Rádio na escola: no ar, os alunos!

Jovens radialistas Alunos da Mozart Pinto, em Fortaleza, gravam em homenagem aos 65 anos da escola

Todas as terças e quintas-feiras, os alunos da EMEIF Mozart Pinto, de Fortaleza, sobem correndo para as salas de aula depois da merenda. O motivo? Eles querem ouvir a programação da Rádio Mania, um projeto desenvolvido por 20 crianças do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental. A emissora - implantada na escola em 2010 com a chegada do Mais Educação, programa do Ministério da Educação (MEC), que apoia a implantação do ensino integral - cataliza a atenção das turmas.

Os temas tratados no ar são os mais variados. Vão desde o esclarecimento sobre o que é e para que serve o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) - produção vencedora do concurso da Secretaria Municipal de Finanças, na categoria Comunicação Popular, no ano passado - até uma homenagem ao centenário do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001), ao som das trilhas sonoras que marcaram as adaptações de suas obras para a televisão. A diretora da Mozart, Antonia Eliane Sampaio Lima, conta que os ganhos são muitos: "Usamos a rádio para divulgar e valorizar a produção dos estudantes, que, ao participarem de todas as etapas do processo - pesquisa, entrevista, elaboração dos textos, locução e apresentação -, desenvolvem a expressão oral e escrita".

Pautas em debate No estúdio da Augusto Ruschi, em Santa Maria (RS), os alunos discutem a programação da semana

Também pensando nesses benefícios, a EE Augusto Ruschi, em Santa Maria, a 290 quilômetros de Porto Alegre, passou a oferecer, em 2011, oficinas de rádio em parceria com a universidade federal local, a Coordenadoria Regional da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, a rádio comunitária Caraí e o Centro Marista de Inclusão Digital (Cmid), todos de Santa Maria. "Os estudantes começaram a se interessar mais pelas questões ligadas à escola. Geralmente, as pautas têm a ver com a nossa história, os nossos problemas e a realidade da comunidade", afirma o diretor, Danclar Jesus Rossato.

Atualmente participam da produção 30 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Eles elaboram uma escala semanal e se dividem em pequenos grupos, de até quatro pessoas. Cada turma produz um dos dois programas que vai ao ar diariamente nos intervalos da manhã e da tarde. A intenção é aumentar as transmissões no próximo ano, com o envolvimento das séries do noturno.

Gestão facilita a implantação e garante a continuidade

A voz dos pequenos Crianças da Jacarandá, em São Paulo, fazem um programa sobre Adoniran Barbosa

Para consolidar o projeto, o trabalho da equipe gestora deve começar com o levantamento da infraestrutura e dos equipamentos necessários e a previsão de gastos. "Por mais de um ano, nossa rádio funcionou ora no laboratório de informática, ora na sala do grêmio ou em classes desocupadas. Porém isso não era produtivo, pois atrapalhava as outras atividades que aconteciam simultaneamente nesses espaços", afirma Rossatto. "Construímos um estúdio economizando parte da verba vinda do governo estadual para a manutenção predial. Foram 1,2 mil reais para a adequação do espaço e 600 reais para comprar o mobiliário."

A participação dos gestores deve se dar também na definição da programação. Decidido a que público se destina, as opções são várias: notícias de interesse geral que tenham como base o noticiário local, assuntos relacionados à escola e aos conteúdos disciplinares, cobertura de eventos culturais e esportivos internos e da cidade e programas musicais. Tudo, claro, produzido pelos estudantes. Na Rádio Mania, as pautas cobrem temas do interesse da comunidade. "Em outubro, fizemos um especial sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e outro resgatando a história da nossa escola, que fez 65 anos", conta Marcos Aurélio Batista, coordenador da emissora.

Já na Escola Jacarandá, em São Paulo, o professor de Música, Roberto Schkolnick, optou pela música para envolver suas turmas da Educação Infantil. Com o projeto Songbook: Adoniran Barbosa - 100 Anos, ele foi um dos vencedores do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 de 2011. Na Rádio Jacarandá, as crianças de 4 e 5 anos fizeram programas sobre a vida e a obra do cantor e compositor paulistano, cantando e gravando suas músicas - tudo isso acompanhado da aprendizagem dos símbolos e da escrita musical. "O rádio é um veículo pluralista, que permite explorar e dar voz a qualquer público", observa ele.