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Como organizar o horário de entrada e saída dos alunos na escola

Envolver a comunidade nas decisões é fundamental para o bom funcionamento da escola

POR:
Camila Cecílio
Crédito: Shutterstock

Os horários de entrada e saída de alunos são os momentos de “pico” na porta das escolas e nem sempre o cenário é dos melhores: atrasos, estresse e correria de alunos, pais e funcionários. Para organizar esse fluxo e garantir o bom funcionamento da escola é preciso planejamento e diálogo com a comunidade para que todos se sintam representados em cada decisão, por mais simples que ela pareça.

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GESTÃO ESCOLAR conversou com a coordenadora pedagógica da área de Gestão da Comunidade Educativa CEDAC, Maura Barbosa, e gestores de três escolas, duas públicas e uma privada, para entender quais são os pontos mais importantes e apontar caminhos. Confira a seguir.

1 - Conheça bem a comunidade escolar

Antes de dar qualquer passo é preciso que a escola esteja afinada com sua comunidade. O próprio Projeto Político-Pedagógico (PPP) mostra que conhecer a realidade local faz toda a diferença na hora de planejar e executar ações. 

“Precisamos pensar sempre além dos muros e compreender que a escola faz parte da comunidade e oportuniza articulação de conhecimento”, diz Maura Barbosa.

Por isso, o começo do ano letivo é o melhor momento para estabelecer os chamados combinados. Converse com os pais e responsáveis sobre todas as normas da escola: quais são os horários de entrada e saída, o que acontece em caso de atrasos, regras no uso do uniforme escolar, como funcionam os controles de acesso e quais são medidas de segurança, por exemplo. Também faça uma reunião com os prestadores de serviço do transporte escolar e discuta sobre a melhor maneira de evitar atrasos ou congestionamentos na frente da escola.

2 - Saiba quem são os responsáveis pelas crianças

Depois dos combinados é hora de tomar medidas de segurança. A primeira delas é ter documentado os nomes dos pais ou responsáveis por cada aluno e, também, daqueles que estão autorizados a buscar a criança. Uma forma de fazer isso é por meio de formulários, como faz a Escola Estadual Frei Paulo Luig, em São Paulo, que tem mais de 1 mil alunos matriculados no Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A gestão pede para os responsáveis preencherem o documento e indicar quem está autorizado a tirar o aluno da escola caso haja imprevistos. “Só deixamos a criança ir com quem tem permissão para levá-la”, afirma a coordenadora pedagógica dos Anos Iniciais, Adriana de Matos Carvalho.

Outro ponto importante é fazer uma reunião com os funcionários da escola para que todos estejam cientes dos procedimentos de segurança adotados. “Se todos estiverem atentos, todo mundo pode ajudar”, afirma Maura Barbosa.

3 - Equipe e pais devem conhecer os controles de acesso

Atualmente há várias opções de controle de acesso e, para a coordenadora pedagógica Maura Barbosa, a gestão deve avaliar qual a melhor para a sua instituição, levando-se em consideração a inclusão e a realidade local. Aliás, esse é outro ponto para ser debatido com a comunidade escolar. Pode ser que a escola não tenha uma pessoa para ficar no portão, mas tenha porteiro eletrônico ou campainha.

Em Curitiba (PR), a Associação de Pais e Mestres do Colégio Estadual Yvone Pimentel investiu em catracas biométricas. A diretora Adriana Kampa conta que a medida foi tomada devido à dificuldade dos pais em acompanhar a rotina escolar dos filhos. “Eles recebem no celular o horário de entrada e de saída dos alunos por meio de um aplicativo e se sentem mais seguros com as informações recebidas”.

Antes disso, o controle de acesso do colégio, que atende mais de 1,8 mil alunos do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio, EJA e cursos de idiomas, era feito pela própria equipe nos três turnos. “Ter o controle de acesso que temos hoje otimizou todo o processo, porque antes quando aconteciam muitos atrasos, por exemplo, tínhamos que ligar para os pais irem à escola assinar um termo de compromisso e, hoje, eles sabem quando o filho atrasa e conhecem bem as regras da escola”, explica a diretora.

Na Escola Estadual Frei Paulo Luig, a coordenadora Adriana Carvalho é quem acompanha a entrada e a saída dos alunos dos Anos Iniciais, juntamente com um inspetor, o que, para ela, é bom. “Além de conhecer quem leva e quem busca, é uma oportunidade para que a gente possa se aproximar e ter mais contato com a comunidade”, diz.

