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Valorização da área de lazer

Com poucos recursos, creche reorganiza espaço do brincar reaproveitando pneus, cordas e mangueiras, tornando o ambiente seguro e atrativo

POR:
Maria Helena Ferreira da Costa
Maria Helena, da CMEI Joffre Castelo Branco, supervisiona as novas brincadeiras das crianças. Foto: Edi Vasconcelos
Maior interação Maria Helena, da CMEI Joffre Castelo Branco, supervisiona as novas brincadeiras das crianças

Há cerca de seis anos, todas as creches de Teresina, inclusive a nossa, o CMEI Joffre Castelo Branco, tiveram de retirar os brinquedos de ferro do parquinho. A orientação veio da Secretaria Municipal de Educação. Ela visava a obedecer às normas de segurança para espaços educacionais infantis e evitar qualquer tipo de acidente com as crianças. Sem escorregador, balança, gangorra ou trepa-trepa, os pequenos se limitavam a usar o vão livre para correr e jogar futebol e, não raro, a bola passava por cima do muro e caía na rua, acabando com a diversão.

Em 2012, a Gerência de Educação Infantil enviou alguns equipamentos de plástico - um gira-gira e três gangorras -, porém eles eram insuficientes para as 235 crianças atendidas nos dois turnos.

Preocupada com a necessidade de oferecer opções recreativas variadas e, assim, favorecer as interações e as brincadeiras - conforme previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil -, a equipe gestora começou a pensar em alternativas baratas que garantissem uma área de lazer adequada.

Pleiteamos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) um lote de madeira apreendido para usá-lo na construção de brinquedos. Contudo, o órgão não tinha previsão para atender a nossa demanda.

No meio do ano passado, conversando com Maria Teresa Mendes Fortes, psicopedagoga da creche, surgiu a ideia de usar pneus para a construção de balanços, já que o material é facilmente encontrado em depósitos de entulhos nas redondezas da instituição. Com o aval da diretora, Maria Izabel de Sousa Oliveira, fizemos um mutirão para recolher e limpar as peças. A própria equipe doou latas de tinta para colori-las.

Por uma série de fatores, optamos pela área coberta, pois, além de o calor ser mais ameno do que no espaço ao ar livre, não haveria risco de os pneus acumularem água de chuva - evitando possíveis focos de dengue. Outro aspecto essencial é que a estrutura do telhado serviria de base para a sustentação dos balanços.

Edmilson Oliveira, marido da diretora, se encarregou das instalações. Bombeiro aposentado, ele coletou na corporação em que trabalhava algumas mangueiras ociosas, que foram fixadas no teto para suspender os assentos - sete no total. Edmilson também usou pequenos pedaços de madeira e cordas - o único item que tivemos de comprar - para a montagem de escadas que ficam presas à parede. Toda a obra demorou cerca de um mês para ser finalizada e colocada em uso.

Estão disponíveis ainda 18 pneus para uso em atividades variadas - a preferida das crianças consiste em empurrar um deles pelo chão até certo ponto sem deixá-lo cair. Desde então, o playground se tornou o lugar preferido da garotada - que brinca durante o recreio sempre sob a supervisão de um adulto. O local também é usado por cada turma, separadamente, pelo menos uma vez por semana, para atividades e brincadeiras dirigidas com o objetivo de favorecer o desenvolvimento integral das crianças. Nesses momentos, trabalhamos aspectos como a concentração, as regras de convívio, o respeito e a importância de compartilhar os brinquedos com os colegas.

O interessante é que os pais das crianças também curtiram o novo espaço - alguns disseram que os balanços os faziam recordar a infância. Com base nessa percepção, promovemos uma oficina com os familiares para resgate de jogos populares, na qual eles produziram objetos como a peteca e o bilboquê, que depois foram disponibilizados aos pequenos.

O parquinho também levantou uma discussão sobre o reaproveitamento de materiais e os benefícios dessa prática ao meio ambiente. Neste ano, pretendemos, juntamente com os professores, construir peças de papelão como casinhas de boneca e carrinhos e coletar mais pneus para fazer canteiros de plantas e flores.

Outro desafio é descobrir uma opção barata para a troca do piso de cimento - inapropriado para uso pelas crianças, por não reduzir o impacto das quedas.

De todo modo, o projeto superou nossas expectativas. Tanto que foi divulgado pela secretaria e outras escolas da rede estão replicando a iniciativa.

Maria Helena Ferreira da Costa é coordenadora pedagógica do CMEI Joffre Castelo Branco, em Teresina.

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