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Como a Secretaria de Educação pode ajudar as escolas a estabelecer parcerias?

Em busca de uma Educação com mais qualidade, é essencial que as escolas e as Secretarias busquem parcerias com órgãos públicos, empresas e ONGs

POR:
Dimítria Coutinho
Crédito: Getty Images

Oferecer um ensino de qualidade é um dos maiores desafios da Educação brasileira atualmente. Mas quando é possível contar com a ajuda de parceiros, os objetivos podem ser alcançados com mais facilidade. É o que acredita Haroldo Corrêa Rocha, secretário-executivo de Educação do Estado de São Paulo, que afirma que é muito importante que haja uma abertura a parcerias que possibilitem uma melhoria no ensino. “O desafio da Educação é o maior que o nosso país tem hoje. E essas parcerias são absolutamente decisivas para a gente conseguir avançar a agenda da qualidade da Educação”, afirma. 

E quando o assunto são parcerias em prol da Educação, a gama de possibilidades é muito vasta. Uma escola pode estabelecer parcerias com serviços públicos, empresas, ONGs e até pessoas físicas. Cada um desses parceiros pode oferecer diversas oportunidades de melhoria para a escola, seja na infraestrutura, na formação de professores, no oferecimento de novas aulas para os alunos ou de serviços complementares, como os relacionados à saúde.

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Uma escola pode, por exemplo, estabelecer desde uma parceria com um grupo de pessoas do bairro que ajude em uma reforma, até um grande convênio com a secretaria de saúde de sua cidade para oferecer atendimento psicológico aos alunos, ou com uma empresa que ofereça ajuda na parte pedagógica. Para estabelecer cada uma dessas parcerias, as escolas têm uma grande aliada: a Secretaria de Educação de seu estado ou município.  

Como uma escola pode estabelecer uma parceria

Há duas formas principais de uma parceria ser estabelecida: ou a escola identifica uma dificuldade e vai atrás de ajuda, ou organizações procuram as escolas ou órgãos públicos relacionados à Educação oferecendo algum auxílio específico.

No primeiro caso, a escola pode encontrar diversos tipos de ajuda, o que leva a parcerias mais ou menos formais. Se os moradores do bairro quiserem ajudar a escola em alguma necessidade, por exemplo, essa seria uma parceria mais informal, partindo de conversas entre o gestor escolar e a comunidade. “Isso não é proibido”, esclarece Haroldo. “Às vezes são parcerias que nem envolvem documentação. São pessoas ou instituições que querem contribuir e que estabelecem uma relação com a escola, às vezes sem nenhuma formalidade”.

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Se a demanda da escola for mais complexa, é hora de estabelecer uma parceria mais formal, e é aí que entra a ajuda da Secretaria de Educação. Se o gestor escolar identificar que precisa da ajuda de algum serviço público, por exemplo relacionado à saúde, assistência social ou esporte, ele deve pedir a ajuda à Secretaria de Educação para que a parceria seja estabelecida. 

Márcia Portela, especialista e consultora do Conviva Educação, um projeto proveniente da parceria entre a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e outros institutos, explica que esse relacionamento vai variar muito de acordo com o contexto do estado ou município. Para ela, o importante é que a secretaria se coloque à disposição das escolas, criando aproximação, e que o gestor tenha em mente que ele pode e precisa contar com essa ajuda dos órgãos públicos. “O gestor escolar tem autonomia, mas não tem independência. Ele depende do poder público para realizar tudo o que ele quer fazer”, diz Márcia. 

Essa solicitação de apoio da secretaria também vai depender do contexto, sobretudo se a escola é municipal ou estadual. No caso das secretarias municipais, o contato com as escolas tende a ser mais direto. Já com as secretarias estaduais, geralmente as diretorias regionais entram como mediadoras nesse processo.

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Além dos serviços públicos, a escola também pode solicitar ajuda à secretaria para estabelecer relações formais com empresas e ONGs, por exemplo. Nesse caso, a Secretaria de Educação pode ter um papel de ajuda na formulação do projeto que a escola irá apresentar à organização, além de ter a função de formalizar esse acordo. 

