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Hora da soneca: orientações para um descanso tranquilo na creche

Especialistas dão dicas de como preparar o ambiente e lidar com os pequenos na hora da soneca

POR:
Giovanna Diniz
Crédito: Getty Images

A rotina da creche depende de uma estrutura e atividades adequadas para receber os pequenos. Os espaços são destinados aos bebês na faixa de zero a três anos e, por isso, precisam ser preparados para oferecer o melhor cuidado necessário aos primeiros anos de vida dos pequenos. Essa fase é muito importante para o desenvolvimento físico, motor e intelectual dos bebês, que ainda estão se acostumando ao contato e estímulo com outros fora de casa.

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Além de aprender e brincar, os pequenos passam parte do tempo no berçário, onde aproveitam a hora da soneca. O sono diurno não só relaxa e aumenta a disposição, mas também ajuda nos processos cognitivos e na liberação do hormônio do crescimento (também chamado de hormônio somatotrófico). Segundo estudos da National Sleep Foundation, bebês de até um ano de idade precisam de 12 a 15 horas de sono por dia, enquanto bebês de um a três anos precisam de 11 a 14 horas. Esse momento é essencial para o desenvolvimento mental e físico dos pequenos. Por isso, é necessário que a creche esteja preparada para propiciar uma boa hora da soneca.

Lidando com as diferenças
O primeiro passo é entender a singularidade de cada bebê, não só por causa da faixa etária, mas pelo seu ritmo de desenvolvimento e necessidade de descanso. “O cotidiano dos bebês deve ser bem mais flexível em relação às suas necessidades de sono, enquanto que para as crianças maiores já é bem mais possível ofertar, de forma gradual, momentos coletivos para que todos façam sua soneca”, observa Beatriz Ferraz, psicóloga, doutora em Educação e assessora dos planos de atividade de Educação Infantil da NOVA ESCOLA. Dessa forma, a rotina do sono não deve ser imposta da mesma forma a todos os pequenos, pois as diferenças devem ser respeitadas, bem como os momentos para cada uma das atividades definidas pela creche.

Algumas instituições preferem regular horários específicos para os bebês, outras buscam adequar às necessidades de cada um, da forma que foram acostumados em casa com os familiares, ou quando precisam de descanso depois das brincadeiras. Para que seja proveitoso para todos, não há tempo ideal de duração da hora da soneca, mas cerca de 30 minutos podem ser reservados para o sono e cuidado dos bebês.

É importante lembrar que cada faixa etária está em um momento diferente de desenvolvimento. Segundo a pedagoga e especialista em Educação Tânia Landau, os bebês de dois a três anos estão em fase de transição, então costumam resistir à soneca diurna. A escola deve estar preparada para essa fase importante na vida dos pequenos. “Ter este momento permite que a criança perceba seus ritmos, regule suas necessidades e atue com autonomia cuidando de si”, afirma Tânia.  A rotina do sono também ajuda no ajuste do metabolismo e dos hábitos noturnos, que serão aprendidos através da influência da creche e dos pais e responsáveis nesse processo. Os pequenos não devem ser forçados a dormir, mas incentivados a participar na rotina de atividades, brincadeiras, lanches e soneca da instituição.

A rotina dos professores encarregados das crianças tem que ser flexível e respeitar a dinâmica da soneca sem tratar o momento como apenas uma necessidade biológica, mas como um momento de aprendizado. Os espaços coletivos podem atender às necessidades individuais, de forma que seja possível atenção individual e registro das rotinas de sono dos pequenos.

“Criar um cotidiano com regularidade e repetição, através da criação de pequenas referências contextuais afetivas e emocionais, permite aos bebês antecipar e reconhecer as experiências que organizam seu dia”, defende Beatriz Ferraz. A creche é o primeiro espaço, além da casa dos pais e responsáveis, em que as crianças aprendem a socializar. Como passam grande parte do tempo nesse lugar, é importante que os gestores das creches estejam sempre em contato com a família, atentos às necessidades e singularidades de cada bebê.

Apoio dos responsáveis
Conversar com os responsáveis é essencial para saber os rituais de sono e trocar informações sobre o desenvolvimento da criança, que é influenciado pelo sono. “O diálogo e combinados com os familiares são fundamentais para fazer os ajustes e para se assumir em conjunto a corresponsabilidade nos cuidados com a criança”, diz a pedagoga Tânia Landau. Essa troca dá segurança, pois os responsáveis costumam ficar apreensivos na com a assistência dos bebês na hora da soneca.

Outra recomendação é que estes participem trazendo objetos de apego, como bichinhos de pelúcia, travesseirinhos, paninhos, chupetas, entre outras coisas que auxiliem ou estimulem o sono ou ainda distraiam o bebê enquanto os colegas estão dormindo. A hora da soneca deve ser confortável e trazer rituais que lembrem o cuidado em casa e, se não for possível dormir, os pequenos devem entender a importância do repouso e permanecer em um ambiente em que possa interagir com brinquedos ou outros objetos de forma segura e tranquila, sem prejudicar a soneca da turma.

Construindo um espaço reservado e tranquilo
É importante montar um cantinho que estimule o repouso, respeitando as necessidades e rituais individuais. A creche deve destinar uma sala específica para o sono dos bebês. Para os pequenos de até dois anos, pode-se utilizar os berços. Para os maiores, já é possível fazer a transição para colchonetes ou camas baixas. Isso permite que os pequenos e adultos possam circular pela sala. O local destinado para a soneca deve ser tranquilo, silencioso e arejado, garantindo o conforto e tranquilidade dos bebês. O ambiente também deve ter a intensidade de luz diminuída para propiciar o sono – mas sem substituir a hora de dormir em casa, já que os pequenos devem, aos poucos, se acostumar com o sono noturno.

A decisão sobre os melhores recursos a serem utilizados na sala depende da interação com os pais e conhecimento dos rituais dos pequenos. “O ambiente ideal é aquele que considera as necessidades de cada criança: como elas gostam de dormir, como se sentem seguras nesse momento e confortável nesse espaço”, comenta Beatriz Ferraz. O ideal é que a sala possua um cantinho para que os não querem dormir ou acordem antes possam ficar em repouso sem prejudicar o sono dos demais. Pode ser um canto com almofadas, livros, jogos de encaixe, entre outras alternativas.

Outra providência a ser tomada pela creche é não estimular demais os pequenos nas atividades anteriores à soneca, pois isso prejudica o sono dos pequenos, deixando-os tensos e agitados. A pedagoga Tânia Landau recomenda “escutar histórias, entrar dentro de uma cabaninha, ouvir um CD com sons da natureza de olhos fechados” como alternativas que podem ajudar a deixar as crianças relaxadas. “Já para os bebês, uma boa canção de ninar nos braços de quem a embala, atenção privilegiada individual nos momentos de troca, banho e alimentação”, sugere.

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