Como funciona a parceria entre coordenador pedagógico e orientador educacional
Entenda a relação entre os dois profissionais e como o trabalho em cooperação entre eles favorece a aprendizagem
POR: Joice LambA escola é um lugar de construção de parcerias. O significado da palavra já nos explica: uma parceria é um arranjo em que duas ou mais partes estabelecem um acordo de cooperação para atingir interesses comuns. A equipe diretiva (principalmente) precisa ser formada por parceiros, não por colegas, por funcionários, por concursados ou por amigos. A parceria requer um objetivo comum independente de quem são as pessoas ou em que lugar da hierarquia estão.
Na gestão, uma parceria quase impossível de se dissociar no trabalho é a do coordenador pedagógico e orientador educacional. Isso porque suas funções se entrelaçam o tempo todo. O coordenador precisa estar atento ao trabalho dos professores, sua metodologia, aos projetos da escola, enquanto o orientador, aos alunos, suas histórias, seus sucessos, seus fracassos, suas famílias. Não há como separar.
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Nem sempre essa parceria se forma instantaneamente. Por isso, é preciso um pouco de esforço para que ela decole. Em algumas realidades existe um pouco de disputa entre essas duas funções e quem sai prejudicado é o trabalho da escola.
Não sei em qual situação vocês se encontram, mas, para qualquer problema, a solução é sempre o diálogo. Se o orientador ou o coordenador não conseguem puxar essa conversa, também é função do diretor promover as parcerias na equipe.
Para começar com o pé direito
Em uma reunião de discussão seria importante que os dois falassem sobre suas atribuições. Muitas vezes, julgamos o trabalho dos outros sem conhecer e podemos considerá-lo mais ou menos importante do que o nosso, não complementar – como deveriam ser. Ao discutir, fica mais claro em que pontos cada um pode colaborar.
Por isso, outra ação interessante é fazer uma lista de quais momentos as tarefas se aproximam e em quais momentos se afastam. Aqui é preciso ser objetivo, não dá para generalizar tudo e dizer que os dois fazem a mesma coisa – isso pode gerar um movimento de ficar jogando tarefas desagradáveis de um para o outro ou mesmo de responsabilizar o outro por demandas que não saíram do papel ou não deram certo. Assim, ninguém trabalha.
O próximo passo para estabelecer uma parceria de sucesso seria criar sistemas de informação integrados e úteis para todos os envolvidos. As informações registradas por todos os profissionais da escola sobre os alunos precisam se encontrar em um único documento. Não dá para cada pessoa ter um registro e deixar que fatos importantes da vida de professores e alunos fiquem perdidos por aí.
Na nossa escola criamos uma ficha para cada aluno. As fichas foram produzidas em planilhas online e as planilhas organizadas em arquivos por turma. Se os alunos trocam de turma é possível enviar uma planilha para outro arquivo. O sistema é simples, mas eficaz. Nesta planilhas existe espaço para informações pessoais dos alunos, os registros dos conselho de classe, registros dos professores, link para o portfólio virtual do aluno, links para adaptação curricular, laudos e outras informações relevantes sobre os estudantes.
Mas nada disso é eficaz se os parceiros não conversarem frequentemente. Nas reuniões é preciso compartilhar os casos – tanto de alunos como de professores – e conversar sobre as melhores ações a serem realizadas. Aqui, temos reuniões com toda a equipe uma vez por semana. Nestas reuniões cada uma de nós coloca suas pautas e discutimos todas juntas como iremos abordar o assunto. Por exemplo: é preciso conversar com os alunos do Fundamental 2 que tiveram média baixas no trimestre. Definimos que iremos conversar com os alunos que tiveram até duas notas baixas e iremos chamar os pais dos alunos com três ou mais notas baixas. A coordenadora e a orientadora se reúnem depois para identificar estes alunos, organizar as datas de conversa com os alunos e com os pais, a coleta de informações com os professores sobre os alunos e as possibilidades de recuperação das notas para cada caso. Geralmente, atendemos as famílias com duas pessoas da equipe e com todos os dados coletados. Ninguém trabalha sozinho.
A parceria que deve se estabelecer entre o coordenador e o orientador precisa ter sempre como foco principal o sucesso dos alunos. Esta é a meta comum que eles devem ter. Este sucesso é uma responsabilidade da escola e uma conquista dos alunos. Nunca o contrário. Um coordenador e um orientador bem afinados podem fazer com que a escola não se esqueça disso e procure soluções para as dificuldades encontradas e não decrete culpados.
Lidar com tantas pessoas diferentes na equipe de trabalho e no grupo de alunos é um desafio complexo, mas muito fácil de lidar com as parceria adequadas. E o coordenador e o orientador podem e devem liderar este processo.
Um abraço,
Joice Maria Lamb
Joice Lamb é professora da rede municipal de Novo Hamburgo-RS desde 1991 e já teve turmas em quase todos os anos do Fundamental I e II. Atualmente, atua como coordenadora pedagógica da EMEF Profª Adolfina J. M. Dienfenthäler. É formada em Letras, tem especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e foi uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 2017.
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