Patrícia Lueders, secretária de Educação de Blumenau, em Santa Catarina, e presidente da Undime Sul, diz que é importante que todo projeto formal de parceria que uma escola queira estabelecer passe pela secretaria, não para que seja fiscalizado, mas para que seja executado da melhor forma possível. “Qualquer apresentação ou projeto deve passar pela secretaria para que a gente possa ter esse olhar de aproximação, de ajuda mesmo”, afirma.  

Parceria de cá, parceria de lá

Além de parcerias formadas através de demandas das escolas, existem relações que surgem através de ofertas de empresas, ONGs ou institutos. Nesses casos, o intermédio da secretaria é ainda mais forte. Na maioria das vezes, as organizações que querem oferecer ajuda à Educação procuram diretamente a secretaria, que estabelece uma parceria formal e leva esses serviços até as escolas. “O que eu vejo de muito positivo é exatamente a existência de muitas organizações que a sociedade criou para apoiar a escola pública”, diz Haroldo. “O importante é que a contribuição venha alinhada ao trabalho da escola, para potencializá-lo”. 

O secretário-executivo dá dois exemplos de parcerias desse tipo que acontecem no estado de São Paulo. Uma delas é com o Instituto Ayrton Senna, que implementa um currículo diferente em 24 escolas da rede, com o objetivo de trazer novas metodologias em prol do desenvolvimento socioemocional dos alunos. Outro exemplo está nas escolas de tempo integral, que contam com o apoio de três institutos que ajudam na capacitação de professores e na produção de materiais didáticos. 

Márcia Portela, que já foi Secretária de Educação do município de Macaíba, no Rio Grande do Norte, conta que a secretaria também pode ir atrás de organizações para estabelecer acordos e, depois, levar esses serviços às escolas. Durante sua gestão, estabeleceu parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para levar formações para os professores da rede, além de uma parceria com a Undime, para oferecer cursos de informática aos servidores. 

A relação que a escola constrói com os parceiros varia muito de acordo com o contexto de cada lugar. “Tudo depende do ânimo do secretário, não tem uma regra. Quando o gestor público abre a cabeça para perceber que se ele fizer a parceria público-privada, quem vai ganhar são os alunos, as coisas mudam muito. Só com imposto, com arrecadação, você não consegue fazer [uma Educação de qualidade]”, afirma Márcia. E completa: “A mesma coisa na escola: se o diretor perceber que dentro da comunidade dele tem um pai, uma mãe, que pode dar uma palestra, que pode dar uma assessoria de rede elétrica, por exemplo, ele vai abrir a cabeça para isso”. 

Segundo Patrícia, esse tipo de abertura por parte dos gestores públicos é muito importante para alcançar uma Educação de qualidade. “A escola pública, sem parceria, não vai conseguir almejar o topo. Por mais que a gente saiba que [a Educação] é função do poder público, um bom gestor vai buscar parcerias fora”, diz.

Além de acolher possíveis parcerias e estabelecer outras, as secretarias também podem criar políticas públicas para facilitar que as escolas consigam encontrar aliados. Na cidade de Blumenau foi criada uma lei conhecida como “Empresa Amiga da Escola”. Com ela, empresas podem oferecer ajuda a escolas e, em troca, têm a possibilidade de colocar uma placa na instituição de ensino. “É uma forma de o Poder Executivo incentivar a iniciativa privada em auxiliar a escola. Afinal, é bem mais fácil o Poder Executivo incentivar um programa como esse do que a diretora da escola sair batendo de porta em porta”, opina Patrícia.

Como um gestor escolar pode buscar uma parceria?

- Identifique uma demanda em que a escola precise de ajuda externa;

- Pense em quais empresas, organizações, universidades ou órgãos públicos poderiam ajudar a suprir essa demanda;

- Crie um projeto para convidar a organização escolhida a ser sua parceira;

- Peça ajuda à Secretaria de Educação de seu estado ou município, que pode indicar possíveis parceiros e auxiliar na montagem da proposta de parceria;

- Entre em contato com o parceiro potencial, apresentando o projeto;

- Deixe claro os objetivos da parceria, como o parceiro pode apoiar a escola, qual a importância desta demanda, como a gestão pretende estruturar o projeto e como escola e parceiro se identificam em propósitos;

- Volte ao contato com a secretaria, que ajudará a formalizar a parceria.

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