem suas práticas coletivamente. “Todo o planejamento deve ser baseado no olhar atento para cada criança. Há uma mudança na concepção do professor, que deve atuar primeiro como um observador, para depois definir seus projetos e propostas para cada turma”, explica.
Cristiano Alcântara aponta que os registros dos docentes e as próprias produções dos alunos são uma documentação importante que deve ser levada para os momentos de formação. “A partir da leitura dos registros e da observação de sala de aula, o coordenador pode auxiliar os professores com intervenções para garantir que os direitos previstos na Base sejam materializados no dia a dia”, aponta.
Uma das maneiras de fazer isso, segundo ele, é com uma leitura periódica dos registros e a produção de um documento síntese com os pontos mais importantes, que deve ser levado para os encontros formativos. “Essa devolutiva ao grupo é importante para criar parâmetros comuns, já que as dificuldades de um podem ajudar os outros membros da equipe”, explica.
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Nas escolas em que atua, a orientadora Laudicea tem organizado encontros com os docentes para se aprofundar nas diretrizes da Base e discutir como os objetivos podem ser alcançados. Segundo ela, os registros e relatórios do percurso das turmas e dos alunos ajudam a identificar o que deu certo e adequar o planejamento.
Leia, abaixo, algumas dicas práticas que podem ajudar o coordenador a avaliar a aprendizagem dos alunos na Educação Infantil:
Observação de sala de aula
Acompanhar o cotidiano das crianças e a didática dos professores em sala de aula é essencial para que o coordenador participe do processo de avaliação e consiga identificar as dificuldades e potencialidades das turmas. Assim, ele poderá trazer ideias e intervenções para os encontros de formação e incentivar a reflexão docentes sobre a sua prática.
Essa observação do dia a dia também envolve a organização do espaço e o fornecimento de materiais que possibilitem novas aprendizagens. “A partir de uma avaliação, coordenador pode propor materiais, brincadeiras e uma dinâmica espacial que promova a interação das crianças com o ambiente e com os objetos”, afirma Leninha.
Leitura e socialização dos registros
Outro instrumento importante para avaliar a evolução dos pequenos são as próprias produções das crianças e os registros dos professores, sejam eles escritos, fotográficos ou audiovisuais – é preciso identificar qual o melhor tipo de registro para cada situação.
Essa documentação pedagógica poderá ser analisada coletivamente durante a formação continuada, para que os docentes possam trocar experiências e compartilhar dúvidas e soluções. O objetivo principal desses instrumentos deve ser garantir a qualidade do ensino e a reflexão sobre a prática.
Acompanhamento periódico
A avaliação tem um papel central na Educação Infantil e não pode ser feita apenas no final do ano letivo. Tanto os docentes quanto os coordenadores precisam realizar observações e registros ao longo de todo o ano para que, depois, eles sejam reunidos em um portfólio ou documento síntese. Isso servirá para nortear a prática de sala de aula e possibilitar um replanejamento das atividades, caso necessário.
Encontros para discussão e estudo
É fundamental que o coordenador reserve alguns momentos da semana para estudar e promover discussões com a equipe sobre as diretrizes da BNCC. Isso fará com que os docentes tenham mais clareza na hora de fazer a avaliação da turma e consigam identificar se os direitos de aprendizagem estão sendo garantidos.
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