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Implementação da BNCC: 5 pontos para o diretor levar em conta

A implementação da Base já começou em Marataízes (ES). A diretora Marlucia Brandão conta como sua escola está olhando para esse momento da Educação

POR:
Marlucia Brandão
Getty Images


Uma base sólida é tudo que precisamos para nos sentirmos seguros e até para sobrevivermos em vários eixos de nossas vidas. Na Educação pública não é diferente. Sabemos que a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nas escolas de todo o Brasil tem sido um grande desafio e aqui, na EMEIEF “Boa Vista do Sul”, em Marataízes (ES), não tem sido diferente.

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Desde o ano passado, o nosso município deu o primeiro passo e abriu o diálogo sobre a implementação da BNCC, fazendo com que o corpo pedagógico de cada escola levasse o debate para dentro dela. A partir daí, cada professor, em regime de colaboração, pôde dar a sua contribuição na construção e elaboração de um currículo, que garantisse aos alunos um ensino estruturado, respeitando as competências e habilidades necessárias para o que se deve alcançar com o aluno e os caminhos para atingir esse propósito. Assim, o município construiu seu currículo e, neste ano, a Base chegou à nossa escola. 

Se, por um lado, ela já está se tornando realidade em alguns lugares, por outro, a implementação da BNCC ainda está engatinhando em muitos municípios. Isso é preocupante porque a Base traz consigo uma série de ações necessárias: que os gestores compreendam as mudanças práticas do documento, que atuem na formação dos professores, que a equipe docente reestruture sua prática, que a família se comprometa mais e que o aluno receba o que lhe é de direito – condições básicas e igualitárias de oportunidades. 

É preciso entender, antes de tudo, sobre a importância do acompanhamento do novo currículo junto aos professores e quais as intervenções poderão ser realizadas ao longo do período de implementação da BNCC. Para que esse processo de adaptação ocorra de forma natural e responsável, alguns pontos poderão ser levados em conta: 

- As mudanças de currículo pedirão a adoção de novas ferramentas pedagógicas e adaptação de práticas. Nem todos se sentem ou estão preparados para esse desafio. Por isso, o apoio contínuo ao docente é essencial para que ganhem confiança e condições de dinamizarem sua práticas; 

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- Como se trata de um momento novo para todos na comunidade escolar, é natural que seja necessário rever e adaptar o planejamento para dar conta dos desafios que a implementação de um novo currículo traz. Para auxiliar no aprimoramento desse processo, a promoção de momentos dentro da escola para a escuta das dificuldades e dos avanços, bem como para trocas de experiências é essencial; 

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- Mesmo fora do contexto de uma mudança tão grande quanto a Base, o acompanhamento do planejamento docente, a observação de sala de aula e outros instrumentos de apoio para o aprimoramento da prática docente. Para além dessas ferramentas, em um momento de mudança estrutural como este, a organização de feedback mensal ou bimestral entre corpo gestor e docente pode ajudar muito a entender pontos a serem desenvolvidos em cada uma das partes;

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- No meio de tantas novidades, é normal que alunos e famílias também tenham questionamentos sobre a Base Nacional Comum Curricular e as mudanças que ela traz. Além de se colocar à disposição para esclarecer sobre as diretrizes da escola e desta política pública, investir na parceria da família também é importante para a implementação. O envolvimento da família junto à escola, bem como no período que o aluno está em casa pode ajudar na aplicabilidade do novo currículo;

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- Para os alunos, o momento de transição pode não só gerar dúvidas sobre as mudanças práticas no ensino, mas também exigir mais apoio do professor em conteúdos já a BNCC traz uma nova organização dos conteúdos para cada uma das disciplinas, além de novidades e do foco no desenvolvimento integral dos estudantes (pautados pelas competências gerais da Base). Por isso, a condução do diálogo com as turmas sobre a importância desse novo currículo também é necessário, pois para que o novo saber chegue ao aluno, é pedida uma nova forma de ensinar.

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Entendemos que implementação BNCC não mexerá somente com o currículo, mas também pedirá um novo professor em sala de aula. Esse documento propõe uma transformação na atuação do educador: sairá de cena o detentor único do saber e entrará o mediador, que mostra caminhos, orienta e auxilia, mas que é capaz de deixar o aluno trilhar a sua via na construção do conhecimento. Para isso, é preciso que haja uma mudança de paradigma.

Temos a plena convicção de que a BNCC não resolverá todos os impasses e desafios que surgem no espaço escolar, mas é um passo importante que precisamos dar para termos uma escola mais conectada ao que pede à formação para o século 21. As discussões da Base mobilizam muitas frentes com o objetivo maior de gerar um conjunto de direitos relacionados ao aprendizado, à cidadania e à consciência crítica do aluno, fazendo com que educadores e estudantes redescubram a escola como um espaço propício a aprendizagem, de forma  eficaz e prazerosa.

Um abraço,

Marlucia Brandão 

Diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012.

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