4 - Organize entrada e saída escalonadas

Se a escola tiver mais de uma portaria, uma boa estratégia é escalonar a entrada e saída por turmas ou faixas etárias, se houver pessoal disponível para fazer o acompanhamento dos alunos. Outra opção é organizar os alunos em filas no pátio ou na quadra até o sinal da escola tocar. As estratégias devem ser debatidas com o Conselho Escolar e durante as reuniões com pais e responsáveis. “A ideia é discutir com eles como podem ajudar a gestão nessa organização a fim de encontrar o melhor modelo a ser adotado”, sugere Maura Barbosa.

Com mais de 2,5 mil alunos em dois turnos, o Colégio Albert Sabin, em São Paulo, encontrou no escalonamento uma forma prática e segura de organizar o fluxo de entrada e saída de alunos. Na instituição, os alunos foram separados por segmentos: alunos do Ensino Médio têm uma entrada só para eles e os menores, de outros anos, usam outra portaria. “Além de termos mais organização nesses momentos de ‘pico’, também sentimos que assim damos mais segurança aos alunos menores para que os maiores não esbarrem neles”, afirma o diretor administrativo Fernando Augusto de Mello.

5 - O que acontece quando o aluno atrasa ou falta às aulas

O ideal é que, no ato da matrícula, a direção converse com os pais sobre as consequências de atrasos e faltas e entregue um documento formal com todas essas orientações. Em nenhuma escola o aluno será privado de assistir aula, mas há regras que precisam ser respeitadas. Na Escola Estadual Frei Paulo Luig, em São Paulo, a tolerância é de 10 minutos e se houver mais de dois atrasos por mês o responsável deve assinar um termo de atraso. No colégio estadual paranaense Yvone Pimentel não há tolerância e se o aluno tiver cinco faltas consecutivas ou sete faltas alternadas na mesma disciplina, a escola aciona o Conselho Tutelar. As medidas têm surtido efeito positivo em ambas escolas.

6 - Estabeleça combinados com a equipe de transporte escolar

Boa parte das escolas não têm área exclusiva para embarque e desembarque de alunos, nem guardas de trânsito ajudando na organização do tráfego. Por isso, a gestão pode encontrar alternativas seguras e práticas junto aos prestadores de serviço de transporte escolar. A sugestão é fazer uma reunião e pensar em estratégias para evitar congestionamentos, filas na porta da escola e atrasos. “É importante que o gestor faça um balanço, uma avaliação, para rever o que deu certo, o que precisa ser melhorado e estabeleça um combinado com o pessoal do transporte para que não haja ruídos e, se necessário, vá fazendo os devidos ajustes”, recomenda Maura Barbosa.

7 - Tempo e espaço podem ser usados para aprendizagem

Oriente os alunos sobre a importância de respeitar o outro ao transitar pela escola, afinal, é um espaço de todos. Além disso, é recomendável pensar em formas de utilizar melhor o tempo e o espaço, de modo que a gestão possa acolher melhor os estudantes. “Tudo isso compõe o projeto da escola: transformar espaços de aprendizagem, ter bancos e mesas para que as crianças possam desenvolver atividades, interagir, se divertir”, observa a coordenadora pedagógica da CEDAC. Se os alunos chegam mais cedo ou esperam os responsáveis depois que de o sinal tocar, outra alternativa é organizar atividades ou brincadeiras de acordo com a faixa etária.

Maura Barbosa cita como exemplo uma escola de uma área rural do Pará que transformou o pátio em um espaço de vivências e experimentações. “De um lado, alguns tocavam violão e meninas ensinavam umas às outras a arrumar os cabelos, de outro, tínhamos alunos dançando. Eu fiquei encantada porque a direção atendia seus alunos e respeitava a diversidade da escola”, conta.

8 - Sinal de entrada ou saída não precisa doer no ouvido

Para otimizar o fluxo com um sinal sonoro, sinos ou músicas são alternativas às campainhas estridentes. Maura Barbosa propõe que o tipo de sinal sonoro e como pode ser aplicado sejam discutidos em grupo antes de serem adotados como norma.

9 - Quer conversar comigo? Vamos agendar, claro

Não é incomum que pais tentem conversar sobre o filho na hora de levar ou buscar a criança, o que pode atrapalhar o fluxo. Nesses casos, o ideal é que a coordenação ou a direção agende um dia e um horário para fazer esse atendimento com calma e atenção.

10 - Trabalho em equipe torna qualquer operação mais fácil

Fluxo bem organizado é reflexo de uma gestão democrática. Para isso, trabalho em equipe é fundamental. A dica é fazer reuniões periódicas com os professores e funcionários da escola para que todos possam ser ouvidos e estar alinhados no mesmo propósito, que é a aprendizagem do aluno.

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