De escola para escola: o poder das trocas
Realizar intercâmbios entre instituições de ensino pode agregar para a aprendizagem. Conheça a experiência do intercâmbio de cartas da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes (ES)
POR: Marlucia BrandãoEm nossa vida, quando nos permitimos aprender nas trocas, os dois lados efetivamente ganham. Agora, imagine esse processo acontecendo no espaço mágico e fecundo que é a escola. Tudo ganha cor e a aprendizagem se torna algo ainda mais perceptível e real.
A minha escola é uma delícia! Conto com o apoio e muita participação da minha equipe. Baseio meu processo de gestão no respeito e no companheirismo. Alguns gestores podem achar que uma gestão participativa é trabalhosa. Mas, a ajuda diária dos funcionários não é fardo pesado de se carregar – tanto que, muitas vezes, nem sinto o peso dessa responsabilidade.
Faço parte de uma equipe aberta e disposta ao aprendizado através das trocas – não só dentro espaço escolar, mas também para além dos muros da escola. Este ano, a EMEIEF Boa Vista do Sul e a EMEI Nagib Meleip realizaram o projeto de “Intercâmbio de Cartas”. Ele foi realizado com os 5º anos dos professores Aliciane Orechio Nunes de Souza, Adriano Gomes Santos (professores da nossa escola), Rosemere Rebolo Barbosa e Gisele Cristina de Oliveira Alásia. Ele mobilizou a colaboração entre equipes de diferentes escolas e ainda engajou as nossas crianças.
Desde quando eu iniciei minha docência em Língua Portuguesa, realizei o projeto de Intercâmbio de Cartas, inclusive entre a nossa escola, em Marataízes (ES) e escolas de outros municípios e estados, que tinham interesses afins e se interessavam no projeto. Levávamos as crianças no correio para postarem as cartas. Quando assumi a direção, senti falta de colocar projetos assim de pé. Porque quando a gente entra na direção, a parte de docência (que a gente ama muito) permanece e fica latente dentro da gente.
Este ano, uma professora colega da Nagib Meleip, que acompanhou o Intercâmbio de Cartas, nos convidou para retomá-lo, nos correspondendo com a escola dela. Como eu já não estava mais em sala de aula, levei a proposta dela para os professores de Língua Portuguesa. Eles toparam e nós começamos. Além de trabalhar o processo de escrita e reescrita, as crianças fazem esse projeto de interação e conhecimento de hábitos de locais diferentes (partes da cidade, cidades ou estados diferentes).
Neste ano, o projeto foi desenvolvido com as seguintes etapas:
- Sensibilização do proposta junto aos professores das duas escolas;
- Apresentação do projeto às turmas envolvidas;
- Sorteio da escola que daria o ponta pé inicial do projeto, escrevendo a primeira carta (a Nagib Meleip foi a sorteada);
- Primeiro envio das cartas pela EMEF Nagib;
- Recebimento e leitura das cartas pela nossa escola (a EMEIEF Boa Vista);
- Escrita e reescrita das cartas recebidas;
- Segundo envio das cartas, desta vez, nós da Boa Vista escrevemos para a Nagib Meleip;
- Recebimento das cartas pelos alunos da outra escola;
- Encontro presencial das duas escolas. Neste primeiro, fomos visitar a escola Nagib Meleip;
- Segundo encontro, sendo que desta vez, nós recebemos em nossa escola, os alunos e professores da Nagib;
- Para além de resultados dentro do componente de Língua Portuguesa, os alunos puderam trocar experiências e conhecer um pouco mais da realidade de outra escola – um aprendizado para a vida toda.
Enquanto gestora, participar do passo a passo de todo o processo do projeto, desde a sensibilização à visitas, foi um presente e a certeza de que todos ganham nas experiências de trocas.
Ver nossos alunos apresentando Boa Vista do Sul para os alunos do Nagib, que nunca tiveram a oportunidade de conhecer a praia local (que é próxima de nossa escola), a lagoa de Boa Vista, o caminho com as maravilhosas falésias e a rotina da vida de cada um foi algo mágico! Bem como foi incrível vê-los receberem informações e notícias do centro da cidade e também das particularidades de cada colega com quem estavam se correspondendo.
Presenciar a empolgação dos professores, envolvidos no processo de escrita e reescrita e preparando a recepção da outra escola, também foi algo indescritível.
Como não abrir a escola para esse tipo de aprendizado? Como não vibrar junto ao seu professor quando ele abraça tudo que é sonhado pela escola e para os alunos: Como não propiciar o protagonismo estudantil e docente?
Embarque nessa, querido gestor, e veja a sua escola se transformar todo dia!
Um forte abraço,
Marlucia
Marlucia Brandão é diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes-ES, desde 2016, e professora de Língua Portuguesa, com especialização em Linguística Aplicada ao Português, Psicopedagogia Institucional e Ciências da Educação. Deu aulas em todas as etapas, da alfabetização à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também foi Secretária de Educação de Marataízes entre 2011 e 2012.
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