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Mais Ciências do que feira

Criar um local de pesquisa e investigação exige o envolvimento dos alunos nas várias etapas de construção do saber

POR:
Karina Padial
No Colégio Magnum, em Belo Horizonte, todos os alunos se baseiam em uma mesma pergunta. Foto: Divulgação
Foco único No Colégio Magnum, em Belo Horizonte, todos os alunos se baseiam em uma mesma pergunta

Esqueça os cartazes e as maquetes. A preparação para a feira de Ciências não começa quando a garotada pinta as primeiras letras na cartolina, e sim quando, juntos, professor e alunos transformam uma dúvida em uma situação-problema a desvendar. A partir daí, a turma traça o caminho do método científico e passa por identificação do problema, formulação de hipótese, experimentação, análise dos resultados e conclusão.

Os temas explorados podem ser simples, desde que façam sentido para os alunos e mobilizem os saberes prévios fazendo-os avançar em relação a suas concepções. Portanto, é possível até mesmo realizar a mostra com a pré-escola. "O trabalho científico deve acontecer desde a Educação Infantil, estimulando as crianças nas curiosidades que elas têm e dando os recursos para que elas organizem seu senso de descoberta", afirma Maria del Carmen Chude, diretora pedagógica do Instituto Ciência Hoje, em São Paulo.

No Colégio Magnum, em Belo Horizonte, a feira inclui as classes do 1º ao 5º ano. Todos os estudantes partem de uma pergunta, como "Existe arco-íris à noite?" e "Todo sólido se dissolve em água?". Essa mesma questão é apresentada aos pais no dia da mostra. "Até lá, as crianças já passaram por todas as etapas e conseguem explicar como chegaram a uma determinada conclusão", afirma Joísa Abreu, gestora educacional da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. No ano passado, por exemplo, a pesquisa gerou jogos sobre vacinas e soros em que os pais eram desafiados a relacionar antígenos e anticorpos. As respostas certas e erradas eram justificadas pelos alunos.

Organização cuidadosa

A EMEF França Pinto, em Rio Grande, começa a planejar o evento já no início do ano. Foto: Divulgação
Preparação A EMEF França Pinto, em Rio Grande, começa a planejar o evento já no início do ano

Para dar certo, a mostra precisa ser bem planejada. Na EMEF França Pinto, em Rio Grande, a 338 quilômetros de Porto Alegre, já em março, na primeira reunião do ano, a coordenadora pedagógica, Biolange Costenaro, pediu para os professores pensarem em assuntos cujas consequentes investigações pudessem trazer melhoria para a comunidade do entorno. É assim desde 2013 quando a instituição retomou uma ideia antiga de realizar anualmente a feira de Ciências. "A definição dos trabalhos que serão executados por cada turma é feita em conjunto com a coordenação e, depois disso, passamos a acompanhar o desenvolvimento nas reuniões pedagógicas, que são de dois tipos: uma semanal, por disciplina, e outra mensal, com todos os professores. Nesse encontro, identificamos de que forma outros conteúdos podem se relacionar com um experimento científico", afirma.

A participação da equipe gestora em todo o processo é primordial. Segundo Cristian Annunciato, coordenador da Abramundo, em São Paulo, é preciso que ela lidere a preparação da mostra. "A feira não deve ser uma iniciativa de um grupo de professores mais animados e a melhor forma de os gestores evidenciarem que esse é um projeto da escola é dando condições para sua realização. Ou seja, é necessário pensar no dia mais adequado, na participação que se espera da família e em como o ambiente vai ser preparado para ajudar a comunicar o trabalho", diz.

No Colégio Magnum, a experiência acumulada de anos de mostras permitiu que se chegasse a um modelo de sucesso, que inclui, entre outras coisas, que os alunos façam uma apresentação para a equipe gestora, visitem as exposições dos colegas um dia antes da abertura para as famílias e se dividam em diversos turnos. O resultado: não só os pais, mas toda a escola, acompanham o conhecimento científico que está sendo produzido. Confira um projeto institucional com os passos para realizar uma feira que faça a diferença no aprendizado.