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Assim não dá! Terceirizar o reforço escolar

Ao indicar professores particulares aos alunos com dificuldade, a instituição se esquiva da responsabilidade de garantir a Educação de todos

POR:
Bruno Mazzoco
Assim não dá: Terceirizar o reforço escolar. Daniel Almeida

Diante de dificuldades em uma disciplina, não raro os alunos recorrem a professores particulares para ajudá-los. O problema é que, às vezes, a sugestão parte da própria equipe gestora, que cede espaço para anúncios desses profissionais nos murais e quadros de aviso da escola ou até mesmo recomenda nomes nas reuniões de pais. Ao fazer isso sem oferecer reforço, a instituição foge do seu compromisso de ensinar, abandonando os estudantes à própria sorte.

Além disso, o trabalho desenvolvido por profissionais externos não contribui necessariamente para a aprendizagem. Geralmente, ele é dissociado do projeto político-pedagógico (PPP) da instituição e da trajetória escolar da criança - o que dificulta a elaboração de estratégias para ensinar os conteúdos com eficiência.

Segundo Umberto de Andrade Pinto, professor da pós-graduação em Educação e Saúde na Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a procura por professores particulares às vésperas de provas é um sintoma de que os gestores estão deixando para avaliar o aluno apenas no fim do bimestre, quando o correto seria acompanhar seu desenvolvimento de forma contínua.

A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) preconizam o ensino público gratuito com padrões mínimos de qualidade. Ou seja, é dever da escola assegurar a aprendizagem de todos os alunos sem que ninguém tenha de pagar por isso. A equipe gestora precisa capacitar os professores para que eles atendam à diversidade de ritmos e maneiras de aprender e oferecer reforço aos que não atingem o desempenho esperado.

Para isso, é necessário realizar diagnósticos regularmente, como faz a EMEB Doutor José Ferraz de Magalhães Castro, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A coordenadora pedagógica, Muriele Moraes Salazar, mapeia o desempenho do aluno para, se necessário, encaminhá-lo para atividades complementares e para grupos de estudo, nos quais ele recebe atenção mais individualizada. "Nunca soube de ninguém que tivesse contratado profissionais de fora da escola", conta Muriele.

Quando a equipe gestora reforça - em reuniões gerais ou diálogos particulares - sua responsabilidade pela aprendizagem de todos os alunos, as famílias deixam de buscar alternativas por conta própria. "Muitas vezes, o gestor transfere para os pais a culpa pelo mau desempenho. Encontrar a solução é responsabilidade da instituição", afirma Umberto.

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