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A organização do acervo literário

Uma biblioteca estruturada, com fácil acesso às obras, ajuda a formar um ambiente leitor

POR:
Daniele Pechi
A organização do acervo literário. Ilustração: Daniel Bueno

A cada dois anos, as escolas públicas de Educação Básica cadastradas no Censo Escolar recebem caixas de livros de literatura enviadas pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). No ano passado, foram contempladas as unidades de Ensino Infantil. Em 2013, serão as escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio. Cada segmento receberá 180 títulos.

"Não podemos desperdiçar a oportunidade de colocar os alunos em contato com textos de qualidade de autores reconhecidos", diz Celinha Nascimento, mestre em Literatura Brasileira e consultora na área de leitura de instituições educacionais públicas e particulares. A fim de que as obras circulem e sejam bem utilizadas, vale empreender um movimento para transformar toda a escola em uma comunidade leitora - em que os livros ocupam lugar de destaque. Para tanto, é preciso cuidar de detalhes que vão desde a catalogação dos exemplares até a inclusão do material na sala de aula e a divulgação do trabalho para a comunidade, missão para a equipe gestora desenvolver durante todo o ano. Conheça, a seguir, cinco pontos importantes para garantir a boa utilização das obras.

1 Ordenar os livros

Além da catalogação tradicional - que consiste em fichar cada livro para facilitar a consulta -, é necessário distribuir as publicações na prateleira de modo que elas sejam facilmente encontradas pelos leitores - inclusive os iniciantes. O critério vai depender da proposta da escola. Se dar autonomia ao usuário for um dos objetivos, uma boa ideia é evitar classificações técnicas e optar por alternativas mais práticas. Assim, em vez de utilizar termos como romance realista ou poesia concreta, dê preferência a denominações genéricas, como literatura adulta e literatura infantil ou contos de aventura, histórias de vampiro e assim por diante. Essa prática é muito utilizada por livrarias. Porém Camila de Castro Castilho, designer educacional e consultora na área, faz um alerta: "Quem organiza o acervo dessa maneira não pode apenas numerar as obras ou dispô-las em ordem alfabética. É preciso conhecê-las em profundidade".

2 Definir uma política de empréstimos

É essencial ter um regimento que defina o funcionamento da biblioteca e dos acervos de sala de aula, especificando detalhes sobre como esses espaços e os materiais serão usados e o procedimento para os empréstimos. Mesmo com a existência de regras, a intermediação dos professores é imprescindível, principalmente com os alunos menores -- ao menos até que eles entendam as regras e o motivo pelo qual elas precisam ser respeitadas. "Com a consciência de que a perda de um livro ou o atraso na devolução vão privar outras pessoas de lê-lo, esses problemas ocorrerão com menor frequência e todos aprenderão a cuidar de um bem comum", afirma Celinha. O grupo decide como será a reposição: com o mesmo título, outra obra ou uma publicação de natureza diferente, como uma revista? Ao divulgar as regras, deixe claro que elas servem para garantir o bom fluxo na biblioteca, e não para colocar obstáculos ao seu uso.

3 Planejar e avaliar as atividades

A pessoa mais indicada para apresentar o acervo aos professores é o coordenador pedagógico. É ele também quem vai ajudar na elaboração de atividades tendo os novos livros como base. "A maior dificuldade é incluir as obras recém-chegadas no planejamento sem deixar de cumprir o que já está programado", explica Celinha. Para que a equipe se aproprie das novidades, o formador pode fazer com que elas circulem em sistema de rodízio, solicitando que os professores contem o que leram nas reuniões pedagógicas. O mesmo em sala de aula: os docentes pedem aos alunos que leiam em casa e compartilhem as impressões nas rodas de leitura. A avaliação dessas e de outras atividades vai mostrar aos gestores o que dá resultado e o que precisa ser mudado. É importante orientar os docentes de todas as disciplinas a usar os livros literários - afinal, a responsabilidade pelo uso do material não deve se restringir à equipe de Língua Portuguesa.

4 Divulgar para a comunidade

Por força de lei, as bibliotecas de escolas públicas devem ser abertas a todos. Divulgar essa informação é importante para formar uma rede de leitores. Porém só isso não basta. Muitas vezes, é necessário incentivar a comunidade a adquirir o hábito de ler. Algumas ações são recomendadas para iniciar o processo, como a promoção de saraus, rodas de leitura e feiras de troca de livros. Algumas obras podem ficar expostas em uma mesa na frente das salas onde acontecem as reuniões de pais. Esses encontros, por sua vez, merecem ser iniciados com a leitura de uma crônica ou um poema - e o professor ou o gestor avisa aos presentes que o livro do qual o texto foi retirado está disponível para empréstimo. Outra iniciativa que dá certo é formar kits com uma revista e dois ou três livros de diferentes gêneros e colocar à disposição. "Dessa forma, a leitura ganha espaço no cotidiano das famílias e mostra a importância que a escola dá a ela", diz Celinha.

5 Ampliar a coleção

Todos os esforços são válidos quando o objetivo é aumentar o acervo de livros. Há diversas formas de fazer isso: pedir contribuições à comunidade e a empresas, buscar informações sobre programas da Secretaria de Educação que liberam recursos para a compra de exemplares e até mesmo utilizar verbas internas para a aquisição de materiais. É interessante fazer uma lista de possíveis colaboradores externos - como livrarias, editoras, sebos e instituições filantrópicas que costumam fazer doações a escolas - e mandar um ofício a eles, por e-mail ou carta, pedindo livros. "Contudo, antes de aceitar os donativos, o diretor deve procurar conhecer o conteúdo das obras, saber se são adequadas aos estudantes e úteis ao projeto da escola", afirma Camila. Caso a opção seja buscar financiamento público, informe-se antes sobre os prazos para entrar com o pedido, os valores disponíveis e as exigências do processo.

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