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O que considerar na escolha de leituras para o HTPC

As necessidades dos professores e da escola devem motivar a seleção dos textos

POR:
Letícia Ferreira
Crédito: Getty Images

Os horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) são um dos principais espaços na agenda dos professores para a prática da formação continuada nas escolas brasileiras. Em cada HTPC, os coordenadores têm o papel de facilitar reflexões sobre questões pedagógicas e do cotidiano dos professores, de acordo com as necessidades dos profissionais e do grupo escolar.

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Os coordenadores pedagógicos são os responsáveis pela preparação das formações, escolhendo leituras, atividades, dinâmicas. Esses gestores contam com períodos específicos na sua grade de trabalho para planejar e estruturar os HTPCs que oferecerão aos professores.

Foco nas necessidades dos professores da escola
A diretora recém-aposentada, Elaine Coral, trabalhou por mais de 15 anos como coordenadora pedagógica em escolas de Ensino Fundamental e Médio na região do Vale do Paraíba. Na sua experiência, a leitura é o recurso para abrir o HTPC. “É um norte”, define a diretora. Para Rosaura Soligo, coordenadora do Instituto Abaporu de Educação e Cultura e doutora em Educação pela UNICAMP, os textos de formação precisam ter uma função estratégica. “Uma leitura no HTPC só tem utilidade se responder a alguma necessidade dos professores”.

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Um coordenador que precisa avaliar e escolher leitura para os horários pedagógicos coletivos deve ser capaz de  perceber o que o grupo escolar precisa, e, a partir disso,  selecionar os textos teóricos, reflexivos ou separar indicações para que os professores possam ter uma referência adequada para começar uma reflexão. “Se um coordenador pedagógico tem interesse em discutir determinado assunto com os professores, vai garantir maior engajamento se ele criar a necessidade antes ao invés de simplesmente trazer a leitura e implantá-la como sendo uma boa prática só porque ele acha”, explica Rosaura.

Com esse olhar, o coordenador será capaz de colocar em prática o que a especialista considera uma das principais virtudes de um formador: saber criar necessidades, identificando o que os professores sentem falta para realizar o seu trabalho melhor no dia a dia da escola.

Planeje para garantir consistência na formação
A capacidade de organizar conteúdos e traçar uma agenda do que estará em discussão ao longo do semestre ou no ano está entre os fatores que também auxiliam na escolha das leituras para um processo de formação continuada mais completo nos HTPCs. É o que explica Lígia Ramos, coordenadora pedagógica há dois anos em uma escola de Educação Infantil em Rio Claro, no interior de São Paulo. “No final de cada semestre, nós realizamos uma avaliação. Eu pergunto para as professoras quais são os temas mais relevantes para elas. Então, a partir disso, eu preparo um cronograma dos assuntos eu vou buscando em livros ou na internet sobre esse tema”.

Além de criar uma perspectiva a longo prazo do que os professores desejam para as formações, como ocorre na experiência da coordenadora Lígia, a especialista em Educação Rosaura Soligo defende que a coordenação deve organização um projeto de formação anual para trazer mais consistência ao processo de formação continuada e, por consequência, às leituras selecionadas. 

Elaine Coral avalia que a coordenação deve dialogar com os diversos atores do grupo escolar, principalmente os diretores, para que seus horários de estudo sejam preservados na carga horário de trabalho, sem prejudicar outras atribuições.

Amplie as referências docentes
Além de escolher temas que dialogam com a realidade e as questões que os professores enfrentam no dia a dia da escola, o coordenador pode usar diversos gêneros literários para criar suas abordagens, segundo Elaine. “Ás vezes, eu buscava também leituras prazerosas, como crônicas, contos, fábulas, diversificava os gêneros para que o professor também tivesse acesso à leitura. O professor precisa ler”. Apresentar novas referências literárias para o docente, ajuda a ampliar seu repertório cultural na sala de aula.

Rosaura explica que existem tipos de leituras diferentes no espaço de formação. São eles: os textos de sustentação do trabalho pedagógico, que oferecem um ponto de vista técnico das questões que poderão ser abordadas; e os textos literários. Estes últimos incluem romances, reportagens e outros conteúdos que são compartilhados como sugestões para as leituras.

“A leitura tem um sentido utilitário na escola. Precisam existir tempos de leitura de ler para ler”, defende Rousara. Por isso, o coordenador pode sugerir leituras complementares aos horários pedagógicos coletivos para os professores se aprofundarem nas questões debatidas. Essas leituras seriam com um objetivo pedagógico, além de ser possível apresentar textos que atuem na formação cultural dos profissionais.

Considere o grupo em sua totalidade
Nos horários pedagógicos, os professores de todas as especialidades – Matemática, Língua Portuguesa ou História, por exemplo –  frequentam o mesmo espaço de formação continuada. A coordenadora Lígia Coral acredita que o coordenador deve criar um ambiente que converse com todas essas necessidades pedagógicas. “O que o coordenador não pode fazer em relação à leitura é deixar algum professor  fora do interesse. É sempre uma leitura voltada para as necessidades de professores de todas as áreas”.

Onde buscar as leituras
Elaine e Lígia indicam buscar conteúdos para as leituras de formação em livros de referência e nos momentos de reflexões sobre as atividades pedagógicas, dentro e fora da escola. Indicações de coordenadores pedagógicos experientes, sites especializados em Educação como a NOVA ESCOLA e GESTÃO ESCOLAR também estão entre as sugestões das profissionais para encontrar conteúdos para as leituras nos HTPCs.

Elaine, assim como outros coordenadores, não só formava professores, mas também frequentava cursos de aperfeiçoamento para coordenadores pedagógicos oferecidos pelo Governo do Estado de São Paulo. Oportunidades de formação como essas são fontes de informação e de referências de leituras, desde que os textos sejam adequados para os desafios que os profissionais da escola apresentam.

O coordenador é um mediador
A maneira como o coordenador vê o seu papel influencia toda a formação continuada, inclusive as leituras de HTPCs. “Na escola, o coordenador deveria ser um formador. Ele não é um chefe no sentido de ter a quem dar satisfação somente, ele é alguém para quem o professor vai pedir ajuda”, afirma a Rosaura.

Mesmo em um nível hierárquico acima do docente, para a especialista, o coordenador precisa criar um ambiente em que o  professor sinta-se à vontade para mostrar suas fragilidades profissionais e, assim, ter abertura para saber o que profissional precisa nos espaços de formação e incluir esses pontos fracos nas leituras programadas para os HTPCs.

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